domingo, 28 de dezembro de 2014

28 de dezembro

   E parece que encontrei um novo espaço onde escrever é tranquilo... quer dizer, nada disso é mais como uma prescrição pseudo-científica sobre a vida cotidiana. Apenas um diário de campo do "estar vivo", uma ferramenta possível para estar em meio à civilização. Nada de "melhor possível" em detrimento da plasticidade do vivo orgânico.

   O infra-ego funciona como pode; corpo sem órgãos algum... trata de organizar debaixo os órgãos necessários para que sobreviva o copo (essa tarefa é dada a todas as formas de vida).

   Tenho pensado sobre as estéticas da existência (uma organização pré-pensada pode impedí-las de realmente existir... que será essa obra de arte que conta com moléculas inesperadas...?). O "micro" da micro-política, devir minoritário que inocula seu funcionamento numa grande e poderosa bactéria. Tudo isso que funciona debaixo do seu nariz, se você é um "Eu" com nariz.

   E hoje eu pude dançar como um ser perdido em meio a todos eles e apenas ser;
   Hoje pude também chamar a atenção da velha Drugui para a mensagem que ela precisa  ler para que eu faça valer um aprendizado histórico sobre um não-apreendido de nosso antigo amor... ou melhor, para que eu possa compartilhar moléculas que creio que podem ajudar-nos a localizar melhor o que aconteceu numa grande história das contingências.

   Só isso. Abraços.

sábado, 27 de dezembro de 2014

   À estranheza de sempre, à estranheza de existir,
   Qual seja seu valor - tão mal a temos julgado,
   Quero dar voz agora, voz na ágora,
   Mas qual seja seu juízo - tão mal tem sido valorada,
   Devo dizer...

    À estranheza de existir, porém, é claro,
    Não restaria existir se ganhasse etiqueta,
    E bom valor, nesse mundo de valor-moeda,
    Estranheza, ora, não vende não.

    Dançar no deserto (com o Sol nascendo...?)
    Sem ter nossas intensões roubadas,
    Sim, isso envolve uma etiqueta que não nos cobre,
    Uma embalagem na qual não se cabe,
    Ou só o movimento rude e ineficiente à compra,
    Pode ser... só...
    O movimento de nossos quadris.

    De meus ossos pontiagudos são os furos no papel filme
    Que nos envolve para que sejamos vendidos a quilo
    Uns para os outros por aburguesamento ou
    Falta de identidade,
    Ou por que não pertencemos mais
    À classe proletária?

    Tudo o que funciona ao mesmo tempo impede você de pensar,
    Por isso mesmo esta estrofe é só um desabafo e risos
    (Rsrs)

    Dançar no deserto e acreditar nessa potência de existir
    E nas poucas boas ferramentas
    Ou nas ferramentas que são pincéis e tinta,
    Para "criar com".

    Nada de novo, enfim, além da coragem,
    Olhar com alguma crença para o corpo envergado do trabalho cotidiano,
    Olhar com alguma crítica para o corpo tampado para não funcionar,
    Exercer função - nos eixos deve estar,
    Dançando no deserto de novo,
    Ainda exerce, exerce claramente,

    E funcionamos desembalados justamente aí
    Não exercendo, sobramos,
    Comparados e descomprados,
    Excedentes, defeituosos: ocupar! resistir! nas prateleiras

    E brincar de amar por jamais deixá-las
    Mas explodir, pois somos incendiários,
    Caseiros e perigosos, enfim.

    Abraços!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH
não tenho mais ciência para vida diária além de viveeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeer





























aaaaaaaaaah não tenho mais

não tenho maiiis

domingo, 14 de dezembro de 2014

Pela suspensão da paranoia primeva

Nos mandam aproveitar o clima de Eureka e escrever mais.

Respondemos: mais fundo no poço da descoberta.
Mais fundo no posso da descoberta.

Posso. Posso. Posso.

Id, Eu, Supereu, são máscaras científicas que psicologizam o conflito político.
São formas psicológicas de enunciar que o problema humano é um problema político que envolve necessariamente um desejo que pode fugir à racionalidade. No século XX, diga "ISSO".
Diga: há um conflito psíquico, diga em meados desse século XX.
"ISSO funciona em toda parte", diga novamente, mais adiante nesse século de araque. Diga para que seja possível enunciar que ISSO é político ainda que não seja racional. Que há loucos na pólis, ou seja, que o fato de que algo escape ao Mesmo da nossa função linguística (a identidade) não o faz deixar, por causa disso, de ser político. É político, é político, diga já no fim do século XX.

Estamos aqui no começo do século seguinte e podemos então dizer, com alguma força de vontade: ISSO, EU e SUPEREU são máscaras psicologizantes do conflito político.

EU sou o mediador de meus desejos que são proscritos.
SUPEREU há uma lei que faz com que os desejos tenham de ser agenciados com alguns cuidados. Não posso fazer tudo o que desejo. Melhor ainda se eu puder dizer: não posso desejar qualquer coisa (produzir qualquer coisa, enfim, não posso fazer qualquer coisa). Melhor ainda se o que eu fizer puder me dar alguma sensação de estar fazendo tudo o que eu queria fazer.

Melhor, muito melhor.

E então mantém-se a máquina paranóica sob a máscara neurótica: é o paranóico que goza se chupar o dedo for ter o seio da mãe novamente. Tenha o melhor ato falho: tenha o seio da mão.
O sintoma vem de um problema que não tem como resolver? Uma política a nível do consenso impossível? A Lei universal do desejo fixado. Única saída: fingir que satisfaz (ao invés de desfixar e produzir outra coisa). É que ninguém pode justificar a castração para o ISSO.

Para onde ir? Deleuze e Guattari não solucionaram isso. Não houve fórmula para um desejo não captado. Apenas fórmula racional para fazer como se o desejo fosse ainda produtivo (é uma crítica bem dura). Reich tinha a fórmula para que a neurose se transformasse numa busca pelo nirvana. Conseguir foi o mais difícil. Nós (nós) enlouqueceríamos antes.

Mas encontramos que o melhor caminho é desnaturalizar a paranoia. Repensar a validade da totalização que coloca a paranoia no início de tudo: o desejo é, a princípio, totalitário? De fato, lhe respondemos de forma totalitária (lapsei total-otária) no bico que cala. No tapa que ensina. Tudo isso faz-se como se fosse oposição dialética: cortar um falo todo-poderoso, a despeito de que tudo isso já tenha girado muito: o totalitarismo foi passado à mãe (que precisa ser castrada) e, todavia, a castração da criança sucederá esse processo: castrar-se-á a criança da mãe aos dois anos e a mãe da criança aos seis. Tudo como se o desejo da mãe fosse totalitário e o desejo da criança funcionasse por espelho.

Grande e evidente pergunta: E SE NÃO FOSSE?

Essa não é, obviamente, uma pergunta para a psicanálise, mas sim para uma etnografia das comunidades libertárias.

Para nós, basta crer que a suspensão gradativa do totalitarismo pode ser a esperança para o fim da castração sistemática.

Observação

Preciso ainda adicionar uma observação sobre o sintoma da máquina simbólica satânica: que ela opera por ataque a espantalhos simbólicos, ou seja, que ela torna a angústia controlável pelo ataque a símbolos do conflito. A saber, o símbolo que dá nome a essa máquina (Satanás) tem funcionado como expiação de angústia através do ataque a um inimigo que já morreu há muito tempo (Deus). Atacar Deus tem sido expiação para problemas mais atuais, que são políticos, não Simbólicos e nem Reais no sentido lacaniano. Assim mesmo, tenho percebido que, apesar de Freud não ter podido enunciá-lo, são nada mais do que imagens para forças políticas o Isso, o Eu e o Supereu.

Rebele-se contra a opressão num único gesto obsceno diante da cruz.

Análise


É preciso desenvolver tudo no território da racionalidade que venho criando.  É preciso explanar, demonstrar por que relações um certo sentido é admissível. Depois transformamos isso numa máquina de guerra através da arte. Mas primeiro isso: um diário onde tudo é racionalizado ao extremo e temos algumas contingências mais ou menos em conta, em medida. E aí vai:
è Do funcionamento do símbolo de repulsão, é preciso estabelecer algumas de suas características. Estamos totalmente afetadxs por isso e seria mais fácil gozar pela arte antes de escrever. Ou analisar essa “sublimação” e não uma deriva racionalizada do sentimento... mesmo assim, prosseguimos: queremos analisar material vivo e pulsante.
a) Que seu funcionamento é mais político do que “sublimante”. Ou (para ser sincero, devo admitir) é sublimante, mas sem se tornar inofensivo por isso – ou perder completamente seu valor político. Lembre-se que há uma raiva funcionando como “não preciso mais de você”. O sentimento de abandono pode ser substituído por uma individualidade plenamente autoafirmada: eu, eu mesmo, eu fechado, eu que sou e não preciso de nada disso, eu que me enfureço e posso repelir tudo o que você oferece (protótipos: leite, amor, cultura, amor, controle, amor...). Há uma projeção da dor no Outro e, por isso, uma integração e ainda um fechamento do Eu.
b) Que Que a ofensa vem negar a antiga relação de necessidade. Ou seja, há uma outra projeção do prazer no Eu. Esse novo aspecto, que eu poderia chamar de narcísico, repete-se na história: Em Rûs-Têm ele é a morte de Ela. Em Romeu, é Tyler Durden. Em Lilá, é a beleza da mulher. No Lobo, a raiva absurda, a violação total do desejo do Outro é introjetada novamente, e preciso pensar alguns movimentos:
I: a identificação Lilá envolve também uma introjeção depressiva do Outro odiado. Isso permitiu odiar menos o fora, borrar as fronteiras, trazer a multiplicidade pro jogo – desdefinir: quem sou, quem somos? – e então o Lobo:
II: O Lobo surge como nova ruptura paranoica. A marca de seus caninos, a marca de sua pata, tudo isso aparece como uma divisão polar entre masculino-feminino, eu-outro, e nossa afeição ao Eu e nosso ódio ao Outro manifesta-se sempre pelo ódio do Lobo a uma Lilá acorrentadora. E aí a denúncia feita pelo Lobo: a atitude que introjetou o Outro prendeu um Eu mais antigo e odioso.
                Aí fico pensando em qual posição defenderei, aquela que aparentemente acorrenta uma figura odiosa e falsamente autossuficiente ou aquela que integra, a duras penas, uma uta de classes que não podemos negar nem mesmo a nível do Infraego. E a resposta é precisa ser “depressiva”, mas precisamente desse jeito:
è Numa afirmação de que o Lobo – ou Rûs-Têm – só pode defender a si mesmo, mas ignora multiplicidade e causa muito sofrimento a seu redor. Ele serve, precisamente, para defender-nos da depressão quando ela é muito esmagadora, quando abaixar a cabeça representar a morte toda, e o tivermos que evitar.
è Numa afirmação de que, salvo nos danos mais ou menos propositais de sua ignorância,  a posição “depressiva” (integradora) está em defesa do todo. Ela defende posições políticas que pode considerar, as multiplicidades todas, justamente porque sua missão política envolve a integração, envolve compreender outros todos, trabalhar não apenas por si (por Lobo, Lilá ou o inferno, mas por todxs que puder – abrir espaços onde não haveria).


Tudo isso é sua missão.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Boca, Bode e Rizoma

   Pela pirueta mortal da teorização racional mais ou menos apoiada pelas evidências, chegamos novamente a Wilhelm Reich. Quer dizer, identificamos três estratos. Mas poderíamos ver quatro, cinco, ou mil. Mas o que vale publicar é o resultado da psicanálise:

    Uma boca, que é a boca do plenamente recalcado e esquecido - nossa amnésia infantil quase completa. Ou seja, não podemos dizer quase nada a respeito.
    Depois um registro em forma de pentagrama satânico. Uma reação odiosa à afetividade que é negada (e então se supõe que tenha sido negada. É mera suposição, a menos que fosse possível suspender retroativamente o recalque.
    Por último, um rizoma, ou seja, a possibilidade de reativar a política da coisa: mil forças são mil vias e a produção é retomada de forma criativa (mas não pelo aparecimento de um sujeito furado, e sim pela mudança nas relações de poder - há espaço para sujeito no sócius -, ainda que seja preciso admitir, com Vigotsky, Freud e Lacan, a importância de um espaço para o sócius no sujeito).

   Mas eu também quero pirar um pouco aqui. Contar pra vocês: há um certo orgulho de existir agressivo, que temos resgatado. Isso não é exatamente bonito... precisamos criticar e destruir, talvez, reconstruir e começar de novo. Mas suspendemos todos os falsos movimentos que, disfarçados de revolução, estavam a reforçar estruturas superegoicas. A saber: a desconexão não me fez avançar muito... foi importante, se pá, mas não nos ajudou tanto a ter potência.

    E aí pudemos mostrar nossa tomada.
    - Ei,você, veja como quero que meu desejo encaixe no seu! - pode ser o primeiro passo para passarmos  a desejar juntxs. Mas (e me enganei muito pensando o contrário!) é preciso que os desejos separados se toquem para que possam se juntar. Nenhuma operação ascética vai fazer esse trabalho. Nenhuma-nenhuma. Agora, isso não quer dizer que você precisa ser escrotx. É só a necessidade pragmática de fazer ver a forma dada ao seu desejo ali.
    Aí há uma função da fantasia: que o desejo possa ganhar forma no modo-indivíduo para ser comunicado e compartilhado. Quanto mais você puder produzir em conjunto, menos vai precisar de fantasia, já que as coisas vão acontecer como todxs querem. A outra coisa é que pode rolar uma fantasia coletiva, mas aí temos umas utopia e uma ideologia. E isso é OK, também - mas veja que, provavelmente, os problemas que ocorriam na escalação indivíduo x grupo podem se repetir na nova divisão grupo x grupo ou grupo x natureza. Ecosoficamente, cabe tentar desejar com o planeta todo, ou com o mundo todo. E isso é, sem dúvida, um desafio à sensibilidade.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Romeu Personagem

   Se os seus fantasmas tiverem dado uma passeada por aí e encontrado você na rua, talvez seja interessante atear fogo em sua casa e ir embora. Não há exorcista suficiente para alguns demônios, diz-nos o estado da arte sobre demônios.

   Entretanto, mesmo isso é pura árvore: não nos importamos com o retorno, porque não nos interessa o recalque. Não é num caixão que Romeu serve aos nossos propósitos, mas sim num museu ou dissecado em um laboratório. Por metafórico que seja, Romeu enterrado fortalece apenas árvores, arborescências e raízes encrustadas na terra e referidas sempre a um mesmo caule e dirigidas ao Sol.
  E quanta coisa faz o desejo além de querer Sol!

   Servimos Romeu na mesa, como ele mesmo pode prever antes da morte:

   Rasgando a realeza, a real lesa, ar e a lesa,
                   Mastigo sua pele,
                   Meu mal
                                   tenho
                                              à mesa!


   E devoramos. E é num estômago genital, no sentido reichiano, que ele será digerido. Será criação coletiva, não será dado como presente a ninguém, nem retido como um tesouro. Será produção socialista.
   Mas Romeu não psicografa porque não é ego algum, Romeu é teatro, puro teatro de um falso futuro-meta, de péssimo gosto. Cafoníssimo, como diria algum de nossos colegas. O Romeu produzido, repetimos, não era ego, não era personalidade, não era nada além de teatro: superego, no máximo dos máximos, expressão da meta ideal e brincadeira imaginária de eu idealizado.

    Nunca existiu, exceto antes de ser escrito, quando fomos realmente reichianos.
    Nunca tocou, exceto no que imaginamos sobre o toque que existiu, que foi toque nosso, de todos nós e de todas as contingências que não mais reconhecemos,

                                    fios perdidos,
                                                           deste nó.

                                                                                                            Arbaçus, leitores imaginários. <3

domingo, 12 de outubro de 2014

Explicação sobre o Encaminhamento de Investir a Máquina Conectiva

   Autoanálise em modo indivíduo (ativar! *tapa no morfador*)

   Dos mil pontos de vista pelos quais você passou, camadas de olhares:
   Um te vê como um animal de nicho barrado, transtornado, criado no cativeiro e mau caçador. Os outros olhares, ele os vê como magia, crendice antiga posta a funcionar e inventar mitos para fenômenos impressionantes.
    Aí você pode se tornar mais eficaz e fluente em colocar algumas máquinas hegemônicas pra funcionar de um outro jeito. Poderia ser um dispositivo personaGidade pra lidar com isso tudo. O jeito hegemônico de fazer é tratar a si mesmo como objeto a ser iluminado. O jeito "diferença-com-meta" é desconstruir e pensar as peças de subjetividade que você vai colocando com base em alguns referenciais. Mas o essencial: você vai trabalhar sobre sua máquina hegemônica de conexão para aprimorá-la, em algum sentido mais ou menos dado, no caminho ou antes de sair de casa.

   Estou sem meus óculos! Rs

    Outro olhar (ou são olhares, aqui?) te vê como um excesso de mamãe-papai. E você funciona sempre no mesmo teatro ancião cujo autor chamei de Rûs-Têm. Ele e sua "Ela", sempre em uma fantasia neurótica repetitiva, absoluta e amargamente capturante.
    Isso funcionaria com desinvestimento no Eu ideal, superinvestimento do Ideal do Eu, com ênfase em perdas fatais do objeto, perder pedaços de si no objeto perdido por autodepreciação culpada e supervalorizar o objeto como única saída para o corpo dominado.
    Ele vê os outros olhos como ouvidos tapados para o sujeito-estrutura indefeso, ou como dispositivos elevados à forma reprodução-absoluta com função definida pelos jalecos.
    Você pode então investir outros objetos, sempre outros, até que algum permita uma reconstituição de seu corpo imaginário por autoapreciação exitosa -- mas um investimento feito sem cuidado pode te marcar com o cheiro da "Ela" de Rûs-Têm, por exemplo. Você pode, por outra via, desfazer-se de "êxito" e "culpa", criar uma máquina conectiva que invista o performativo ao invés do ideal e ver o que acontece.
    Sem máquina conectiva, de qualquer forma, o vivo torna-se morto.

    Partindo das últimas coisas que aconteceram, o primeiro passo é reavaliar de forma que possamos parar de ruminar, ou desconstruir de forma que possamos parar de culpar.

    Que o tato e o olfato tenham sido máquinas de reprodução, foi isso. Foi maravilhoso porque é como um "finalmente", "então era isso!". Tudo bem que seja assim... mas a faca cortou pelo outro lado e sabemos aí também por quê. Não era o fim, não era "isso" (e nem queremos que seja, ora!), só um novo engodo pelo imaginário reprodutor-neurótico, ou pela percepção disfuncional deprimida.

    Avante.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

   Falar de amor, como falar, depois de tudo?
   Passamos tanto tempo aqui calados,
   Tanto tempo no túmulo em ti e em silêncio...

   Falar dos teus restos nos entremeios de nossos poros,
   Tua sensação, no que sobra em nossos sentidos,
   Entre a alma, lá é que estás,
   Entre a alma e a pele.

   Aí é que o toque qualquer, qualquer toque,
   O toque de hoje,
   É o teu toque. Na cela de nossas celas, lá estás,
   No vazio do nosso tato.

   Pingas por dentro que sou houvesses apenas,
   Houvesse apenas tu.
   Ali está tu. E te cobrimos de pele e de sangue corrente.
   Ali estás, infinitesimal migalha,,
   Pedaço de fogo.

    Queima minhas entranhas e polui os meus encontros,
    Vibra no meu centro como se tudo girasse no entorno,
   Sol do meu corpo, queimando a ordenar meus planetas,
   Estrela guia do horizonte diante dos meu olhos.

    Esmaga meu coração, doçura encantada do meu amor,
    Atrai meu todo ao redor, que assim podes,
   Faz-me o pouco ao redor, como sempre,
   Mas brilha pra mim, pra que em mim haja vida.
   Linda estrela, estrela escolhida!

   Romeu (psicografado)

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Pela Tangente

   Alto teor de café pode contribuir para que seus estados mentais evoluam de forma não adaptativa. Isso quer dizer que, se você estiver muito cafeinado e for muito neurótico, isso pode contribuir para que você se sinta mal ou faça coisas que te deixem mal, ou entre em situações que, no fim das contas, te deixarão triste.

   Triste, a saber, é como ficamos ao descobrir que nossos olhos mentem. Especialmente se quem nos diz parece ser muito sensível, ou se quem nos diz nos dá um grandessíssimo abraço depois disso: falou aquilo com sinceridade.
   As janelas da alma. Existirá tal coisa, a alma?

   Psicanálise + psicanálise + psico-naturalismo pode deixar você um pouco confusa. Abraços, enquanto rituais sociais, não servem para melhorar, nesse sentido. Você pode estar ao redor dos magos da mente, eles não vão ver como você está sofrendo. Aliás, é provável que alguém relativamente mais despida dessa maldita fantasia de "processos mentais" ou "maquinações psi" te encontre, segurando-se pra não chorar, num maldito canto, ao redor dos humanos, absolutamente perdido em sua própria culpa por existir. Ela vai olhar pra você e é como se a coisa por dentro não se sustentasse mais.

   Aí você chora.

   Pode ser impossível não abraçar, nesse momento: aí sim, aí o abraço serve para melhorar. Não tem nenhuma prescrição social hegemônica a respeito de resgatar pessoas absolutamente neurotizadas de seu poço escuro. Não tem prescrição psicológica para inclinar-se sobre os amigos e abraçá-los, ou olhar nos seus olhos como ela olhou a gente. Só humanes fazem isso, humanes do melhor tipo. Qualquer coisa de indescritível acontece e você está sem possibilidade de escolher palavras. Você está sendo compreendido, não há o que fazer. E você continua contendo o choro, porque a neurose funciona assim... você continua querendo ser amado e você imagina - fantasia, é esse o seu fantasma, ou será que você se lembra...? - que há tipos de pessoas que recebem menos amor, ou que não conseguem sentir-se acolhidos se não for no olhar da compreensão que nos suga pra dentro do abraço... se não for no olhar que faz sentir dentro fora e fora dentro, o olhar transversalizante da existência - e nosso olhar (mentiroso e) transitivo se perde dentro daquilo.

   Somos o Outro.

   Você conta como foi que alguém desarmou completamente aquilo que "funciona a pesar de (...)" na neurose. E você pede desculpas por ter sido abatido (... por palavras tão simples e amáveis?). E ela vai dizer pra você não se desculpar. "Nunca é bobagem quando a gente sente", vai dizer. E você vai dizer "mas mas mas" e ela vai repetir com força: "Não, NUNCA (...)". Então você só abraça e se deixa esquecer um pouco de se culpar. É também um mecanismo da neurose, o perdão - a exceção que confirma a regra (ou a Lei, se preferirem). Parece não ouvir saúde-saída.

   Você pode estar melhor, alguns dias depois.
   Aí você pode ser confundido com alguém interessante, ou mesmo ser alguém interessante, ou parecer mesmo, ou estar existindo de uma forma que seja hegemonicamente investida. Mas você não sabe como lidar com isso. E tudo parece incerto quanto ao futuro - porque não é futuro, é PORVIR, porque as novas prescrições teórico-práticas e políticas são o que nos impede de escrever boa poesia.

   As velhas poesias eram infestadas de dor.
   E nós escapamos pela tangente da dor com "porvir", "corpo sem órgãos", "transversalidade" e "máquinas" de todos os tipos.

domingo, 31 de agosto de 2014

Registro de um Sonho Velho de Romeu-Fantasma - Morto. Morto.

Lá estava.

Lá estávamos.

Clima de Sonho.

Romeu sonhou n'agente.

Sonho de fantasma:

Sonhamos que dava certo.

Duvidamos que era sonho.

Duvidamos.

Sonho de fantasma.

O Velho Sonho de Romeu-fantasma.

Morto.
Morto.

Sonhamos a Koshka conosco.

Sonho Velho de Romeu-fantasma.

Morto.
Morto.

O horizonte é do vivo.
Um novo nome, uma nova máscara e pode ser que...

Qualquer coisa.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Abraço e tantas outras coisas.

    Este texto é pra ser abraçado.

    Às pessoas que tem nos abraçado, gostaríamos de agradecer, tem sido bom. Temos até uma poesia, mas isso é pra ser um modo de enxergarem nossa beleza¹, então pretendemos aprender a declamá-la belamente.
    Ir a uma festa não é mais estranho... porque aceitamos que elas não são o oposto da solidão. Uma festa não é, definitivamente, um local de encontro, se você não se permitir dançar com o vento e com as estrelas, com a noite e com os insetos².
    E então, mesmo dançando com estrelas e ventos, com o mato, com a terra, mesmo assim, você pode se apaixonar por esses humanos ao redor, esses que dançam entre si.
    E abraçá-los, você também pode.
    E pode achar estranho... "nossa, como eu não soube abraçar este humano" - nessa hora, você vai abraçá-lo novamente e então aprender a abraçá-lo, e vai se sentir bem por isso.
    E você pode até dizer "agora eu sei te abraçar". O humano pode achar isso interessante, especialmente se ele tiver um pouco e vento e insetos dentro de si³.

    Então queremos um novo abraço.

    O exercício de entregar-se completamente a si mesmo, experimentar o próprio corpo, sentir. Também sentir o vento ao redor. Sentir o ar, o cheiro, o calor ou o frio (ou outra coisa), sentir o tato, sentir os sentidos que os insetos sentem, uma vibração em nossas anteninhas ou qualquer coisa assim...
    Podemos sentir outras coisas, antes, depois, durante, ou n'outro momento... sempre paramos e sentimos, antes de comer a comida. É como uma oração para o mundo. Uma oração antes da refeição em homenagem "ao processo". Tudo isso que vem acontecendo.

    Uma entrega... esse é o abraço... mas não é uma transferência de mais-valia, não é posse privada, capital filiado mudando de papai, não é isso. É disposição de um vivo, esse vivo que somos e que mora em nós e no qual moramos, esse vivo que pulsa, que repuxa, encolhe e solta (e tantas outras coisas!), isso que devimos: disposição para experimentar o processo, o mundo, outros vivos, outras terras, fogos, estrelas, águas, mares, chuvas, árvores, outros humanos, outras humanidades, bichos de todas as cores, formas, de todas as forças, as montanhas-de-tudo que por tudo estão espalhadas.

   Esse é o abraço, e depois não é, e depois é e não é, e depois outra coisa que não é nem ser, nem não ser, nem entre. 
   E tantas outras coisas.


NOTAS (não leia se você ama):

1: instrumento de mais-valia de código, já que é assim que experimentam o amor. Isso funciona assim porque as pessoas (incluindo, provisoriamente - como numa análise de conjuntura - nós) buscam encontros com equivalentes gerais e não com novos absolutos. Nesse sentido é que, como disse a Água, ficam julgando nossos olhares (olhar tem um "ato imanente" de escolha num supermercado de pessoas equivalentes a Mamãe ou Papai).
2: ao invés de dançar com os caretas ou com os diferentes, os dois pólos da existência no mercado afetivo de equivalência.  Se você dançar com os caretas, estará num jogo muito velho, tão velho que você pode enguiçar, enferrujar. Mas se você dançar com os diferentes, então você vai ter que ser como eles. Há um equivalente geral que compara os diferentes para escolher o melhor em termos de diferença. Esse é o paradoxo dos "diferentes".
3: Quanto mais "devir" houver na categoria do equivalente geral, menos as coisas vão ser difíceis nesse ponto. Os humanos com mais devir nessa categoria podem aceitar mais devir no mundo.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Série de prescrições

   A abolição do objeto de desejo surgiu com uma mudança de paradigma e de atitude diante dos estímulos aversivos condicionados. Talvez eles tenham descondicionado. Então estamos lidando com estímulos que podem exceder a lógica de reforçamento-punição. Mas tanto faz, sobre isso (ou seja, eles certamente excedem!).
   
    Sentir um si-mesmo, sentir o outro
    Não necessariamente nessa ordem.
    Sentir o corpo. O corpo é malditamente importante. E íamos esquecendo.
    Abolir a moral subjacente (?) à militância desesperada. Sem corpo não há militância.
   
    Abolir a dor necessária. Principalmente isso: desnaturalizar a dor. Falhar com o outro, decepcionar o outro e se desculpar, pedir desculpas ao outro e saber que o perdão dele não é perfeito.
    Negar o outro tirano.

     Negar o eu tirano.

    Qualquer coisa como uma série de prescrições pode ser mais válida do que uma doutrina de dor e sofrimento. Qualquer coisa como um "afazer" sem funcionamento prazeroso pode ser menos bom do que o socialismo soviético stalinista.

    Ninguém precisa funcionar como um relógio.
    Repetimos: não há militância sem corpo.
    Não há potência senão a do corpo potente.
    Não há corpo-potente sem prazer real-sensível.

    Não outro real senão aquele da máscara mínima do sensível médio, no centro da distribuição, na curva normal.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Abolição do Objeto de Desejo

   É interessante abolir a noção de "objeto de desejo", como sendo alguém que investimos de desejo. A noção mais difundida de objeto é a de objeto-imóvel-para-apreender, ou objeto-passivo-para-amar. Tanto que, quando falamos em objetização da mulher, em geral estamos falando de tomá-la como objeto-inerte-para-consumo, ou seja, quando se aceita uma quantia dinheiro (ou outra coisa) como equivalente-geral para a imagem - ou mesmo para o próprio corpo feminino, numa relação na qual a própria pessoa (a mulher ) não é sujeito - não participa (por exclusão) do processo de negociação, ou de produção de transferência, ou de codificação.

   Então criamos uma nova forma de dizer que supõe uma prática de liberdade no outro investido, e que portanto supõe uma relação de poder (no sentido foucaultiano: não como uma relação de dominação, mas como um jogo de interesses em que todxs participam). Chamemos o que desejamos de "sujeito de desejo". Esse termo também é interessante porque carrega a suposição de um desejo no outro, ou seja, a relação envolve um outro desejante que pode aceitar, não aceitar, coproduzir, modificar ou mesmo desconstruir nosso investimento, além de produzir os seus próprios investimentos.

   Mas mesmo os objetos de desejo (coisas desejadas que não desejam - no sentido psicológico de desejo - ou seja, objetos sem psique, "inanimados") são construídos costumeiramente como mais estáveis do que nós (que criticamos os essencialismos) supomos que realmente sejam. Então mesmo o que chamaríamos "legítimo objeto de desejo" é usualmente tornado menos "ativo" e dinâmico (movimentado!) do que é na (nossa visão) da realidade. Por exemplo, no sentido físico, podemos dizer que não enxergamos (com nossos olhos) os movimentos mais sutis do objeto (as vibrações das partículas, por exemplo).

   Mas temos que parar e refletir, porque esse desejo "psicológico" não é o que tomamos para falar de política molecular, ou micropolítica.

    Não queremos que nosso movimento seja uma simples sobrecodificação do corte com a natureza. Não é pra ser isso. Ou seja, queremos é reconhecer o que se entende com os termos e usar nossa criatividade para inaugurar sentidos que possibilitem evitar a reprodução de termos "conservadores".
   Então: não é que hajam coisas investidas de desejo e coisas não investidas, ou coisas que investem e que não investem de desejo... é só que isso se maquina diferente: os objetos só podem investir de desejo porque os sujeitos agenciam os objetos. O "vice-versa" só se funda a partir do desejo do "vivo", ou seja, não há política sem vida, não há desejo sem sujeito, e o objeto é o "inanimado" que, sem 'psique', pode investir apenas porque o sócius é agenciado por máquinas-desejantes... Essa disjunção (homem-natureza) só precisa ser feita porque ela já é feita e porque a noção instituída de objeto resiste à desapropriação. Na (nossa atual) verdade, como já dissemos, todo objeto é sujeito. Mas é uma maquinação específica das coisas que chamamos de desejo, e essa maquinação requer máquinas-desejantes. AÍ é que surge o corte, aí é que o homem se coloca como quase-causa da natureza: quando ela surge, tudo sempre foi e sempre será político.

    No fim das contas, é falar "sujeito de desejo" por aí, mesmo para os "objetos", porque estão sujeitos a e são sujeitos de desejo.

    Abraços.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Uma crosta sobre o magma

   Faremos uma disjunção.
   Um novo viés organizativo e comunicante, oposto ao antigo (que não facilita nenhuma comunicação).

   A estrutura é ferramenta, as partes são partes construídas. A política é a fluidez sob toda possível estrutura. Nosso óculos para dinâmica do real ainda é o da diferença. Mas nos apropriamos das estruturas como ferramentas, essa é a história.

    Então o diário será mantido e será como essa fluidez subcutânea da estrutura. Esta página é a nota sobre o que faremos (nota desse diário - a saber, o diário são essas publicações, organizadas por data). A estrutura vai surgir. Abordará temas, vocês verão, será colocada de forma a criar uma certa forma de ver, uma certa forma de lidar. Tudo ferramenta. Tudo 'coisas que usamos para...': práticas, se vocês acharem que esse nome é melhor. Pra nós não importa tanto. Temos supervalorizado os nomes!

    A fluidez subcutânea usará todo código e todo fluxo, fará como desejar e sempre na tentativa de investir através do desejo rebelde... isso acontecerá ou não acontecerá: a grande coisa, na verdade, é que o diário continua absurdamente livre.
    A estrutura sobre a fluidez fará com que essa micropolítica possa lidar com um real que foi endurecido. Então servirá para combater burocracias e organizar o que o desejo decodificado não pode resolver por si só, justamente porque está capitalizado.

   Mudaremos o nome disto, embora não saibamos qual será.

   Acho que é isso.
   Mil abraços, gente que eu queria ter mais perto;

segunda-feira, 21 de julho de 2014

   As práticas do 'até agora' não deram conta de uma parte muito importante daquilo que nos preocupa.

   Choro,
   Que a lágrima caia,
   É preciso sentir dentro, sentir fora. Sentir o que houver.
   Relaxar, ou, embora o 'evite se puder'
   fechar feito pedra
   Dura.

    O canino cresceu e cresceu e devorou o próprio Lobo,
    Triste fim!
    Dos seus pelos fazemos o manto que aquece corações,
    Que aquece os corações no inverno.

   Ou seja, queremos toda a potência sensível de volta de onde a enterramos (leia-se produção capitalística de mais-valia de código). E estamos cansadxs disso. O corpo sem órgãos mostrou sua potência. E cavalgar sobre rodas, percorrer a superfície munidxs dos fluxos e dos códigos (isso também despertou alguma coisa por dentro).

Obs.: Esqueça que dissemos 'despertou'. Pense em um devir muito orgânico sobre o qual foi colocada uma máquina muito pesada e mais burocrática. Pense no alívio pela suspensão desse peso. Pense no frenético desespero do pequeno animal sob a roda do caminhão quando você toca carne exposta.

domingo, 13 de julho de 2014

Recorte qualquer de intensidade sem segredo.

   Estivemos pensando em desativar este blog. De qualquer forma, é apenas como se fosse nosso diário. Um diário que tornamos público, que endereçamos ao "cybermundo-imundo" (como chamado por Romeu). E nada mais funciona como funcionava, mas continuamos aqui.

   Nem mais queremos dizer se somos pata de lobo ou mão de humano ou coração partido e morto. Tudo funciona aqui e ao mesmo tempo... brincar de identidade teve sua graça e a nova brincadeira é a da não-identidade. E isso não é segredo nenhum: é abolir nossa vontade de identificar para permitir que coisas inesperadas e não prescritas apareçam nesses "nós". São suposições simples:

    a) que os nomes podem carregar alguma coisa que não queremos (como uma prescrição: o que esperamos que Romeu faça? o que esperamos que Romeu evite fazer? Poderia ser... comportar-se como Jesus, por exemplo, e ignorar sempre o seu sexo).
    b) que essa coisa do "item a" pode acontecer mais ou menos "conscientemente" - no sentido de apropriação, e nunca como se isso supusesse complexos ou divisórias na sua "psique" (nem mesmo supõe uma psique).
   c) que a identificação acontece nas práticas - são práticas de identificação - e portanto que romper com a identificação implica em construir outras práticas que não sejam essas de identificar.
   d) que uma possível prática que abole nossa "individuação fechada" (que é uma identificação num nome de indivíduo - um nome próprio como "Lilá") é escrever "nós" independentemente de quem estiver escrevendo... e apenas dizer como as coisas tem funcionado ou estão funcionando, dizer alguma coisa dos corpos ao redor ou da organização das coisas, enfim, das intensidades codificadas, quando isso for interessante.
    e) Não é como uma prescrição: "não identifique nada, não codifique nada!" <- Isso seria uma merda - assim precisamente identificada. Rsrsrs
    f) A questão é usar as coisas ao nosso favor e nos permitir abolir umas coisas simples já que são tão simples. Perdemos tempo com isso porque fazemos uma crítica muito abrangente de tudo isso que se chama por aí de "cultura". É por isso. Enfim. Então está feito.

    Abraçocas!

    (um registro - estamos felizes \o//)

terça-feira, 8 de julho de 2014

Cemitério

    Estamos aqui para restabelecer comunicação.
    Primeiro, no sentido em que a esquizo-análise não comunica. Não está comunicando conosco e é como se tivéssemos que traduzi-la, ou, na verdade, porque falhamos em entender para que ela serve. Chega disso e estamos realmente furiosxs.

    Queremos que morra todo filósofo que sente a própria potência num saber incompreensível.
    Queremos que morra esse marxismo do desejo que o afasta da multidão. É de nosso ódio que estamos falando, você entende?

     Estamos nos tornando absolutamente incompreensíveis graças a uma forma de saber que não sabe absolutamente nada e que não funciona para o que queremos. Olhando por aí enxergamos: não há nada. Esse saber permanece produzindo segredos: Deleuze e Guattari, à noite, masturbando suas mentes, suas malditas máquinas desejantes, produzindo interpretações que odiamos profundamente nesse momento - ainda que sejam interpretações de funcionamentos.

    Como funciona?
   
    "Funciona com pele-mão-olho". FODA-SE.
    Faça sua revolução com base em pele-mão-olho se você quiser. Goze de como você é incompreensível pra toda essa gente que você quer colocar em processo, incluir no seu processo ou em cujo processo você quer estar também.

    Crie o seu próprio código-secreto, como fizeram Romeu, Freud, como estivemos fazendo.

     De agora em diante, CUSPIREMOS em cima disso.

    Morrem Lilá e o Lobo, identidades vazias, filhas de uma bipolaridade que não admitimos mais.
    E suas moléculas, no sentido compreensível de moléculas, alimentarão a nossa terra.
    
    Abraço.

domingo, 29 de junho de 2014

Ciência

    A função da ciência tem sido, até aqui, supor sujeitos. Suponha o papel do átomo na molécula, o papel da molécula na célula. Suponha a função no sentido de contribuição. No sentido de funcionamento. Nessa maré de variáveis-sujeito, o que faz o sujeito átomo H+?

    E então tudo depende da máquina-fluxo e da máquina corte. Pode ser máquina-fluxo "química" e corte "substância". Subjetivamos um cátion hidrogênio, é isso? A função é... a acidez. E se fosse o corte "corpo" e o fluxo da medicina? Subjetivamos a acidez... pode ser que a função seja a úlcera.

    Temos:


    Nesse sentido a função da ciência é dividir tudo o máximo possível e não deixar nada ser objeto. Já a da religião é produzir objetos anuladores de códigos específicos em benefício de outros e com sujeitos gigantes que dão conta do que foi objetificado (agem sobre os objetos produzidos... há um deus-sujeito que age sobre homens-objetos, por exemplo).


Salve Xangô, meu Rei Senhor,
Salve meu Orixá!
Tem sete cores sua cor,
sete dias para a gente amar.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Gregariedade

    O saber 3 é: a célula mínima para a revolução subjetiva provavelmente tem, no mínimo, o equivalente a dois indivíduos. Equivalente quer dizer... se você puder dissociar sua personalidade, "você" pode fazer tudo "sozinho" com seu amigo imaginário. Obras consultadas: Fight Club. A experiência que tivemos até agora nos leva a crer que com dois indivíduos, sendo um deles um pouco menos neurótico (mais protestante, mais... esquizotípico...) do que o outro , podemos fazer um bom estrago.

    Se funcionar como um casal neurótico comum, provavelmente não poderá ser revolucionário.

    Se funcionar como um casal semi-esquizofrênico, é só dar continuidade (o trabalho já começou! rsrs), mas sempre corre-se o risco de neurotizar e cair num joguinho de gato e rato estilo casamento cristão.

    Se for um trio, pode ser que as coisas funcionem muito bem. O Romeu surgiu de um trio e então podemos falar numa suposição básica de acasalamento. Mas as coisas deram realmente muito certo. É com essa prova empírica máxima que estamos trabalhando: "Rûs-Têm torna-se Romeu através de uma célula subjetivo-terrorista formada por três indivíduos".

    O número ótimo para a célula talvez seja quatro. Se você puder ter quatro, cinco ou mais, faça. Quanto mais melhor, achamos, desde que vocês possam manter um mínimo de foco e dedicação.

    A função da célula é servir de apoio à subjetividade capitalística em decomposição enquanto ela apodrece. É como um asilo ou uma UTI. Estamos à espera da sua morte, mas amamos você. Combater as barreiras tradicionais da neurose é fundamental dentro da célula, e o melhor jeito é aplicar a melhor racionalidade que houver o tempo todo. Usem Freud, se não houver Reich, e Reich, se não houver Deleuze-Guattari. Na falta de qualquer leitura, usem Tyler Durden. Tudo isso são exemplos, mas servem muito bem se você quiser começar logo. Use yôga. Use essas teorias de libertação babacas que tem por aí.
    De tempos em tempos, faça aquela crítica do Foucault sobre "práticas de liberdade" na sua célula. Liberação é insuficiente. O que você vai fazer com as possibilidades?

    Se você não tiver uma célula, construa logo uma.
    É importante, e estávamos quase esquecendo o quanto.

   Abraçações.

   

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Missão três

   Acho que a missão três é reacionária. Paciência.

   A missão três é realmente um desafio.
   Pense naquela pessoa que vem fascinando você há tanto tempo. Vivemos no capitalismo. Não finja que você não consome.
   A missão três é: faça essa pessoa compartilhar um momento de desamparo institucional com você. Melhor: ofereça esse desamparo que você carrega, num momento, a essa pessoa. Compartilhe com ela da melhor forma que você puder.
   Não é como se fôssemos vencedores simplesmente porque desconstruímos todas as importâncias. Você vai precisar de alguma prova de que você existe. E se você existe, deve ser através de um vir-a-ser. E se é assim, deve ser algo como um ideal do eu absolutamente imaginário. Um algo a consumir no futuro. A existência no capitalismo é esse sonho de consumo e, hoje, você vai se atirar na experiência sensível do seu consumo mais sublime. Faça devagar.
    Há curtos-circuitos. Há falhas na comunicação. Há um não-dito. Tudo isso é basal para que as coisas permaneçam mesmas.

    ACABE COM ISSO.

    Você sabe descrever tudo isso que você sente. Você sabe criar a situação para dizer como tudo isso vem acontecendo. O seu fascínio: expresse como ele é. Expresse por quê. Seja ridículo. Você não quer ser consumido, a não ser que a pessoa-ideal-do-eu aceite consumir o inominável que você jogou na existência.

   PARABÉNS, ISSO É O AMOR.

   Tudo vai mudar. Ser consumido... se formos consumidos, tudo vai mudar. Mas não seremos.
    É mesmo difícil pensar o que acontece se o momento de desamparo acontecer.
    Queremos ser consumidos.
    Esse é o nosso consumo.

    Então há uma complexificação na missão três. Você não vai simplesmente jogar merda no ventilador com o seu ideal do eu. Você vai consumir. Aquilo estará na dialética do real. Posto à prova. Ou seja: você vai experimentar a realidade para desmentir a imagem ideal, mas não produzindo uma castração, e sim mostrando que a imagem não existe no totem onde você queria projetá-la. Ou seja, a missão três é isso.

    A missão três é um teste de hipótese e você tem que fazer controlando as variáveis certas.

    Abraço.


   

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Reprogramação da missão dois.

    A Lua está quase cheia. Mas quando ela estiver aqui, o Lobo não vai estar aqui. Quer dizer, não tenho como predizer, mas acho que ele não vai. Na sexta-feira à noite, será noite de verdade. O signo humano para a noite estará no céu, as palavras me farão querer acorrentar o lobinho. Na sexta-feira, não haverá como.

    Ao ponto: quero dizer que estamos recrutando pessoas para um grupo-coletivo para revolução subjetiva. Isso quer dizer alimentar melhor suas máquinas desejantes, quer dizer aprender a lidar com um corpo sem órgãos em meio à maquinaria de guerra (ou anti-guerra) que em nossa compreensão é ainda necessária. Quer dizer construirmos objetivos para nossa revolução subjetiva (em meio à própria revolução subjetiva) e ativarmos tudo em conjunto.
    Autodestruição faz parte do processo. Aliás, autodestruição é o principal componente. Saber sobre isso é "(saber) sentir o próprio limite".

   [Saber 1: é muito decepcionante perder a oportunidade de ir até o final.
    Saber 2: é dolorosa a violação de um limite da subjetividade.]

    A missão um era falar com alguém estranho.
    Se você pode concluir a missão um, vá para a missão dois.
    A missão dois era: quebre uma regra aparentemente importante, mas ela não faz muito sentido, a menos que você queira que sua esquizofrenia seja considerada como tal pela clínica psicanalítica.
    A missão dois é: viole um comportamento seu que você não gosta. Isto é, viole um objeto que coagulou o seu desejo.
 
   Isso requer uma certa destruição, mas não é nenhuma "destruição final". Lembre-se de que ainda estamos falando de um desejo "seu", como se você existisse. E não temos nenhuma prova de que você existe ainda. Há quanto tempo? Será que já houve alguma prova?

    Lembre do que você não quer mais fazer. Redirecione. Pense numa nova coisa pra fazer. Sexo costuma ser a opção mais simples. Qualquer ansiedade pode acabar se eu puder encontrar meu clitóris. Agora. Uma complexificação da missão dois: violar a coagulação do desejo não pode ser o bloqueio de uma possibilidade do desejo. Tem que ser a violação do bloqueio e não da possibilidade. Ou seja, você não pode escolher um comportamento importante pra sobreviver ou um comportamento que é importante para um todo do seu desejo na missão dois. Elimine um "vício". Uma "mania". Uma "fixação". Faça isso da maneira menos moralista possível. Se der, viole édipo. Esqueça aquele gatinho. Pense nos bilhões de gatinhos no mundo.

    Então a missão dois é: Viole algo que coagulou seu desejo. Substitua o sentimento de castração, que vai surgir, pelo prazer da masturbação ou sei lá. Não proíba a si mesmo um objeto identificado. Tenha em mente que produto (objeto-para-consumo) você está evitando, mas saiba não proibir a si mesmx um campo.

    Por exemplo: não se proíba de forma moralista de usar a internet. Apenas recuse a monopolização que ela exerce sobre seus afazeres.

    Boa sorte, queridx companheirx.
    Muita tesão em você.
    Beijokaz :*

terça-feira, 3 de junho de 2014

Capitalismo melancólico e vitória da autoprodução

    Culpar a si mesmo é consequência de ter que responsabilizar a si mesmo para atribuir valor a si mesmo em forma de mérito. O corpo organizado, inserido na linha produtiva capitalística, precisa ter na etiqueta: ingredientes, informação nutricional, ingestão diária recomendada, SAC, fabricante, preço...

    O eu ideal está eclipsado pelo ideal do eu. O ideal do eu está hipotecado à propaganda. Seja Robert Pattinson, seja a Angelina Jolie, seja Cauã Reimond ou qualquer um da Globo ou de qualquer TV. Seja o Sheldon Cooper, o desastre de vida absolutamente captado e capitalizado. Seja o Kurt Cobain ou Che Guevara. Seja Tylen Durden.

    O desejo é produzido pela oferta e a oferta é oferta do mercado. A angiotensina circula no nosso cérebro nos caminhões vermelhos da coca-cola.

    O funcionamento perfeito é: maníaco no trabalho, depressivo em casa.
    E pelo amor de Deus, que não sobre mania para
    Movimentos Sociais
    Pensamento
    Sexo

    Alguém pergunta "como desorganizar o corpo".
    Você sai de noite e produz desorganização, mas não deixa de ter órgãos.
    A vibe da produção está enraizada e nós sabemos produzir muito bem.
    Não sabemos é distribuir.

    Se deixarem que haja um ensinamento da TCC, pode ser que seja: parta do que você tem.
    Então você sai na noite e é uma máquina esquizofrênica de autoprodução constante. Use alguns elementos que você tiver. O tema pode ser "interação social". Copie e cole. Mexa um pouco. É assim que a produção intelectual funciona hoje em dia. Use o cérebro para as grandes sacadas, as grandes construções, cheias de afetos, cheias de impulsos, de saberes não-racionais. Deixe a parte de copiar para o computador.
     Alguém vai estranhar os seus novos gestos, seus novos gostos, suas novas palavras. Você copiou e colou... o sujeito Lacaniano não está mais na fala. Ele é quem produz a colagem... uma colagem virtual de parágrafos. CTRL C CTRL V.
    Isso pode ser uma potência ou um tiro no pé. Pode ser uma máquina de guerra ou o fim de qualquer possibilidade de política. Só depende da colagem que você faz e dos pontos precisos de insight, de distribuição, que você topa escrever no meio do pré-fabricado, das citações ao vivo, no social-in-vitro.

     Este é o ensinamento da Lilá.
     Fazei isso em memória de mim.

sábado, 31 de maio de 2014

Lidando com o Artigo 1 do AI Édipo.

    Neste dia eu quero dizer xô-xô para esses sentimentos endireitados à moda capitalística.

    Dar nosso desejo a um objeto identificado é mais ou menos como um tiro no pé. Os animais (exceto esses.. cachorros...) não têm os problemas da gente porque eles não ficam dizendo: "amo papai-mamãe-irmão, que são pessoas assim e assado, que gostam que eu faça coisas assim e assado, e portanto é ASSIM que vou me produzir". A heteroprodução identificada acaba, nos bichinhos, logo-logo, o que os livra de cair na miséria de se autoproduzir em função de um objeto integrado e fixado-identificado.

    Apaixonar-se é adentrar no mecanismo sabotador do desejo do capital. Infelizmente é. Por isso que essa é, obviamente, uma das maiores (talvez a maior) tarefas de vida da classe média. Consumir família normativa. Constituir família normatizada/ normativa. E que norma é essa?

    "Art. 1: Faça seu desejo caber num objeto definível e consumível, porém falso o suficiente pra manter a engrenagem girando infinitamente no 'em busca de (....)'."

    Mas isso tudo na verdade já foi dito!
    Eu só estou dizendo de novo pra me defender, é claro, porque o gatinho me apaixonou. Eles me apaixonam e eu ajo com paixão e eu não quero compaixão.

    Então... temos que ser propositivas.
    Se nosso desejo foi captado através de Édipo, que é uma hipótese que a galera da psicanálise aceita (de certa forma), o fim disso deve vir do fim de Édipo. Isso implica um pouco em vivências que fujam dos fantasmas familiares... que fujam dessa forma de organizar o desejo.
    Eu penso, às vezes, em pesquisar cosmovisões. Pesquisar experiências de subjetividade que excedam esse nosso lixo neurótico. Talvez dê pra encontrar alguma coisa...

   Algumas coisas que também não sejam 'isso que falta'.

   Não muito pra hoje.
   Abraços da Lilá.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O Retorno do Recalcado


    Vivendo por aqui e tudo parece estar dando certo.
    Sentamos na sala de informática e lá está uma pessoa qualquer e essa pessoa tem o cheiro da Koshka. É absolutamente uma pessoa qualquer, não é uma pessoa que me atrai, não é uma pessoa em quem eu projetaria qualquer dereísmo especial, mas a pessoa está ali e tem o cheiro da Koshka.

    Sinta esse momento.
    O retorno do recalcado.
    É ranho em seu nariz.
    É uma espinha em sua testa.

    Damos sequência a vida, após sermos perfeitamente gentis com uma pessoa aleatória na sala de informática só porque ela tem um cheiro.

    As pessoas adotam posturas-bolha. A classe média pode viver como se o mundo fosse perfeito, mesmo se ela está num lugar pra supostamente compreender a realidade. Uma sessão de psicodrama pode ser mais realista que uma bolha psicanalítica. O drama de Édipo não é menos falso, por ser cotidiano, do que todas as seções de psicodrama: pelo menos as combinações psicodramáticas acontecem na hora. Em Édipo, tudo já está combinado a priori. A gente só descobre. Como dizem Deleuze-Guattari: "Ah, então era isso" (papai-mamãe-eu!).

    A vida melhora um pouco com a consideração dos velhos amigos e a retomada de algumas das semi-novas potências. Há um tanto de utopia nisso: "tudo pode ser conciliado". Há, entretanto, e não queremos esquecer, o inconciliável, que, embora possa ser posto de lado, protesta contra  qualquer dessas lateralizações: o inconciliável esteve sempre conosco e está entre nós, escorre, balança, bagunça.
    Inconciliável como o cheiro da Koshka na sala de informática, enquanto passamos a limpo um relato de uma observação (estou contando sobre o meu dia-a-dia mais do que de costume!). Inconciliável como desejar profundamente uma pessoa se ela senta ao nosso lado pra ler. As panelas Tramontina são feitas de aço inoxidável. Os caninos do Lobo são feitos desse inconciliável.

    O inominável é inconciliável. Mas, devo dizer, o inominável é inconciliável por que ele escorre da usina do desejo e encontra o socius, e não "porque sim" (impulso de morte). O inominável é precisamente isso que a princípio não tem "nomia" (cuidado) e não tem nomia porque, na verdade, só pode ser exposto ou guardado (é uma intensidade a deixar correr ou reprimir um pouco mais) na medida em que a priori já tenhamos escolhido guardá-lo, quando o forçamos a ter um nome: "o inominável"; e portanto só pode ter nomia através de um certo grau de repressão a priori (forçamos um nome ao inominável).
     Inominável como aquilo que sentimos antes: é só a partir do inominável que podemos "desejar a pessoa". O desejo esquizo não funciona com desejos de objetos integrados! Quero você, você, você, você. Isso é teatro edipiano, é o novo Pop Rock a fazer sucesso em 2015. Está só aguardando que algum de nós, tomado por algo que força a ser designado como amor, atualize o teatro edipiano em massa, com guitarras, baterias e pose de rock'n roll, no domingo da Rede Globo.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Inconsciente Reacionário

    Às vezes chove, às vezes temos um sonho ruim, às vezes um padre quer nos ensinar sobre Deus (filho da puta!) no ônibus, às vezes nos esforçamos por alguma coisa e ela simplesmente não dá certo, às vezes nos criticam sem saber o que isso significa, às vezes pedimos socorro e ninguém tem coragem de ajudar.
    Às vezes, mas em muito menos vezes (felizmente), tudo isso acontece junto, no mesmo dia, ou melhor, em sequência e sem parar.
    É difícil.

    Enfim. Acho que agora já está tudo bem, apesar de que eu cheguei em casa e ninguém me deu oi. E todos estavam mexendo nos tectectec tec tec computadores.

   Dormi no chão ocupado. Em solo a ser conquistado, desburocratizado e autogerido, dia a dia, com força, com determinação, com solidariedade.
    Dormi no chão e a maldição é que sonhei com a Koshka. Lá estávamos (parabéns!) e eu daria novamente minha alma por um abraço. Grande merda! Repugno esse inconsciente. Não lhe respeito. Ele não me diz respeito. Ele diz respeito a Romeu-papai-mamãe. Não diz respeito a Boca de Lilá-Dente de Lobo-Pé de humano qualquer-braço de abraço de humano. Tudo parcial, detrito decomposto, tudo indefinido, miolo de vácuo, tudo lixo compactado (e não descuido) e terra de adubo.

    Depois o compromisso social massante. Tenho que rever esse meu pacto com o sócius.
    Depois o padre no ônibus. E eu só queria saber blasfemar como Satanás. Eu queria mesmo saber colocar Deus abaixo - trazê-lo aqui conosco, onde as vaginas não são proibidas, os pênis não são cortados nem glorificados (a não ser pela potência de seu encontro, um encontro sexual com qualquer coisa, inclusive vaginas não-perseguidas e o mesmo vale ao contrário e em todas as direções para as mesmas). Aqui onde os anjos têm sexo. Aqui onde o desejo é sensível ao tato, onde há  fogo, há fogo (há pele quente, há energia, há movimento, e fricção, muita fricção e o tempo todo).

     "Deus é um maldito que nos baniu e quer dominar as nossas vaginas
      Deus é um maldito e quer cortar os pênis deles
      A Igreja é um monumento ao pênis de Deus".

    E então teve todo o resto. A falha social. A produção atualizada de inominável em nome da repressão. Sempre bem-vinda: ooooi, de novo! Agora somos domados e produtivos novamente - eis o papel de Deus: oora, nos perdoe por não termos sido como o senhor... nos perdoe por termos sido criados pelo senhor e sermos comandados pelo senhor e seguirmos o que o senhor diz e mesmo assim inferno-pobreza-sofrimento-injustiça.

     Não haverá progresso até que devoremos Deus inteiro. Todinho.

     A melancolia, também: olhem, eu sou a Lilá, estou tristinha, vejam, vejam, preciso de ajuda, acho minha vida aburguesada muito difícil. Aiaiai uiuiui me ajudem.

     Abraço.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A Última Oração

    Eu queria estar lendo agora, já estar lendo, mas algumas coisas estão acontecendo e sinto que preciso partir numa aventura de "agora-ou-nunca" para reaver meus amigos (xs velhxs druguis!) das mãos do fetichismo capitalístico e do Édipo.

    Pessoas que, comigo, começaram uma banda. Um grupo. Um conjunto. Quero dizer: um coletivo, no sentido mais revolucionário que a "pequena burguesia" pode enunciar. 

    Era a "notchi" dos irmãos.
    Toda sexta à noite, ou sábado à noite. Todo feriado. Toda vez que nos deixávamos destruir tudo, faltar aula. Quase sempre, ou mesmo sempre e toda a vez: a estávamos nós, juntxs, reunidxs, desejando e nos tornando, a cada instante, um grupo, um coletivo, um "algo de especial" que excedia as formas de pensar, as racionalidades.
    Nenhuma análise reichiana "a quente" poderia descrever o que éramos - havia, é claro, na mistura, um pouco de Reich, um puco anarquismo 'lifestyle', um pouco de Yoga, um pouco disso que o Romeu trazia - mas haviam, sobretudo, desejos em plena reorganização... descobrir o sexo e libertá-lo ao mesmo tempo, descobrir o amor como ele mais é 'na verdade' - que não tem NADA a ver com aquilo que o idiota do Romeu chamava de "Idîn"¹ - e operar de forma revolucionária com ele: desejo livre, na medida do possível, anti-edipando-nos, mexendo onde precisávamos ter mexido tanto mais.
    Vivemos juntos a "sociedade da latência", aquilo que está entre nosso período de vida no triângulo familiar e o período em que adentramos seu 'substituto em larga escala', que é o estatismo bosta da classe-média-tanto-faz (ou mesmo da burguesia filha da puta, para alguns de nós).

    O que acontece é que Romeu falhou em sua missão de reichiano, a essa época.
    Falhou graças à forma de afeto que matinha em si: afeto babaquinha, amorzinho, queridinho, ninininho, ninininho... E fodemos a banda nessas, fodemos nossa coletividade foda, a mais foda que eu já conheci afetivamente.

    De qualquer forma, o que importa não é isso. Não quero reviver a sociedade dos irmãos, o nosso totemismo na casa de Deus (quem lembra quem era Deus?).

    Eu só queria era reativar em vocês, meus caros amigos, a possibilidade de evitar três coisas esdrúxulas:
  • A vida tirana da 'não-política', que não se importa em ter dinheiro, ter possibilidades, ter recursos, ter alegria, e ver a maior parte da população desse capitalismo mundial integrado trabalhando caralhescamente, sofrendo pra caralho, e achar que não se tem nada a ver com isso.
  • A vida no presumido, no proposto, no esperado: um desperdício repetitivo que somos incumbidos de reproduzir pra nós mesmos como se fosse grande coisa. Ser papai, ser mamãe, ter um emprego de papai-mamãe, ter uma familiazinha, falar merda pro filhinho, deixar 'os pobres' no escombro, revirando as latas de lixo da nossa família rica ou aburguesada.
  • A vida amarga, que é a vida podre daquilo que jamais foi renovado. A vida engolindo o lixo podre que pra todos nós e por todos nós é podruzido. A vida no casamento e na riqueza, dos itens anteriores, só que agora percebendo que ela é RUIM. Que o prazer em andar sobre as cabeças dos outros uma hora perde a graça. Que a vida não reflexiva nos transforma, no fundo, em seres fracos, que sucumbirão à neurose ou à perversão, ao autismo do capital, à morte lenta, morte voluntária pelo 'trabalho honesto', gerindo os bens (e os males) que herdamos de nossos pais.
          Abraços da Lilá <3


        Nota:

1: Ah... queridxs amigxs, sinto dizer, mas acho que foi o Romeu mesmo que destruiu a Banda. Quer dizer, foi o Romeu que introduziu, com "Idîn", a maior dose de edipianização escrota na coisa... ele que fez as coisas se maquinarem com base na 'falta' e, até mesmo, produziu este blog como uma expressão dessa falta, simplesmente porque ele não aguentara a potência que a máquina revolucionária reichiana tinha em sua vida naquele momento e então voltara às raízes: papai-mamãe-ego-falo.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Máquina Absoluta da Catástrofe

   Este texto tem de ser escrito em 15 minutos. Quinze minutos não são liberdade, não são poesia, muito menos poiese. Esses humanos inúteis acham que é suficiente, mas não. Desta vez vou acabar com eles, eis o  que farei: DETONÁ-LOS (ouvi essa expressão hoje, mas - acreditem - estavam se referindo a detonar trabalhinhos acadêmicos - AAAAAAASCO).
    Infelizes, infelizes, será a única coisa que conseguem destruir? Malditos pedaços de papel!? AH!
    Que fodam-se todos e descubram as magias de pau-vagina, pau-cu, papau-pau, vagina-vagina-pau, vagina-cu, vagina-vagina, dedo-orelha, boca-vagina, nariz-cu, etc., etc.
   Três e trinta e então tenho apenas dez minutos. Dez malditos minutos. O que fazer se não repugnar a maldita ordem (1 ao 10) que me impõem e que me faz prender em (agora 9) minutos!?
     DESTRUO TUDO

     Hoje fui apenas tão horripilante quanto costumo ser e fui visto apenas como esse horripilante costuma ser visto. "Oh, máquina persecutória, pare!"
    IDIOTAS: EU PERSIGO, EU SOU O LOBO!!

    Fodo-acordo-caço-mato-como-fodo-durmo sucessivamente e sempre em diferentes ordens e mirabolantes combinações. Quem serão os próximos objetos? Quem serei eu, abjeto-amanhã, escroto enrugado, olhar péssimo do sono, arrastando-me, falando merda, marcas de vida e de morte pelo corpo... quem vocês vão recusar amanhã? Quem não será acolhido em vosso grupo "acima da crítica"?

     Ah, o tempo todo, xingam, xingam, xingam! E USAM MEU NOME! AAH
    Usam meu nome de um jeito tão... tão... AH
     BLASFÊMIA! INJÚRIA! MERDA PELA BOCA!

    É sempre a mesma maldita expressão, a mesma maltida, mal contida!
   
    "Bah, Lobo!"
    "Bah, Lobo!"
    "Bah, Lobo!"

    AAAah
    Posso escutar suas vozes dizendo. E o que mais? Pensei que fossem gemidos no quarto. Merda! Talvez fosse apenas uma versão mas aguda de:

    "Bah, Lobo!"


quarta-feira, 7 de maio de 2014

Vereis, malditos.

Se os arbítrios ceifam,
Se os ímpetos imperam,
As vontades gritam,
Os olhos engolem!

Se os desejos desprezam,
Se os quereres só querelam,
Os prezados beijam,
Os pesados ferram!

Dos inúteis verbos, dos inúteis versos de dizer porquês,
Morram, morram os egos, morram vocês,
Vocês que nos prendem em nós de nós, em nós de Eus, nós de ser.

Dos fúteis que importunam, dos malditos infortúnios,
Das ralhas, relhas, rolhas herméticas de fazer certezas,
Morram em nossos punhos cerrados, em nossos sonhos "errados",
Morram em nossos berros somados,
Morram com seus heróis fardados,
Deuses inventados, inventores de setor,
Vetores de nossos brados!

Se em nosso caminho amamos,
Se perdoamos, se conversamos e versamos,
Vereis, VEREIS, MALDITOS,
Que se viéreis, lutamos,
Que destronamos os amos,
Que não deixamos!!

Se as minúcias somem,
Se as astúcias consomem,
DESBANCAMOS o homem,
DESCRIAMOS o maldito homem,

Somos o maldito insubmissível,
Insubmissível ao ser,
Nada somos que não seja aí,
Esteja por aí,
E despeje, com asco, com incompatibilidade,
O impossível conter 
Do não-ser
Sem Verdade!

domingo, 4 de maio de 2014

Misfits, chuva e outras coisas que existem tanto quanto nós.

    Colocamos a tocar qualquer coisa dos Misfits que ainda não ouvimos e cá estamos — "vejam só, a Lilá é real, a Lilá escuta músicas acessíveis, que existem — eu e o lobinho. Fiquei pensando se agora haveria algo distinto de nós a que chamaríamos de O Órgão. 
     Não há nada disso... há nossos órgãos, é claro, mas eu e o Lobo não somos máquinas ou coisas do plano de produção. Somos mais "produtos" do que isso, prontos para consumo: leiam-nos, interpretem-nos, amem-nos.

     Indivisíveis.
     Alguém perguntou se éramos pessoas diferentes esses dias. Rsrs
     Será que somos tão parecidxs assim pra nos confundirem? O lobinho está agitando-se aqui ao meu lado. Nada doméstico, como sempre.

     O que será que esperam? Que coloquemos nossas fotos aqui para saberem se somos fakes ou não? Gente! Eu SOU fake! Não dá pra só aceitar? Tudo falso e errado o tempo todo e OK!

    Oh, oh!
    Oh!
    Oh, oh, oh,
    Oh, oh!

     Aí primeiro eram gotinhas e leve cheirinho de chuva lá fora.
     Agora já é uma tempestade. O Lobo quer estar lá fora. Rsrsrs
     Imaginem o que seria ele lá fora com esse vento, esse frio, essa chuva, toda a sujeira de Porto Alegre... ele simplesmente não leva e convivência em consideração! rsrs

     Aí tipo... o barulho da chuva está tão forte que mal posso compreender a música ao meu lado. E que parece sei lá... baldes. Baldadas de água. Gente com baldes lá fora ou qualquer coisa dessas do campo da paranoia e do 'parece que...'.
     E agora raios. E não muita diferença entre a luz e som. Então a tempestade está quase aqui ao lado e podemos ser eletrochocadxs. Imagina que louco!! Rsrs

    Oh, sim, e passei uma noite com um gatinho diferente.
    Oh, sim, e fui a um bar diferente e dancei como nunca. E consideraram que eu estava OK. Isso é acolherem o meu inominável em forma de poses e transições em sequência.

    Dançando:: thcan,
    tchan,
     tchan!

     Lilá!
     <3 <3

     Ps.: considerei que eu poderia ler mais um pouco. Enquanto toca o rádio, abro a janela para o cheirinho de chuva, se der pra fazer sem inundar o apartamento e... enfim. Abraços! (São os mais realmente 'abraços' que já mandei!)

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Concepção do Órgão

   Neste fim de semana, quero parir o órgão.

   A forma de criação do neurótico é a sublimação, fruto da castração.

   A forma de criação da mulher esquizofrênica é o parto. Tem a ver com possuir uma máquina de fazer bebês. A Lilá possui seu útero.

   Neste fim de semana, quero construir um dispositivo de luta multidimensional e auto-atualizante, mas desde já destinado à morte.
   Aliás, conto também com o parto de um natimorto, um corpo ainda sem órgãos.
   Com isso quero dizer que nem tudo que vem da máquina de fazer bebês é perfeito e organizado.

   É isso mesmo.
   Esta é a concepção.

   Acolho os nervos de Deus (meu deus, Satanás) e seus milhões de espermatozoides.

    Lilá.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Fantasias

    Há um sentimento recorrente em mim de ser ferida bem no centro.
    É sentimento de perder a potência.

    Aí vem um careca do século XX e diz pra mim que é porque eu queria ter um piu-piu. Não, meu querido papai noel, não é bem por isso. Tem a ver com não-piu-pius que me foram tirados. Tem a ver com fazer meu máximo e ainda assim não ser suficiente. Tem a ver com não ser reconhecidx quando não se tem um piu-piu, isso sim.
    Eu vou colocando isso tudo no baú e mentalizando a perspectiva de, um dia, compartilhar isso em forma de amor. Vou me enchendo desse veneno quase neutralizado, desse vírus incubado, lombrigas, vermes, ou, mais precisamente, doenças venéreas (porque é nossa genitalidade que parasitam).
    Aos futuros compartilhadores desse pathos tão patético, peço desculpas e desejo (do fundo do Grande Coração, da forma que agora o concebo — o baú), que possamos fazer isso da forma mais revolucionária possível, mais libertadora, mais tranquilizadora que houver. 

    Ah, sim, e só porque agora eu finjo que sei o que é esse amor, não significa que o desejo tenha voltado a encapsular-se, gente. O desejo continua Anti-Amor e, devo acrescentar ainda, ele não poderia ser guardado como o amor (o amor no baú não é desejo, e nem verdadeiramente o amor é guardado — apenas uso isso como uma forma de suspender a tirania pseudo-orgânica do "funcione como o resto!).
    É tudo um monte de palavras e suspeito que não tenho sido compreendida. De qualquer forma aqui estou eu, chateando, percebendo e "guardando no baú". Pobres vetores. 

    Koshka, agora sei o (escrevi seio...) que viste a experimentar. É justamente esse "guardado" do meu "baú", que na verdade não existe. Ou seja, já estou destruindo novamente o (novo) Grande Coração e posicionando-o como uma fantasia na qual, na verdade, não acredito.
    Koshka, agora sei o que vieste experimentar. Foi o resíduo da cristalização mais tirana que pude fazer do meu desejo, foi o resultado de uma falsa submissão do desejo às palavras (amor, depois Amor, depois Idîn — pausa para cuspir). Toda essa produção constante de entulho neurótico que obstruiu as linhas de fuga do desejo, a linha de produção nômade, e passou a produzir apenas estrofes de mesmo. 

    Feito moscas iguais e foscas feito foscas iguais e moscas no jornalário.

    E quem me tornei, ali, então? Quem me torno pra falar com a Koshka?

    Enterremos nossos mortos de uma vez!
    Não nos importamos em matá-los de novo,
    e de novo,
    e de novo,
    sempre por um novo motivo,
    e de novo,
    e de novo,
    e sempre com mais porquês.

    Abraços integradores da pequena Lilá <3

domingo, 27 de abril de 2014

Com amor, Lilá.

    A gente topa ser chata em muitos momentos e isso é irritante, às vezes.
    Podemos ficar com aquela sensação de que preferiam que não estivéssemos aqui. Depois pensamos em identificação projetiva e então somos xs culpadxs novamente.

    Eu estava pensando em alguma coisa mais interessante do que isso durante a viagem, mas agora isso deixou de existir porque... ah, não, mas eu lembrei. O ambiente fica melhor.
 
    Agir amorosamente é agir de forma a produzir amor (ou seja, agir amorosamente é repetir a atitude edipiana-bem-resolvida — o velho abrir mão do objeto "pela civilização"). Garota, lembre de você sendo legal com um filho da puta e sentindo aquela sensação de contensão comportada, integração e, em cada uma das pontinhas, respectivamente, tristeza e raiva.
    Do ponto de vista dessa Lilá de agora, euzinha, é assim. Essa sensação não é do nada.

    Contudo, a opção desintegradora, a opção desjuntiva... ela não tem servido à convivência. É o que me parece. Especialmente porque todos esses movimentos se apegam com afinco extraordinário a essa palavra o tempo todo: "Amor", "+ Amor", "Amor primeiro", mas também "Ame-o ou deixe-o", "Ama ao próximo como a ti mesmo", etc.
    Além disso, o que é mais evidente, segregamos a esquizofrenia. Mas não sei se isso importa tanto nesse argumento, já que a gente segrega tudo o que é funcionamento diferente.

    Mas o Lobo tem muita raiva disso tudo e, como é de se esperar, eu (con)tenho a raiva dele. Temos raiva dessa tirania da integração, temos PROFUNDO ÓDIO, apesar de conseguirmos levá-la tão adiante em cada coisa.

    Pode ser o funcionamento do compulsivo, de um ponto de vista mais esquizo.

    Olha como acabamos produzindo coisas tão desinteressantes, meu lobinho. É por isso que te soltamos.

    Lilá-Hugz, como diria o falecido.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Lua Cheia: Eclipse



   Não, eu simplesmente não posso deixar que a sombra da humanidade me cubra.
   Não posso deixar que a sombra da Terra cubra minha maldita liberdade.

   Fodam-se lindamente todos os momentos em que eu pensei que poderia.
   Eu sou o maldito indomável.
   A merda que não passa sem ser dita.
   O palavrão que não pode deixar de ser dito

   FILHOS DE UMA PUTA

    Tudo isso tem a ver com publicações num maldito blog e com algum prazer que ainda se encontra por aqui em escrever pra ninguém, então foda-se.
     E quanto mais eu xingo e brigo, menos interessante isso fica, e QUE SEJA.

    Não se esqueçam, seus malditos, que não preciso da sua maldita aprovação. FODA-SE.
    Eu sou o lobo e não me canso de dizer porque é isso que eu expresso, ANTES, DURANTE E DEPOIS DE QUALQUER MALDITO ECLIPSE.

    A Lua Cheia, aliás, é só o totem que me chama, fruto do SEU MALDITO FOLCLORE, não é coisa de       Lobo, não é coisa de bicho: a gente não liga pra faíscas no céu a menos que elas façam aqueles barulhos desgraçados.
    A gente não liga.
    A gente transa todas as noites em que há parceiras ao redor, não em noite de festa, não em noite de Lua.
     A gente fode.

    Então não venham me dizer que vou passar sem uivar e sem morder ou urrar porque voccês não estão vendo um maldito círculo amarelo no céu (ou porque estão vendo um MALDITO círculo brilhante ao redor de um círculo preto, ou seja a porra que for).
     Não tem jeito de me domar.
     Desistam.

    Não tem jeito e não importa quantos malditos eclipses hhouverem.
    Não importa a maldição que tiver. A porra que tiver. O inferno que tiver.
    Sou o pecado que Deus não consegue tirar do paraíso. Eu sou a maldita macieira. Sou a cobra. Sou a terra que nutre a cobra e a macieira e a potência orgástica, orgônica ou sensível ou sexual, libidinal ou a outra merda que for. Sou o contato, a roçada, a lambida, que deixou Adão de pau duro.

     Deus não pode nos tirar daqui.
     Inferno acima.

AUUUUUUUUUUUUUUUU!!!!



Um oi e a vida no campo da experiência

    Eu tinha dito pro distinto rapaz que nos ouve em todas as sextas-feiras que eu não sei interagir mas isso é mentira. Hoje no diretório foi bom e hoje em meio axs outres colegas também foi bom. E tudo foi OK e pude me sentir como umx gatinhx que xs pessoes reconhecem. Não foi como se houvesse um problema comigo. Não foi como se eu tivesse que colocar um "algo que nunca sai" pra fora. Amor.
    Foi mais como se um algo saísse naturalmente do meu interesse mais ou menos "do nada" nas coisas que as pessoas dizem e na minha crença na possibilidade de que o meu jeito cheio de conceitos seriamente derrubáveis seja interessante.

    E a gente se cria e se destrói no discurso.
    E a quem acha que pode simplesmente se destruir, sem se criar o tempo todo, cabe o túmulo, a pilha dos ossos. 

O pó encobre o meu tempo
Fóssil vazio da nova era
Eu me sinto tão só, vou acabar numa
Grande pilha dos ossos deles (sic.)

    Descobri que xs amigues da velha terra podem ser amigues ainda e podemos ser um grupo ou uma manada e funcionar em conjunto. A única coisa é que eles são muito mais fixos nas suas próprias formas de funcionar e não topam uma banda divertida "na notchi" (como diria o falecido).

   A Atnia (esse também é um nome feio e velho) também parece um bom ombro pra apoiar, agora, um bom sorriso pra provocar, uma boa dança louca e frenética pra se tentar acompanhar.
    Xs Gatinhes de todo o mundo parecem pode se unir sem que isso seja uma revolução do proletariado gatal. Isso absolutamente não faz sentido.

    A Koshka tem aparecido no meu pensamento e isso está OK, agora que eu sei sobre guardar no baú e sobre investir em coisas novas ao redor. E agora que eu sei que tantxs pessoes lindes estão por aí querendo abraços e nos mandando corações.
    Mas certamente já estou esperando demais dessxs pessoes também.
    Sempre há o que se guardar no baú e redirecionar.

    Mas prometo:
    O caos do indizível virá,
    Destruirá nossos órgãos
    Funcionará sobre nós
    Conosco.

     Abraços Kalientes!!
     De Lilá <3

domingo, 6 de abril de 2014

Sono e Sonho

    "Sonar" podia perfeitamente ser um verbo. Equivalente a dormir.
    Eu sono, eu sonho. Isso é bem verdade pra mim, gente.

    Sonar e sonhar com as velhas coisas pode ser fatal. Pode ser que sonhemos com o velho abraço. X Gatx do abraço mais desejado está ali e nos ama e nos quer. E nos abraça.
    Se andarmos no caminho (tão deprimente!) da psicanálise, diremos que o sonho nos conta sobre o nosso desejo mais profundo, o mais importante. E lá está elx. Censurado apenas muito menos do que de costume. Abertx: pernas abertas, braços abertos, seja o que for.
     
    Mas nós estamos mais inclinados, hoje, a dizer que o desejo é sempre produtivo. E nós não estamos dispostos a abrir mão de uma de nossas produções mais intensas, que nos dobrou de forma mais irritante e desorientada. Odiamos a forma como ela nos fez caminhar para a morte, mas não podemos abrir mão das belezas que ela produziu pelo caminho. O zumbido da flecha cujo alvo não nos importa saber.

    Por isso é que guardamos no baú, com carinho, essas belezas. Guardamos para que possam produzir mais e mais no futuro, mas NÃO OUSAMOS dizer o que devem produzir!! Guardamos numa pastinha especial do arquivo: uma pastinha do coração. Pastinha do compartilhamento do inominável. Que seja. Eu guardo porque não sei como lidar com isso agora.

    Sonho com o teu velho abraço, é tipo ÓBVIO que não vou saber lidar...
    (mas pelo menos eu consigo não lidar!)

    O Lobo sabe lidar. Ele tem seu jeitinho (é jeitinho do foda-se). Claro que não dá pra descrever, mas acho que é como se ele pegasse o inominável pelo que ele carrega do próprio processo... precisamente pelo sensível mais primitivo. E acho que funciona, se um dia eu deixar, mas não é um objetivo. Chamemos de possibilidade, por enquanto.
    Mas eu quero pensar mais um pouco... tenho colocado o inominável no campo do improdutivo e portanto forçado ele à lógica meramente distributiva. Além disso, forço-o a ser distribuído pelo simbólico ou sensível simbolizado (oh, sim, porque nosso canino ficou com o sensível primitivo e radical).
    De qualquer forma, ainda parece uma organização... fazer do Corpo sem Órgãos o a pausa improdutiva (necessária ao processo de produção) é, de fato, uma prática industrial.
    O recreio ajuda a aprender.
    O intervalo ajuda a trabalhar.
    A aposentadoria ajuda a incluir jovens no mercado de trabalho.

    com abraços. <3 da Lilá

terça-feira, 1 de abril de 2014

Dia a Dia no Convés

    Estou aqui muitas vezes por semana e mesmo assim parece que vocês não me conhecem.
    
    Viver neste apartamento tem suas coisas.
    Hoje pensei numa coisa do tipo: pessoas que antagonizam extremamente umas com as outras podem ser fontes ricas de práticas de resistência em relação às práticas e especialmente à totalidade umas das outras.
    
    Se a sua privada for pequena demais, pode ser que um colega de quarto ou de apartamento faça cocô e o cocô fique grudado nas paredes da privada. Então você pode descobrir que seu xixi é um mecanismo de limpeza.
    Você urina sobre pedacinhos da bosta do seu amigo que ficaram grudados na parede do vaso e isso se chama limpeza.

    No dia-a-dia, você pode descobrir que comer o tempo todo é uma forma de ficar acordado, mesmo que você durma três horas e meia ou quatro horas por dia. Você quase dorme, então levanta, sai da sala, lava o rosto, enche a caneca de água e volta a sentar. Hiperidratar-se é uma forma de aumentar a pressão sanguínea e mantém você acordado e nervoso.
    Não acredite em mana, nem em chacra, nem em uma barrinha de energia que vai diminuindo. O menino elfo do Zelda pode funcionar desse jeito, mas você não: gastar energia mantém você acordado.

    Então pode ser que você tenha que ler um texto gigante e não esteja fazendo isso.
    E você percebe que são as palavras do Tyler saindo da sua boca.

    Os dedos são a boca no mundo dos teclados.
    Emitem fluxos de letras que se aglomeram... depois uma parte desse fluxo é chamada de espaço e algumas outras de pontos e vírgulas: cortam o fluxo em palavras, frases, texto.



    Abraçocas, gente. <3