segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Esquizo

     Não estou mais com meu gatinho favorito. Ele está longe (a separação é uma insuficiência respiratória que me dá, agora). Ele está longe demais, ainda quando está perto e isso é muito louco.
   
      Descobri que sou eu que produzo a maioria das rupturas pelas quais eu lamento.
       Decidi lutar contra isso e criei uma marca que simboliza o que prometi para mim mesma: que o medo nunca mais me impediria de fazer o que eu desejo fazer.

Esta é a marca do medo que nunca mais deve triunfar.

     Eu achei que teria que morrer para continuar, por algum tempo. Mas depois percebi que não. Sou eu mesma, a Lilá, combatente do medo, lutadora feroz e que pretende levar este corpo adiante no processo de criação de uma nova e mais potente liberdade, a cada segundo.

     Então continuo aqui, queridos, mas não sei se quero dizer muito mais. Queria apenas sinalizar que encontrei uma forma de progredir contra os meus medos junto à velha armadura de batalha de Romeu, feita de amor e de coragem.

     Lilá S2

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Noite Feliz

    Talvez seja melhor parar de escrever para não ficar viciada, porque tenho sentido muita necessidade de escrever.
     Talvez seja melhor parar de escrever para não desapontar as pessoas por usar algumas palavras sem procurar seus significados no dicionário.
     Quando eu tiver uma prática que substitua a escrita, certamente vocês vão perder minha presença por aqui, meus queridos, igual aconteceu com o Romeu por alguns meses, quando ele sumiu, um pouco antes de morrer. E para quem reclama das minhas palavras, oras, que vá ler os textos do Romeu (e fique procurando o significado de "dobógisôm druguis", "espatar" e "jóg-ilãn" no dicionário).

    O Natal é um cu. Eu saí pra passear na noite, olhar a Lua e estar no escuro, um pouco. Tive a oportunidade de ser iluminada apenas pela luz da Lua. Senti vontade de uivar. Depois andei mais um pouco e encontrei uns amigos queridos e fomos beber alguma coisa e estar no posto.

    Quase ninguém é por inteiro. Sinto que eu deixo as coisas entrarem muito fundo o tempo todo (e não estou falando só de pênis, seus maliciosos), e elas me machucam ou me emocionam muito o tempo todo, elas parecem entrar e existir de outra forma, existir num mundo em que tudo significa alguma coisa e as coisas se conectam de formas que eu não queria que se conectassem e me fazem ficar triste. Isso não devia acontecer com uma gatinha tão bonitinha e talentosa quanto eu. O que eu faço?

    Na noite, eu senti - muito forte - que estava procurando algo que me completasse. Coisas para estar com. Para entrar em contato, me sentir bem com as coisas ao meu redor.

    Como é que eu posso ser uma gatinha se os meus olhos estão sempre prontos para se encher de lágrimas? Como é que eu posso ser uma gatinha, leve, arteira, fofa, se eu carrego esses pesos tão grandes o tempo todo, e isso só se alivia quando eu tenho algum gatinho especial pra chorar junto, pra me apoiar? Às vezes eu acho que não tenho jeito. Me olho no espelho, penso em quem fui, no passado, no passado. Estou cansada de fazer história, e talvez eu não seja suficiente para dar conta do que o Romeu começou. Acho que mexi tanto no cadáver dele (do qual, de qualquer forma, não posso me livrar) que acabei me contaminado com as suas doenças.

      Acho que estou aprendendo. Acho que é só questão de obter algumas vitórias nesse jogo, nessa brincadeira de gatinhos, de novelos de lã.

   Lilá.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Novelo de Lã

   Odeio quando eu preciso me fazer acreditar que a Lua está cheia...

  Brinca comigo, me desenrola, desenrola, desenrola, e eu já sou quase só uma linha de lã esticada no chão, submetida às suas patinhas unhosas. Mesmo assim, preciso ser como um novelo de lã, redonda, fofa, pronta para a brincadeira. Gatos são cruéis.
    E eu jogo tudo no lixo o tempo todo para que o gato brinque comigo. Não sei que tipo de mulher eu serei se continuar assim. Por isso é que mudo e por isso é que aguardo tão ansiosamente pela Lua cheia. Romeu, nos seus últimos meses de vida, escreveu uns poemas legais, que eu gosto. Tinha um que acabava meio assim:

   Dou-te a sombra, a luz das estrelas,
    Ser do escombro, jus por que eu temo,
    A esperar no breu tu perdê-las
    (As amarras, teu mal extremo).

   O coitado do Romeu também era apaixonado demais - na verdade, com um pouco de otimismo, acho que ele só era tristinho demais na paixonite dele. Porém, rolou uma certa vontade de mudar, que ele introduziu num certo corpo. Ele amou muito a noite... só um pouco menos do que eu amo. Por isso, acho que talvez eu possa dar até mais chance ao "ser do escombro" que o Romeu dava... Mas a gente vai vendo o que acontece, gente.
   De qualquer forma, eu vou fazer algo mais do que esperar que o Lobo venha, que a Lua chegue. Para brincar com  o gatinho que me enrola e desenrola, eu também vou ser uma gatinha... e então esse gatinho vai ter que brincar de correr, morder e brigar, ao invés de apenas me unhar enquanto estou no chão, esticadinha. E eu vou ter os meus novelos, e eu vou ter muitos gatinhos pra brincar, porque o dia e a noite serão meus...

      Não serei mais apenas o seu novelo, gatinho, então vamos brincar! ;)

   Talvez vocês possam sentir falta da filosofia do Romeu. De dicas. De coisas. Aos filósofos de plantão, meus nerdinhos amados, sugiro que me analisem e procurem minha normativa sozinhos... Eu sou um devir em construção.

   Me ensinaram a mandar lambeijos.
   Lambeijos, gente, <3 da Lilá.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Dissolvendo-me

    Oi, gente, como é que vocês estão nesta noite?
    Eu estou bem, até porque acabo de nascer como alguém que "será sido".
   Este é meu narcisismo primário: digo pra vocês o que eu sou POR INTEIRO e sem falha, linda, divina, impecável e infalível. Meu prazer é tudo, mas vou dizer que é estar com vocês nesta noite tão legal... Nosso encontro acontece porque eu não pude ser numa festa (chata) porque o segurança (chato) queria que eu fosse com a carteira de identidade e eu não tinha a carteira de identidade. Acho que dá pra entender. Mas e pra acreditar?  Meus peitos ficaram marcados pelo sutiã, mas não levei nenhuma memória do lugar onde não entrei.

    Tinha uma coisa acontecendo em mim quando eu resolvi escrever, dar este primeiro oi pra vocês, mas essa coisa não está mais aqui. Eu sou o que nem mesmo será sido, eu acho. Meu cabelo só ficou meio marrom e eu saí sem macho. Quem precisa?

  Estou brincando com as mil possibilidades de não dever nada pra vocês, queridos leitores: não estou comprometido com vocês. Aliás, era sobre isso um pouco que eu queria falar: eu odeio a galera secretamente, às vezes, e talvez eu devesse falar mais sobre isso porque às vezes minha cabeça fica cheia de "eu te odeio" e "você mataria?" mas eu não sei quem eu sou quando eu digo e nem quem é você.
  Aí sei lá... achei que era bom dizer. Agora já não sei, mas continuo escrevendo, e vou confirmar o que escrevi quando eu publicar este texto, então minha vontade política ainda é de dizer, e isto é um bom exemplo de "ato imanente" se destacando da linguagem.

 É complicado esse nosso negócio de querer a aprovação de todo mundo o tempo todo. Eu fui a mulher perfeita e todo mundo ia querer me dar um abraço e uma beijoca fofa na noite, e segurar minha mão para dormir, sentindo o cheiro doce que eu tenho, especialmente no cabelo. Pouco desse cheiro é meu, muito é daqueles shampoos e condicionadores - que a Cerejinha emprestou - que eu não lembro o nome.

     Essas baguncinhas são um pouco de vontade e uns pensamentos em conjunto.

Abraço, gurizada.
Prazer em conhecer vocês.
Lilá.


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Romeu Morto

   Interrompo o processo de parto de um texto mais ou menos abstratamente filosofante - sobre culpa x responsabilização - para escrever sobre como tenho escrito mal minha história.

   Há muito tempo tenho sido Romeu, aquele que aqui vos fala, mais ou menos indiscriminadamente. Romeu é dodîn, plusteen, maltchique, forte e dobógisôm, é o que eu quis ser num dado momento. Romeu é meu Tyler Durden e, forçando um pouco para aproveitar o intertexto, eu diria que este escrito é um belo tiro em minha própria rot.

   A linguagem que criei para este blog já não dá conta do que venho messeiando. O jóg-dolãn me prende a palavras cuja história foi escrita pessimamente, sendo a principal delas a que usei para designar o amor, "idîn". O que aconteceu, nesse caso, foi que Romeu elegeu sua Julieta e ousou nomeá-la com essa mesma slovo... O efeito disso foi uma monopolização do coração de Romeu, em que o amor tornou-se exclusividade daquela que chamei de Idîn. Então essa é a primeira correção que quero fazer aqui, e faço publicamente para dar força à transformação que quero que aconteça: não mais quero chamar essa drugui, como até aqui chamei, de Amor, nem mesmo como a chamava anteriormente (Lôn-Lên). Anuncio que seu novo nome, aqui, será Koshka - um nome que pode ou não ser aceito, e respeitarei essa decisão.

   Outro erro que quero corrigir na escrita de minha história é a fixação do amor num conceito filosófico fechado e vetor de uma teleologia. Mas vôn estou pronto para estabelecer o que é idîn. Deixo-o indefinido, impreciso, livre de demarcações territoriais rígidas, mas no campo do sentimento.

   Por fim (não quero prolongar-me muito neste texto, tenho ainda o que fazer nesta notchi), quero dizer que abandono, eu mesmo, o nome de Romeu, criado com base na supracitada teleologia do amor, em benefício do nascimento de um novo devir, que não mais será orientado por uma naturalização desse gênero.

Abraços, meus queridos.
Amo-vos com o amor-sentimento.

Ps.: Ainda não sei como vou assinar. Concedei-me, desta vez, o benefício do anonimato. 

Agradeço.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Às Crianças Sem Pai

Namora alguém que M aprove,
Namora alguém que a M renove,
Amam o mesmo desejo de antes, o primeiro,
Crianças sem pai.

Namora alguém que M adore,
Namora alguém que M namore,
Clamam o mesmo clamar que clamaram desde o berço,
Crianças sem pai.

Que destinos aceitáreis, fofas do tio,
Que desejos?
 A thelema dos coitados, sem opção,
Sem mudança.

Qual aqui aceitareis, ó fofas do tio,
Qual infância?
Por que temem os soldados: têm opção,
Esperança!

                                                                                                                                    Amo-vos,
Romeu.

sábado, 23 de novembro de 2013

Sobre Premissas

   Estou aqui e parecem sobrar alguns minutos antes de a pishcha ficar pronta.
   Na verdade, ela já está pronta.
   Abraços, amadx druguis.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Dois Sneeties

   Este novo texto...bem, quero esquezetar que o escrevo primeiro em meu caderno, antes de passá-lo pra cá, para a plataforma possibilitadora de  nosso malenke e dodîn pedaço do cybermundo-imundo. Nunca fiz isso antes, exceto por pequeníssimos trechos.
   É um esquezetar a respeito do Grande Coração, aquele com quem vos deixei no último texto. Continuo triste.
   Sonhei que poderia ver meu króvi ser o de todos vós. O sneety era belo, dobógisôm demas para que eu não o tentasse transformar em verdade, caros druguis.... Também nesse sneety sustentou-se, por muito tempo, O Grande Coração. Dele O Grande Coração tirou forças por mutíssimo tempo, de fato.
   Antes disso, sonhei que haveria um só coração, batendo-batendo plusforte com o króvi todo de alguém ao seu redor, que eu poderia encantar com o produto do meu próprio króvi, e portanto abraçá-lo, beijá-lo e sustentar-me nele eu também poderia. O "antes disso" com que agora recomecei diz algo mais que o simples. Esse segundo sneety, na verdade, vem e vai (e aqui está ele, devo dizer, amadxs).
   Do segundo sneety veio o primeiro e eu não me atreverei, entretanto, a localizar a origem do segundo.

   O Grande Coração quer que todxs sejam felizes e livres, quer com toda a sua thelema, quer muito-muito-muito e faz de si mesmo o culpado quando isso não é assim.Triste, deveis perceber, é que portanto O Grande Coração está sempre culpado; sempre. E possivelmente a garganta de meus caros druguis já lhes ensinou como essa culpa faz. Ela sobe do centro e fixa na garganta e aperta como se fosse o fim. E o fim acontece sem acontecer, a todo minuto, de novo e de novo,
Então já deveis saber que
Fim.
Romeu.

sábado, 16 de novembro de 2013

O Grande Coração

   Que meus pensamentos mudem, que meus posicionamentos mudem.
   Que minha base epistemológica mude e meu estilo mude... Tudo isso há de fato de acontecer e creio que está acontecendo... tem acontecido, amadxs druguis.
   Quase nada vos posso esquezetar do agora e, de qualquer forma, um dobóg-dizer do agora necessariamente passaria pelo passado... e por todas as coisas starres das quais ainda tento me livrar... coisas para "desatravessar". Nesse caso, parece que a imagem de uma grande estaca de ferro que atravessa a carne talvez seja a melhor. E ela sangra quando a gente mexe.
   
   Olá, amadxs.
   Este é o presente sem passado, é a ponte que me conduz apenas a vocês (um sneety fenomenológico).
   Olá, amadxs, este é o presente cheíssimo de passado e atravessado, em todas as carnes, todos os ossos, por grandes correntes, fluxos inescapáveis de mil líquidos coloridos.
   Não tenho muito tempo e nem sequer sei exatamente sobre o que escrever. Pensei que isso realmente seria rápido de escrever e isso realmente o é, porque é apenas o króvi, vermelho-vermelho como sempre. Escuro na notchi.

   Que o velho idîn, Idîn, me leve até o luar de sempre, o lugar de sempre, é de se esperar.
   Que Romeu, vosso humilde narrador, possa levar este corpomente a um lugar melhor, a um novo amor (e não apenas um novo objeto) menos cheio de dor, isso é desejo, muito mais do que esperança e muito mais do que futuro. Moldará o futuro. Fará ser.

   Será?

   Abraço, amadx droogies do coração que se acaba e nunca acaba, O Grande Coração.
  Romeu.

domingo, 28 de julho de 2013

Carta à Banda

   Olá, amadxs.
   Este pequeno texto é, com certeza, o mais difícil (e, singularmente, o mais importante) que já escrevi neste pequeno pedaço do cybermundo-imundo. Dirijo-me, aqui, não só às bocas do rotaico, mas também a todas as lindas crianças pelas quais me apaixonei ao longo do ano passado (2012) e às quais, a partir de certa data, passamos a chamar de "Banda".
   Muitos de vocês jamais leram o que, a princípio endereçado apenas a vocês mesmos, escrevi por aqui. Outros, pararam de ler o que tenho escrito há algum tempo (o que posso considerar como fruto de meu relativo afastamento da cybercoisa que chamamos Notchi Feliz, mas que também atribuo, ao menos em parte, ao processo do qual passarei a tratar mais adiante). Aos druguis da Banda que continuaram lendo isto aqui, mas também a todos os demais leitores, peço licença para abandonar, neste texto, boa parte do linguajar que tenho utilizado em meus escritos (e, mais ultimamente, esquematizado no dicionário), para que possam entender-me (sem desistir da leitura) todxs xs druguis que não estão habituados às nossas "impalavras".
   "Vossso humilde narrador" (eu mesmo), desde o início, tanto em nossos encontros quanto neste cybermundo-imundo e em todos os meios de nosso contato, esteve preocupado em transmitir algumas mensagens, questionadoras do sistema  vigente (mesmo no "microespaço", falando de nossas pequenas ações do dia a dia). A Banda sempre foi um grupo diferente e especial, cujas atividades possuíam, em si, um sutil (porém poderoso) caráter de inovação e desconstrução. De certa forma, lidxs amigxs, era esse caráter o que tornava nossas reuniões e nossos contatos tão intensos e divertidos. Nossas notchis, agitadas e, ao mesmo tempo, acolhedoras e aconchegantes, eram-me importantes porque, nelas, podia-se respirar o ar de uma juventude amorosa, de um calor inspirador e livre. Tínhamos conversas profundas e, ao mesmo tempo, ríamos das piadas menos escrupulosas; Abraçávamos uns aos outros sem pudor ou remorso, mas também compartilhávamos nossos sofrimentos cotidianos e apoiávamos uns aos outros.
   O que me entristece a respeito de nossas notchis, entretanto, caros druguis, é que, como vocês já devem ter percebido, tenho de conjugar nossas melhores experiências e características no passado. Sinto que a maior parte do caráter revolucionário de nossos encontros, diálogos e discursos morreu, aos poucos, sem que percebêssemos. Entristece-me mais ainda pensar que, possivelmente, poucos de nós perceberam e hoje, como eu, sentem falta desse caráter.
   Nossas notchis deixaram de traduzir-se pelo amor que tínhamos pelo grupo e uns pelos outros e passaram a focar objetos x ou y, de modo que, atualmente, nossos encontros não funcionam se seu disparador não for um jogo, um show ou uma (e de preferência muitas, muitíssimas - heh) substâncias alcoólicas.
   Não há culpa nesse processo que aqui aponto (e vocês podem conferir minha posição a respeito de "culpa" em meu texto anterior). Mas há pelo menos um sujeito ferido por essa história, e sou eu, porque sinto falta do amor liberto e das conversas que, apenas com vocês, caros amigos, pude ter até hoje.
   Talvez este seja apenas o discurso saudoso de um jovem que distanciou-se de seus melhores amigos.
   Talvez não.

Romeu.

domingo, 21 de julho de 2013

Plusnovo Toltchoque à Meritocracia

   Volto a escrever neste pequeno pedaço do cybermundo-imundo, hoje, para vos propor algumas problematizações, dodîno druguis. Dirigirei umas slovos de toltchoque que julgo pertinentes à meritocracia que tenho videado presente em meio aos nadsats e à esquerda em geral, assim como, se possível, a algumas posições nitidamente starres de meus próprios druguis com as quais me tenho chocado.

   Por estes dias, ("ó meus irmãos,") deparei-me com o discurso de uma devotchka que fez pular todo o meu desejo por ultraviolência. Esquezetava ela pretendendo que as líudes que se engajaram recentemente aos protestos e manifestações de um determinado grupo organizado tivessem menos direito a galoz que os mais starrezinhos, na ideia de que os últimos possuíam maior mérito. "Ora," messeiei eu com meus botões, "se te dás à meritocracia, querida drugui, sugiro que vás militar junto à direita" (esqueci por um momento - e peço perdão, hehe - que a direita não propriamente "milita"). Se "perdoáreis" o malenque porém voni ódio por trás de meu messel, pretendo dialogar com meu antigo texto sobre meritocracia¹ ("Culpa? Vish! Desculpa, Sociedade...") e também lho complementar, para construir uma discussão interessante e mais teen.
 
   Na base da praxis revolucionária que adotamos em nossas djisnes, meus queridos, está o descrédito à meritocracia burguesa. Ela trabalha como se houvesse uma essência "à parte" nos seres humanos (talvez a alma, dada aos mesmos pelo carneirinho)², dobóg ou dodrûs, intocável ao contexto, que define seu comportamento e sua "relação com o meio" (admite-se, nessa concepção, uma conveniente diferenciação entre o sujeito e o mundo). Assim, o ser humano é culpado ou digno de mérito a depender de seu comportamento, suas decisões, as que faz "apesar do meio". Ignora-se que o sujeito é processo deste mesmo meio, videando-se o primeiro como agente numa "interação" com o último e nunca como seu produto. Essa distância do ser humano de sua materialidade imagina-o, ainda, como um jogador, num jogo onde as regras são iguais para todos e todos têm as mesmas condições (afinal, esse não é o jogo do mundo material - o sujeito está plusdistante do mesmo!).
   Messeio ser videável que a adoção da exposta concepção de "psique" tende a reproduzir os messéis mais risíveis da direita conservadora. Falta, entretanto (e apenas geralmente), é aprofundamento suficiente para compreender a igualdade de premissas entre nossas afirmações exemplos (A e B), abaixo:

A) "a culpa é da classe média, que tem condições para compreender os problemas da sociedade mas nada faz" 

tem mesma concepção de "psique" (quanto à "relação com o meio") de

B) "a culpa é do pobre, que não quer economizar, trabalhar duro e 'ascender socialmente'".

   Tanto em A quanto em B verifica-se uma crença na existência de algo no sujeito alheio à "materialidade": tanto a classe média pode ter as condições necessárias para compreender os problemas sociais e, ainda assim, não compreender, quanto o pobre pode não ter condições para ascensão econômica e, ainda assim, ascender. Agora, meus queridos druguis, eu vos pergunto: se não é a condição "material" que determina tais fatos (ou mesmo todos os fatos), o que será?

Por certo, há de ser Aten, nossa dobóg e querida divindade.

   Cansado agora, ("ó meus irmãos,") recolho-me agora a espatar (que, pois é, ainda vôn espatei), e deixo a proposta crítica à acomodação de alguns de meus druguis para uma próxima oportunidade.
   Abraços calorosos e cheios de genitalidade, com muito amor a todos vós e esperando que tenhais matado a saudade ("que presunção!");
 
Romeu.

PS.: Possivelmente ainda corrigirei este texto, então perdoai-me, meus amados, se relêreis este texto diferente amanhã ou depois;

Notas:

1- Entendo que as conclusões feitas a respeito da culpa podem ser invertidas (trocando-se os resultados materiais moralmente indesejados, presentes na culpa, por resultados agradáveis à moral) e aplicadas também ao mérito;
2- O exemplo dos seres humanos é especialmente comum e infestado de afetos contraditórios, mas o mesmo aplica-se também a todos os frutos da cultura e/ou à própria, como um todo.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Lacrimogêneo

lacrimogéneo 
adj.
1. Que provoca a secreção das lágrimas.
2. Que faz chorar.

(fonte: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em <http://www.priberam.pt/DLPO/default.aspx?pal=lacrimog%C3%AAneo>);

   Mais do que o gás que nos faz tossir e lacrimejar, enquanto sentimos queimarem nossos glazes e nossa gorlo, lacrimogêneo é videar (", ó meus irmãos,") que, finalmente, os nadsats acordaram para uma parcela da repressão exercida pelos cães do ingsoc. Lacrimogêneo, por outro lado, é saber que, em sua maior parte, ela ainda é invideável. Meu recado, receio, é tão necessário que é uma pena que permaneça apenas neste pequeno pedacinho do cybermundo-imundo.

    Serei direto. Tenho a esquezetar:

A) Do sectarismo; que, na manifestação grupal, o que importa são as causas que nos unem, não as que nos separam. Quando aceitamos nos apropriar da galoz de muitos, muitos, tantos de nossos irmãos, temos de aceitar que cada um deles é uma pessoa diferente: possui suas particularidades e suas discordâncias em relação ao que pensamos. A união, entretanto, como sabeis, serve à força. Essa é a função de idîn. Não cabe a nós tentar calar nossos irmãos, mas, mais do que isso, dialogar, encontrar os pontos comuns e tentar focar neles. Se isso não for possível, entretanto, a prioridade deve ser da liberdade de expressão: não é por sermos contra O Partido que podemos agir como ratos do ingsoc e reprimir a expressão de nossos irmãos.

B) Do "vandalismo"; que, caso considereis tudo o que a teletela voni chama de "vandalismo" como algo necessariamente ruim, não estais a considerar que a posse privada, ao menos da forma como apresenta-se para nós, na sociedade, NÃO É JUSTA, NÃO É LEGÍTIMA. A repressão da liberdade sexual, a lavagem cerebral e a ditadura do capital NÃO SÃO PACÍFICAS. Elas geram miséria, assassinatos, GUERRAS... violências inumeráveis, ("ó meus irmãos,") muitíssimo mais ultraviolência do que geram pichações nos veículos de transporte que deveriam nos servir e, na verdade, abusam de nós, ou do que enfrentamentos com os nossos queridos escudeiros do ingsoc, que fazem exatamente o mesmo, ou do que a destruição de lugares que exploram nosso massante trabalho, ignoram nossa pobreza e não apoiam a nossa luta. Se sois contrários à ultraviolência de alguns de nossos druguis, queridos, é porque não videais que ela é só a resposta desesperada (e quase sempre legítima) à violenta repressão que O Partido exerce sobre nós todos os dias de nossas djisnes. E nem estou esquezetando dos ataques pontuais, messeiados, planejados, cujo fim é a mudança (para melhor) de nossa sociedade.

C) Do próximo passo; gostaria de indicar que é necessário que sejamos conscientes de nossa utopia, que saibamos pelo que estamos lutando e como chegaremos até lá. O momento é propício à proliferação de discussões inúmeras e à produção de um método revolucionário consistente e combativo, capaz de originar verdadeiras mudanças em nossa sociedade e na forma de videar o mundo de nossos queridos irmãos e irmãs, lovequxs e devotchkxs deste mundo-imundo.

Tenho muito a fazer, meus irmãos, e vos deixo, por hora, com apenas isto.
Amo-vos muito.

Romeu.

domingo, 26 de maio de 2013

Cá e de Volta Outra Vez - Utopia: A Ação Direta Positiva

   Olá-olá, queridos droogies.
   Eis que tendes minha verbal companhia novamente e que, portanto, dirijo-vos novamente a minha humilde slovo para esquezetar.

   Sem as costumeiras demais delongas, trarei a seguinte questão à baila: as discussões e a ação direta da maioria das organizações "de esquerda" - e de todas as que, até hoje, "vosso humilde narrador" conheceu - trabalham com um ponto de vista "patologicista". Buscam diagnósticos de problemas sociais e veem, na luta e/ou através da mesma, o remédio para a patologia diagnosticada. Entretanto, os pressupostos de tal método ficam um pouco implícitos. Se considera-se que há uma patologia, considera-se também que há uma saúde. Se há sociedade problematizada e doente, há uma sociedade ideal (uma utopia) e "saudável";

   a) Um Exemplo

   Tomemos um exemplo qualquer, um exemplo ilustrativo - o mais atual e completo que tenho em mente é a discussão de gênero e o combate a homofobia. Vejamos a situação que esse exemplo nos oferece, resumidamente e dentro das possibilidades que nossa construção precária de saber possibilita.
   Temos, antes de tudo, uma história de luta que baseia-se no combate à opressão, que é tomada como uma patologia: a homofobia. Contra isso, pode-se argumentar que o termo homofobia é mais recente que a opressão aos homossexuais. De fato, é verdade que o termo é muito mais recente e tornou-se realmente popular, ao que me parece, apenas nos últimos anos. Entretanto, independentemente disso, definamos que a patologização consiste na definição do contexto que é necessário alterar para chegar à saúde (que, num contexto humano - e portanto cultural - é sempre uma definição ético-política: depende de um contexto, um ponto de vista, e deve ser analisada com os glazes nas implicações). Assim, por exemplo, nessa definição, esquezetar que gripe é uma patologia não é falar de um vírus cuja essência é a doença, mas sim do contexto em que esse vírus torna um organismo doente - o que quer dizer que temos, para esse organismo, um conceito de doença e saúde, definido por determinados princípios.
   O que seria, então, dizer que a homofobia é uma patologia, segundo nosso conceito? Significa dizer sim que existe um estado de saúde social (nossa utopia, como queremos que nosso mundo-imundo fique) e que, no contexto em que estamos, existe uma coisa chamada "homofobia" que separa, nesse aspecto, o status quo da utopia. Dentro desse ponto de vista, entretanto, toda luta envolve uma patologização (mesmo que não se admita), tendenciosa (porque política) e  precária, porém necessária, tanto quanto é a filosofia à ciência.

   b) Crítica ao Método

   Eis que patologizo, por assim esquezetar (já exercitando o conceito que desenvolvemos acima), agora, o método de ataque à patologia, que se utiliza, em geral, nas organizações de esquerda, como já disse acima. Não quero esquezetar, devo ressaltar (ou ressalvar - heh), que sou contra a luta combativa. Vôn luvêr isso. Sou, na verdade, a favor de a) uma maior consciência de nossa luta através do conhecimento de nossa patologização (saber o qual é nossa utopia - nosso ibóg - e o que a faz diferente do status quo) e b) a ação direta construtivista/utópica/positiva (ver mais a seguir, por favor, antes de crarcar qualquer coisa por aí), paralela ao ataque às patologias.
   Patologizo o a luta, assim, a luta cega e inconsciente da própria utopia, patologizo a desconstrução que não vise a reconstrução. Faço-o por perceber quanto ódio se criou por videar no homofóbico - ver nosso exemplo - um vilão, ao invés de amá-lo e compreender que ele não É a patologia e que a segunda não passa de um  fenômeno social.

   c) Utopia

   A ação direta construtivista/utópica/positiva que proponho é, por sinceridade, o centro do que "vosso humilde narrador" faz em seu cotidiano, gavoretanto com seus amigos, escrevendo e produzindo. Trata-se de construir uma mudança partindo do ponto de vista da construção: construir idîn, construir Ma'at, construir ribeldá, etc.
   Sempre baseada em uma utopia, vista como um projeto de mundo melhor, ela é necessariamente um ato político: agrega pontos de vista e visa o ibóg no qual se acredita.
   Positiva, no sentido em que atua pela lógica da adição (construção) e não da subtração de patologias, como acontece na luta combativa, ainda que geralmente envolva uma desconstrução anterior ou paralela e, também, uma mudança e portanto uma patologização do status quo.
    Por fim, gostaria de repetir que o que proponho não e a abolição da luta, mas sim uma luta mais consciente e uma constante atividade de construção a ela paralela.

    Cansado agora, queridos, estou indo espatar e ter belos sneeties com meus mais belos druguis.
                                                               Ludîn êo;
                                                               Dupliplus gostosos huggy-hugs!

Romeu.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Dostarre Nadsats

Hoje falarei àqueles loveques e/ou devotchkas impregnados do velho estilo, aos starres de espírito, os nadsats vônteens, que, há muito tempo ou recentemente, perambulam por este mundo sem esperança, sem vontade e sem prazer. Vós cujo glazes só videiam o que é dodrûs, engrandecem a escuridão do mundo para compensar o escuro que dentro de si, em seu âmago, o ingsoc tratou de implantar.
A vós que olhais para o mundo com os glazes de vossos pais (que, por sua vez, provavelmente ainda têm os glazes de vossos avós), tenho a dizer, primeiramente, que vos amo. Amo porque creio que o idîn é solução - porque é entendimento, porque é união que torna os unidos mais fortes - para muitíssimos de nossos problemas e corrige posturas moralistas substituindo-as por condutas que visam o benefício direto ao indivíduo (mas que estão longe de ser, no sentido dodrûs, "individualistas").

O ódio é o maior de vossos problemas, queridos: "odiais vosso próprio ser, odiais o mundo e odiais o fato de que odiais a todo momento" (Hatebreed), sem nem mesmo perceber, druguis, pois esse mundo é tão normalmente odioso e obviamente angustiado que tais coisas vos parecem inerentes à humanidade. Mas elas NÃO SÃO. O ódio é nada se não o fruto da solidificação de um entendimento neurótico, como já demonstrei, em Ultraviolência e Ódio. O fato que muito se parece construir e destruir através de ódio não é uma amostra da força dele próprio, mas sim do afeto humano (seja ele amoroso, odioso, alegre, tranquilo...). Nosso aparelho psíquico tem, de fato, o poder de unir todo o ser por um objetivo e de realiza-lo, por isso, com extrema habilidade. Esse poder, geralmente atribuído ao ódio, entretanto, existe também no amor, na tranquilidade e em todas as formas de concentração de poder individual ou coletivo. Porém, quando estais presos ao ódio, vos direcionais a um fim que não é racionalmente benéfico (pois a projeção do mal em um ser específico, feita pelo ódio é, como vimos (também no texto de 23/12/12), errônea, sendo que podeis encontrar muitíssimos exemplos exemplos disso na história (na Santa Inquisição, nas Grandes Guerras, no famoso Atentado de 11 de Setembro). Assim, o ódio torna-se apenas mais uma ferramenta, das líudes que vos querem ver destruídos, para concretizar tal desejo.

Se vos conseguistes compreender intelectualmente o ódio (visto que a libertação afetiva do ódio - que consiste em parar, de fato de gerar ódio - é um processo individual bastante complexo e que exige muitíssimo tempo), aponto-vos o segundo fator que vos envelhece, vos prende na autoridade do que foi dito por vossos ascendentes: o medo. Este pode ser considerado como a origem do ódio, na verdade, e, em determinado sentido, como integrante original de toda neurose. Ora, nenhuma prisão que não é fisicamente sustentada pode sê-lo por algo que não o medo, e este pela ignorância. Surgindo como uma forma afetivamente ignorante de defesa, o medo torna-se a base de muitas concepções equívocas: torna-se motivo para fechar os glazes, para não sentir o desprazer gerado pelo que se teme. O principal meio de combater o ódio, torna-se, assim, muito evidente: compreender, sentir e enfrentar. Desfazer o que, na história do indivíduo e da coletividade, gerou e propagou o medo.

A juventude que tereis de volta, ao enfrentar e superar vossa ignorância, vossos medos, vossos bloqueios, e vosso ódio, é a coragem de progredir, a coragem de estar no mundo, de enfrentá-lo e de senti-lo: tudo o que, em suma, vos levará, em nosso conceito aberto e livre de amor, a amá-lo.

Um beijo, amados;
Romeu.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Um Poema para Abraçar-vos, amores

Olá, novamente, irmãozinhos fofos.
Desta vez serei um pouco mais egoísta em minha postagem... Quero escrever algo que me dê forças para continuar... as coisas andam meio destruídas, destrutivas, doentes, velhas e envelhecedoras, por aqui. Poucas coisas têm sido luz... algumas pessoas, alguns lindíssimos druguis de meu coração, apenas. Lá vai, então, queridos. Espero que possa ajudar-vos assim como ajudará a mim:

Luz Que Brilha Para as Crianças

O mundo escurece, a notchi é longa, mas loveques ao redor da fogueira,
Que a eles aquece, trevas afronta, estes conhecem a paz verdadeira,
Pois nada padece, encontra sua cova, menos a slovo, que, má mensageira,
Distorce, entristece os homens que amam, druguis do povo, horda desordeira.

 Das cruzes, as más, sei, o  fogo é drugui, mas não o fogo que esquenta os amantes,
O fogo que faz do mal cinzas, delas novo viver, anarquia de antes.
O dia lilás, tão malenque, cai, nas semanas de trabalho massantes,
Difícil raskazz, boa gente, irmão, e admira-me que não tanto encantes...

Como eu... a mim encanta sentir que o brilho nos olhos destes lindos vence o gelo!
A Romeu, é belo cada devir que o trilho, destino destes lindos, vem trazê-lo,
A quem leu, não vos faz refletir o auxílio à luta destes lindos, num apelo!?

Sem saber, sois novo dia de sol, que abraça o frio e treva, forte, dodîn,
Sois prazer, sois vivo manto de mãe que arrasta o frio, a treva, a morte de mim,
Sois o ser, o uno pranto da terra vasta, no cio: da treva, da morte, o fim.

                                                                                                    Com muitíssimo amor, 
Romeu.