quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

    Olhar e enlouquecer. Ver é sentir e é enlouquecer. A imagem dói. Ela trai.

Retomo

Há muito muito tempo.

É quase uma eternidade. Um cérebro funciona; um processo cognitivo explica algumas coisas; depois volta-se contra si mesmo e percebe que, as explicações, ele as inventou a partir de alguns "dados". Mas - até porque também tem coração - ele toma essas invenções, como todas as outras, para que lhe ajudem a lutar.

Primeiro. As máscaras não se tornaram oikas (interioridades-por-gerir) por acaso. As contas google. Os drives. Foram decisões de viver muitas vidas. Fazer rede num único corpo. A partir destas linhas sabemos que não é tão interessante fazer isso. É preferível que todos nós - que podemos ser trazidos para cá - sejamos plenamente mortais (ou mesmo anjos da morte - pulsões em direção aos não-vividos são pulsões de diferença, de desindividuação).

Segundo. Os momentos de produção das máscaras foram momentos muito interessantes. O problema não foi o nascimento do Lobo, o nascimento da Lilá, nem mesmo do Romeu e do Rûs. Tudo isso foram fugas, em algum momento. Passagens de vida, se quisermos. E acreditamos poder utilizar essa tecnologia tão melhor quanto for possível evitar a transformação da passagem de vida numa espécie de "eu".


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Toda interioridade possível é uma desorganização possível.

Todo sistema possível, um núcleo de culpabilização possível --- toda imagem possível é um dado possível, 1 x \infty de relações causais possíveis.

Eu fabriquei tantas interioridades quanto pude. E preenchi-as com vida --- enchi seus drives de documentos, pastas, imagens, anotações... uma confusão em cada uma. De alguma forma, o meu corpo tem de se ver com todas elas.

A união de duas interioridades sempre produzirá uma síndrome depressiva?
Toda organização é uma união por princípios de identidade?

Cada conjunto de coisas numa pasta. A identidade é só uma ferramenta para acessar rapidamente. A identidade tem sua ficção admitida e tomada como máquina.

Não será também isto uma forma de sobrecarregar-me de interioridades...?

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Sentimento profundo do Submundo

Oh, sim, rapidamente, rapidamente,
é necessário tomar breve nota pois ontem a imagem surgiu
tudo funcionando bem, a imagem recortada sobre a cama organizada, coração bem, pulmões bem, tudo bem.

Na interioridade, uma história, um sonho e um beijo. Beijamos. Uma pessoa especial. Que função cumpria? A menina "do vestido da cor da romãzeira". Cumpria mesmo uma função? No meio da funcionalidade, Freud disse que as imagens do dia podem ser apenas roupagens para o que realmente importa (isso pra ele se coloca em termos de papai-mamãe-ego-falta -> 3+1). Se quisermos colocar a funcionar o regime do 4+n, podemos pensar num órgão respeitável como o cérebro produzindo suas respeitáveis organizações. Um beijo, que seria? A imagem, que seria? Aquela imagem... aquela pessoa... termos nos lembrado dela como alguém tão inacessível (alguém com quem esse encontro de lábios é uma conexão de realidades algo cindidas... --- de fato, essa cisão só pode ser aceita na medida em que é imaginária).
E temos uma interpretação...
aplausos.
Mas não só isso!
A cisão não é apenas imaginária, ela é também política. A saber, só não tanto quanto a política é imaginária (risos).

Mas rapidamente! ....
Queremos beijinho.
Conectar o mundinho.
Tão distante, tão incolhidinho.
Com o castelinho loiro de olhos azuis? Não só isso. Com o mundo desencolhidinho.

Será o beijinho a única ponte possível? Como desencolho o meu mundinho?
Nada feito dessas interrogações que ficam cartesianas até quando enunciadas pelo bebê.

O sentimento profundo do meu submundo.
Que potências ele guarda? As tenho sentido...
E a pergunta broxante: como desejar outra coisa? Por que eu quero o que eu quero?

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Sonoro.

   Estou com vontade de um calor do abraço sincero e acolhedor. Algo continente. Há algum tempo (nem me lembro) desloquei (?) esse tipo de abraço e não sinto nenhuma vontade dele com a minha mãe. Eu sinto vontade dele com as pessoas que eu fico (ou com pessoas que eu gostaria de ficar).

   Um retorno, fruto desta semana, me faz sentir esse calor como algo importante de novo.
   Um outro retorno me faz pensar no que ele esconde.
   Um outro retorno me oferece outro caminho para esse mesmo calor.
   Um outro... que eu devo chamar de platô? se oferece como permanência, na versão desse calor que tenho tido.

    Permaneço.
    Quem tenho sido?
      A vida me soterra e eu sou a gota d'água deslisando inevitavelmente, seduzida pelo centro da Terra.

    Antes era possível discutir uma linha de fuga da máquina individual.
    Agora discuto a sua importância e estratégias de autodisciplina.
    Agora repercuto.

    Sou sono. (ato falho!)

    so- so- so- sonoro.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Rumo ao esvaziamento da interioridade.

   Aquele olhar me fazia sentir o abraço do amor de mãe. É esse o tipo de coisa que governa os movimentos sociais? Ou somos simplesmente muito fracos, eu e meus botões, eu e as pessoas do diretório?
   Dizer alguma coisa que vai se esvaziando a cada palavra... sentindo que estamos destruindo um coletivo --- fantasma que foi convocado pra me calar? Sobretudo, não me sentia bem em posição alguma.

   Na manhã, eram os quatro ministros... "1984, batendo na sua porta da frente".
   Pegue todas as suas memórias, coloque-as na suuuua bolsa.
   Não pude dizer muita coisa coisa porque, quando se invoca um fantasma de boa gestão, o que vamos dizer? Individualizar a responsabilidade? A questão estratégica de "onde pressionar" se reposiciona como "não é culpa minha".

   Agora que posso responder:

   --- Dane-se, é com a sua responsabilização que nossa máquina funciona. Dane-se mesmo!

   Viaje pelo mundo, retorne ao coelho do sonho, o coelho do circo, o que senta sobre a cabeça, retorne ao pesadelo.

    Volte.

    Nada mais a declarar. Este é o esvaziamento da interioridade.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

   Todos os dias confluirão indefinida e inevitavelmente para o esgoto: apenas essa imagem para expressar um dia específico, em que me sinto no esgoto. Amanhã, eu sei, pode haver sol, e uma brisa de esperança pode reanimar qualquer babaca. Mas não sinto isso agora. Sou um babaca irreparável, até que isso passe. Mas também não sinto que passa. É infinito.

    Posso ler cem páginas sobre minha substância constituinte, o excremento. Que me será adicionado? Um pouco de pólvora no coração, entre os dentes, para falar e tossir maus argumentos, péssimas intenções - piores funções. O mundo ocorre à volta e eu sou a falha que persiste imóvel em seu centro (um centro cujo pensar é também falha: falha política, não a mitológica).

   E deixo então de pensar em mim, porque a expressão mesma disso tudo é falha serializada. Estendê-la é prolongar o seu efeito no mundo. Silenciá-la é necessário e tal deve ocorrer pela via radical. Nada mais.


domingo, 15 de março de 2015

A existência em chamas do quase-adiante

   Fazer isso tudo observando de longe o efeito da prática presente; a saber, aquela de tomar decisões por meio da guerrilha reacionária-resplandescente das palavras num underground tão inacessível quanto este aqui; um pedaço especialmente sombrio de um cybermundo mais amplo do que Romeu (o homem morto) imaginara;
   Eis, exatamente, que as vias do mundo se ampliam e fogem nas sequências lineares de Pinus elliottis, que o Mesmo que carregamos em nossa transcendência se borra na multiplicidade que é essa estrada mesma, ou melhor, nessa mesma estrada, porém nunca a mesma e sempre vária como o destino de alguém que segue até o final essas trilhas entre os pinheiros, como sempre quisera eu fazer; alguém que acampa por ali, entre as colinas e vaga à noite, talvez com dois ou três amigos (porque a noite é demasiado vária para eu suportar sozinho).

   Cada instante é um nada a ser tornado tudo;
   Cada instante é uma morte possível;
   A finitude em si mesma, no que ela traz de necessária ação no presente; necessário colapso com um passado em que essa visão da finitude (tão paranoica, diga-se de passagem) nos escapou em distrações e em prescrições paternas e maternas; prescrições de superego, de mais-valia de ego. Egos feridos a serem reparados na promessa de um sempre-novo (filho) que aqui sabemos(-nos) perfeita e inexoravelmente esgotável, consumível como nossos minutos (exatamente onde somos tempo queimando, para uma existência em chamas no quase-adiante).

   Esse sentimento esgotado que trago, ou que (merda!) já não trago; esse que só pude trazer (e tragar) por pouco tempo, seja o que for; a ele me quero ligar novamente, com ele quero viajar pelo mundo, pela vida, sabendo em cada instante o quanto vale a respiração. Sabendo o quanto valem as respirações de cada um dos seres que habitam o mundo todo.

   Sem Retorno;

domingo, 8 de março de 2015

Três de março;

Tecido vivo
Enjaulado no espelho

Produção de produção
tecida no relho;

O  problema do espaço
(Que as palavras cortam ou alongam?)
Realidade estendida
Representação... serrada?

O vário
Ou o nada?
A sobra
E a dobra.
A cobra...

Uma bela obra.

E nós num escuro
Tão cheio e sem arte
Sem todo, sem parte
Nem toque que farte!

Encontros, encontros
E o toque, puxa e larga
E vibra e briga à toda
E arrraasssta.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A volta e o fim de um vão nas folhas do caderno

Retorno a ti, imensidão tão simples do papel pautado.
Deparo então com meu colchão, jazendo ao lado.
Com minha mão sobre esse vão por ti deixado
Retorno a ti, é o vão tão simples do papel pautado;

Com minha mão no coração, peito encharcado,
E o coração sobre o colchão, longe do estrado;
Estrado: linhas que se vão (está quebrado!).
Há quanto tempo durmo em teu trançar cansado?
E o leito em queda a quanto tem significado
Tão maior que o estrado quebrado?

Retorno a ti, ó imensidão simples
Do papel pautado.

A haste entorta e a fenda encrava-se
Por dentro do buraco o buraco enerva-se e se dobra
A cama caiu e no chão definha
Há tanto tempo

E não fomos nós mesmas
(Eu e tu) que a concertamos?
Quando fomos e ficamos, e vibramos!
Tão humanos...

A montanhosa superfície da cama quebrada.
Rochosa infância, crescer... saber de nada,
A ruidosa pele na fenda, machucada,
E o pulsar de cada tábua martelada...
Há quanto tempo esteve a cama pra ser concertada!
e Retorno

Nessa imensidão tão simples de um papel dobrado
O quebrar da cama é pautar sobre o papel pautado;
O estrado só quebra a cama do meu coração acordado
Que jamais dormiu e jamais quebrou a cama acordado,
Que jaz ao lado,

Pois nós concertamos a cama
Quando consertamos na cama
Quando quebramos a cama
E rasgou-se o eterno retorno do papel
                                        [que está rasgado!]

domingo, 18 de janeiro de 2015

Encontro to say hi

    Morra num segundo como a faísca que você foi;
    Morro nesta labareda ideal apenas à frente numa linha quebrada pela realidade, justo onde não existo; Afundando meus pés na areia dramática do fim de toda poesia encontro-te ó coisa

    Nó de tudo isso que desata tudo que sou e me suspende à espera que sejas,
    Você
    Tudo que não fui.

   E todos rabiscos que deixo para trás ensina-te o ponto que não deves fazer
   Na desconexão que vibra é tudo isso que me convoca a escrever para você num único gesto de crédito
    O teatro vale pelo fim do teatro
    Quanto a operação desfez o que não sou
    Quanto foi
    É uma plástica...

    E me torno alguém, no fim das contas - finalmente alguma coisa nesse espelho borrado
    Esse segundo espelho tão eu que não posso ver mais
    nada mais
    nada mais

     Destruído e então retoma seu lugar na minha vida quando são os outros tantos os outros irmãos todos os fraternos ao nosso redor que te desejam ó labareda da existência

    Tudo o que tenho feito terá sido apenas tu, maldita?
    Terás feito tudo por mim enquanto queimo como a cera enquanto tu será?
    Encanto tusso e -há

    E nada disso!

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Seu maldito cara-pálida

    Leia dez páginas a mais do romance maldito
    Pseudo-anarquismo burguês como Roberto Freire pode ter escrito
    Como pode caralho
     Episódios para A Grande Família   
    Negrão Puta "Bati nela" e demais erros dos meados exatos dos anos 60
    Ou erros meus admita maldito covarde

    Leia as páginas e escute
    erros de outros homens errantes dessa vez dos anos 80
    furiosos e peça-lhes o efeito oposto
    daquele remédio chamado dramin
    que não te deixa vomitar
    a-saber-a-saber

    vomite com um homem inimigo do homem
    num meado menos exato
    e dessa vez
    80s os 80s

    Esteja novamente
    com pontualidade, alegria e um torpor maníaco-depressivo
    ao redor da mesa
    guaraná com açaí
    aperte o play

    descer
    depois descer a lenha
    era como falávamos
    sentindo-se superhardcore em Gramado-city a bolha fora do mundo real onde menos pode haver solidariedade no mundo

     seja você mesmo,
     seu cara pálida.