quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A volta e o fim de um vão nas folhas do caderno

Retorno a ti, imensidão tão simples do papel pautado.
Deparo então com meu colchão, jazendo ao lado.
Com minha mão sobre esse vão por ti deixado
Retorno a ti, é o vão tão simples do papel pautado;

Com minha mão no coração, peito encharcado,
E o coração sobre o colchão, longe do estrado;
Estrado: linhas que se vão (está quebrado!).
Há quanto tempo durmo em teu trançar cansado?
E o leito em queda a quanto tem significado
Tão maior que o estrado quebrado?

Retorno a ti, ó imensidão simples
Do papel pautado.

A haste entorta e a fenda encrava-se
Por dentro do buraco o buraco enerva-se e se dobra
A cama caiu e no chão definha
Há tanto tempo

E não fomos nós mesmas
(Eu e tu) que a concertamos?
Quando fomos e ficamos, e vibramos!
Tão humanos...

A montanhosa superfície da cama quebrada.
Rochosa infância, crescer... saber de nada,
A ruidosa pele na fenda, machucada,
E o pulsar de cada tábua martelada...
Há quanto tempo esteve a cama pra ser concertada!
e Retorno

Nessa imensidão tão simples de um papel dobrado
O quebrar da cama é pautar sobre o papel pautado;
O estrado só quebra a cama do meu coração acordado
Que jamais dormiu e jamais quebrou a cama acordado,
Que jaz ao lado,

Pois nós concertamos a cama
Quando consertamos na cama
Quando quebramos a cama
E rasgou-se o eterno retorno do papel
                                        [que está rasgado!]