quinta-feira, 9 de abril de 2015

   Todos os dias confluirão indefinida e inevitavelmente para o esgoto: apenas essa imagem para expressar um dia específico, em que me sinto no esgoto. Amanhã, eu sei, pode haver sol, e uma brisa de esperança pode reanimar qualquer babaca. Mas não sinto isso agora. Sou um babaca irreparável, até que isso passe. Mas também não sinto que passa. É infinito.

    Posso ler cem páginas sobre minha substância constituinte, o excremento. Que me será adicionado? Um pouco de pólvora no coração, entre os dentes, para falar e tossir maus argumentos, péssimas intenções - piores funções. O mundo ocorre à volta e eu sou a falha que persiste imóvel em seu centro (um centro cujo pensar é também falha: falha política, não a mitológica).

   E deixo então de pensar em mim, porque a expressão mesma disso tudo é falha serializada. Estendê-la é prolongar o seu efeito no mundo. Silenciá-la é necessário e tal deve ocorrer pela via radical. Nada mais.