quarta-feira, 30 de abril de 2014

Concepção do Órgão

   Neste fim de semana, quero parir o órgão.

   A forma de criação do neurótico é a sublimação, fruto da castração.

   A forma de criação da mulher esquizofrênica é o parto. Tem a ver com possuir uma máquina de fazer bebês. A Lilá possui seu útero.

   Neste fim de semana, quero construir um dispositivo de luta multidimensional e auto-atualizante, mas desde já destinado à morte.
   Aliás, conto também com o parto de um natimorto, um corpo ainda sem órgãos.
   Com isso quero dizer que nem tudo que vem da máquina de fazer bebês é perfeito e organizado.

   É isso mesmo.
   Esta é a concepção.

   Acolho os nervos de Deus (meu deus, Satanás) e seus milhões de espermatozoides.

    Lilá.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Fantasias

    Há um sentimento recorrente em mim de ser ferida bem no centro.
    É sentimento de perder a potência.

    Aí vem um careca do século XX e diz pra mim que é porque eu queria ter um piu-piu. Não, meu querido papai noel, não é bem por isso. Tem a ver com não-piu-pius que me foram tirados. Tem a ver com fazer meu máximo e ainda assim não ser suficiente. Tem a ver com não ser reconhecidx quando não se tem um piu-piu, isso sim.
    Eu vou colocando isso tudo no baú e mentalizando a perspectiva de, um dia, compartilhar isso em forma de amor. Vou me enchendo desse veneno quase neutralizado, desse vírus incubado, lombrigas, vermes, ou, mais precisamente, doenças venéreas (porque é nossa genitalidade que parasitam).
    Aos futuros compartilhadores desse pathos tão patético, peço desculpas e desejo (do fundo do Grande Coração, da forma que agora o concebo — o baú), que possamos fazer isso da forma mais revolucionária possível, mais libertadora, mais tranquilizadora que houver. 

    Ah, sim, e só porque agora eu finjo que sei o que é esse amor, não significa que o desejo tenha voltado a encapsular-se, gente. O desejo continua Anti-Amor e, devo acrescentar ainda, ele não poderia ser guardado como o amor (o amor no baú não é desejo, e nem verdadeiramente o amor é guardado — apenas uso isso como uma forma de suspender a tirania pseudo-orgânica do "funcione como o resto!).
    É tudo um monte de palavras e suspeito que não tenho sido compreendida. De qualquer forma aqui estou eu, chateando, percebendo e "guardando no baú". Pobres vetores. 

    Koshka, agora sei o (escrevi seio...) que viste a experimentar. É justamente esse "guardado" do meu "baú", que na verdade não existe. Ou seja, já estou destruindo novamente o (novo) Grande Coração e posicionando-o como uma fantasia na qual, na verdade, não acredito.
    Koshka, agora sei o que vieste experimentar. Foi o resíduo da cristalização mais tirana que pude fazer do meu desejo, foi o resultado de uma falsa submissão do desejo às palavras (amor, depois Amor, depois Idîn — pausa para cuspir). Toda essa produção constante de entulho neurótico que obstruiu as linhas de fuga do desejo, a linha de produção nômade, e passou a produzir apenas estrofes de mesmo. 

    Feito moscas iguais e foscas feito foscas iguais e moscas no jornalário.

    E quem me tornei, ali, então? Quem me torno pra falar com a Koshka?

    Enterremos nossos mortos de uma vez!
    Não nos importamos em matá-los de novo,
    e de novo,
    e de novo,
    sempre por um novo motivo,
    e de novo,
    e de novo,
    e sempre com mais porquês.

    Abraços integradores da pequena Lilá <3

domingo, 27 de abril de 2014

Com amor, Lilá.

    A gente topa ser chata em muitos momentos e isso é irritante, às vezes.
    Podemos ficar com aquela sensação de que preferiam que não estivéssemos aqui. Depois pensamos em identificação projetiva e então somos xs culpadxs novamente.

    Eu estava pensando em alguma coisa mais interessante do que isso durante a viagem, mas agora isso deixou de existir porque... ah, não, mas eu lembrei. O ambiente fica melhor.
 
    Agir amorosamente é agir de forma a produzir amor (ou seja, agir amorosamente é repetir a atitude edipiana-bem-resolvida — o velho abrir mão do objeto "pela civilização"). Garota, lembre de você sendo legal com um filho da puta e sentindo aquela sensação de contensão comportada, integração e, em cada uma das pontinhas, respectivamente, tristeza e raiva.
    Do ponto de vista dessa Lilá de agora, euzinha, é assim. Essa sensação não é do nada.

    Contudo, a opção desintegradora, a opção desjuntiva... ela não tem servido à convivência. É o que me parece. Especialmente porque todos esses movimentos se apegam com afinco extraordinário a essa palavra o tempo todo: "Amor", "+ Amor", "Amor primeiro", mas também "Ame-o ou deixe-o", "Ama ao próximo como a ti mesmo", etc.
    Além disso, o que é mais evidente, segregamos a esquizofrenia. Mas não sei se isso importa tanto nesse argumento, já que a gente segrega tudo o que é funcionamento diferente.

    Mas o Lobo tem muita raiva disso tudo e, como é de se esperar, eu (con)tenho a raiva dele. Temos raiva dessa tirania da integração, temos PROFUNDO ÓDIO, apesar de conseguirmos levá-la tão adiante em cada coisa.

    Pode ser o funcionamento do compulsivo, de um ponto de vista mais esquizo.

    Olha como acabamos produzindo coisas tão desinteressantes, meu lobinho. É por isso que te soltamos.

    Lilá-Hugz, como diria o falecido.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Lua Cheia: Eclipse



   Não, eu simplesmente não posso deixar que a sombra da humanidade me cubra.
   Não posso deixar que a sombra da Terra cubra minha maldita liberdade.

   Fodam-se lindamente todos os momentos em que eu pensei que poderia.
   Eu sou o maldito indomável.
   A merda que não passa sem ser dita.
   O palavrão que não pode deixar de ser dito

   FILHOS DE UMA PUTA

    Tudo isso tem a ver com publicações num maldito blog e com algum prazer que ainda se encontra por aqui em escrever pra ninguém, então foda-se.
     E quanto mais eu xingo e brigo, menos interessante isso fica, e QUE SEJA.

    Não se esqueçam, seus malditos, que não preciso da sua maldita aprovação. FODA-SE.
    Eu sou o lobo e não me canso de dizer porque é isso que eu expresso, ANTES, DURANTE E DEPOIS DE QUALQUER MALDITO ECLIPSE.

    A Lua Cheia, aliás, é só o totem que me chama, fruto do SEU MALDITO FOLCLORE, não é coisa de       Lobo, não é coisa de bicho: a gente não liga pra faíscas no céu a menos que elas façam aqueles barulhos desgraçados.
    A gente não liga.
    A gente transa todas as noites em que há parceiras ao redor, não em noite de festa, não em noite de Lua.
     A gente fode.

    Então não venham me dizer que vou passar sem uivar e sem morder ou urrar porque voccês não estão vendo um maldito círculo amarelo no céu (ou porque estão vendo um MALDITO círculo brilhante ao redor de um círculo preto, ou seja a porra que for).
     Não tem jeito de me domar.
     Desistam.

    Não tem jeito e não importa quantos malditos eclipses hhouverem.
    Não importa a maldição que tiver. A porra que tiver. O inferno que tiver.
    Sou o pecado que Deus não consegue tirar do paraíso. Eu sou a maldita macieira. Sou a cobra. Sou a terra que nutre a cobra e a macieira e a potência orgástica, orgônica ou sensível ou sexual, libidinal ou a outra merda que for. Sou o contato, a roçada, a lambida, que deixou Adão de pau duro.

     Deus não pode nos tirar daqui.
     Inferno acima.

AUUUUUUUUUUUUUUUU!!!!



Um oi e a vida no campo da experiência

    Eu tinha dito pro distinto rapaz que nos ouve em todas as sextas-feiras que eu não sei interagir mas isso é mentira. Hoje no diretório foi bom e hoje em meio axs outres colegas também foi bom. E tudo foi OK e pude me sentir como umx gatinhx que xs pessoes reconhecem. Não foi como se houvesse um problema comigo. Não foi como se eu tivesse que colocar um "algo que nunca sai" pra fora. Amor.
    Foi mais como se um algo saísse naturalmente do meu interesse mais ou menos "do nada" nas coisas que as pessoas dizem e na minha crença na possibilidade de que o meu jeito cheio de conceitos seriamente derrubáveis seja interessante.

    E a gente se cria e se destrói no discurso.
    E a quem acha que pode simplesmente se destruir, sem se criar o tempo todo, cabe o túmulo, a pilha dos ossos. 

O pó encobre o meu tempo
Fóssil vazio da nova era
Eu me sinto tão só, vou acabar numa
Grande pilha dos ossos deles (sic.)

    Descobri que xs amigues da velha terra podem ser amigues ainda e podemos ser um grupo ou uma manada e funcionar em conjunto. A única coisa é que eles são muito mais fixos nas suas próprias formas de funcionar e não topam uma banda divertida "na notchi" (como diria o falecido).

   A Atnia (esse também é um nome feio e velho) também parece um bom ombro pra apoiar, agora, um bom sorriso pra provocar, uma boa dança louca e frenética pra se tentar acompanhar.
    Xs Gatinhes de todo o mundo parecem pode se unir sem que isso seja uma revolução do proletariado gatal. Isso absolutamente não faz sentido.

    A Koshka tem aparecido no meu pensamento e isso está OK, agora que eu sei sobre guardar no baú e sobre investir em coisas novas ao redor. E agora que eu sei que tantxs pessoes lindes estão por aí querendo abraços e nos mandando corações.
    Mas certamente já estou esperando demais dessxs pessoes também.
    Sempre há o que se guardar no baú e redirecionar.

    Mas prometo:
    O caos do indizível virá,
    Destruirá nossos órgãos
    Funcionará sobre nós
    Conosco.

     Abraços Kalientes!!
     De Lilá <3

domingo, 6 de abril de 2014

Sono e Sonho

    "Sonar" podia perfeitamente ser um verbo. Equivalente a dormir.
    Eu sono, eu sonho. Isso é bem verdade pra mim, gente.

    Sonar e sonhar com as velhas coisas pode ser fatal. Pode ser que sonhemos com o velho abraço. X Gatx do abraço mais desejado está ali e nos ama e nos quer. E nos abraça.
    Se andarmos no caminho (tão deprimente!) da psicanálise, diremos que o sonho nos conta sobre o nosso desejo mais profundo, o mais importante. E lá está elx. Censurado apenas muito menos do que de costume. Abertx: pernas abertas, braços abertos, seja o que for.
     
    Mas nós estamos mais inclinados, hoje, a dizer que o desejo é sempre produtivo. E nós não estamos dispostos a abrir mão de uma de nossas produções mais intensas, que nos dobrou de forma mais irritante e desorientada. Odiamos a forma como ela nos fez caminhar para a morte, mas não podemos abrir mão das belezas que ela produziu pelo caminho. O zumbido da flecha cujo alvo não nos importa saber.

    Por isso é que guardamos no baú, com carinho, essas belezas. Guardamos para que possam produzir mais e mais no futuro, mas NÃO OUSAMOS dizer o que devem produzir!! Guardamos numa pastinha especial do arquivo: uma pastinha do coração. Pastinha do compartilhamento do inominável. Que seja. Eu guardo porque não sei como lidar com isso agora.

    Sonho com o teu velho abraço, é tipo ÓBVIO que não vou saber lidar...
    (mas pelo menos eu consigo não lidar!)

    O Lobo sabe lidar. Ele tem seu jeitinho (é jeitinho do foda-se). Claro que não dá pra descrever, mas acho que é como se ele pegasse o inominável pelo que ele carrega do próprio processo... precisamente pelo sensível mais primitivo. E acho que funciona, se um dia eu deixar, mas não é um objetivo. Chamemos de possibilidade, por enquanto.
    Mas eu quero pensar mais um pouco... tenho colocado o inominável no campo do improdutivo e portanto forçado ele à lógica meramente distributiva. Além disso, forço-o a ser distribuído pelo simbólico ou sensível simbolizado (oh, sim, porque nosso canino ficou com o sensível primitivo e radical).
    De qualquer forma, ainda parece uma organização... fazer do Corpo sem Órgãos o a pausa improdutiva (necessária ao processo de produção) é, de fato, uma prática industrial.
    O recreio ajuda a aprender.
    O intervalo ajuda a trabalhar.
    A aposentadoria ajuda a incluir jovens no mercado de trabalho.

    com abraços. <3 da Lilá

terça-feira, 1 de abril de 2014

Dia a Dia no Convés

    Estou aqui muitas vezes por semana e mesmo assim parece que vocês não me conhecem.
    
    Viver neste apartamento tem suas coisas.
    Hoje pensei numa coisa do tipo: pessoas que antagonizam extremamente umas com as outras podem ser fontes ricas de práticas de resistência em relação às práticas e especialmente à totalidade umas das outras.
    
    Se a sua privada for pequena demais, pode ser que um colega de quarto ou de apartamento faça cocô e o cocô fique grudado nas paredes da privada. Então você pode descobrir que seu xixi é um mecanismo de limpeza.
    Você urina sobre pedacinhos da bosta do seu amigo que ficaram grudados na parede do vaso e isso se chama limpeza.

    No dia-a-dia, você pode descobrir que comer o tempo todo é uma forma de ficar acordado, mesmo que você durma três horas e meia ou quatro horas por dia. Você quase dorme, então levanta, sai da sala, lava o rosto, enche a caneca de água e volta a sentar. Hiperidratar-se é uma forma de aumentar a pressão sanguínea e mantém você acordado e nervoso.
    Não acredite em mana, nem em chacra, nem em uma barrinha de energia que vai diminuindo. O menino elfo do Zelda pode funcionar desse jeito, mas você não: gastar energia mantém você acordado.

    Então pode ser que você tenha que ler um texto gigante e não esteja fazendo isso.
    E você percebe que são as palavras do Tyler saindo da sua boca.

    Os dedos são a boca no mundo dos teclados.
    Emitem fluxos de letras que se aglomeram... depois uma parte desse fluxo é chamada de espaço e algumas outras de pontos e vírgulas: cortam o fluxo em palavras, frases, texto.



    Abraçocas, gente. <3