segunda-feira, 28 de abril de 2014

Fantasias

    Há um sentimento recorrente em mim de ser ferida bem no centro.
    É sentimento de perder a potência.

    Aí vem um careca do século XX e diz pra mim que é porque eu queria ter um piu-piu. Não, meu querido papai noel, não é bem por isso. Tem a ver com não-piu-pius que me foram tirados. Tem a ver com fazer meu máximo e ainda assim não ser suficiente. Tem a ver com não ser reconhecidx quando não se tem um piu-piu, isso sim.
    Eu vou colocando isso tudo no baú e mentalizando a perspectiva de, um dia, compartilhar isso em forma de amor. Vou me enchendo desse veneno quase neutralizado, desse vírus incubado, lombrigas, vermes, ou, mais precisamente, doenças venéreas (porque é nossa genitalidade que parasitam).
    Aos futuros compartilhadores desse pathos tão patético, peço desculpas e desejo (do fundo do Grande Coração, da forma que agora o concebo — o baú), que possamos fazer isso da forma mais revolucionária possível, mais libertadora, mais tranquilizadora que houver. 

    Ah, sim, e só porque agora eu finjo que sei o que é esse amor, não significa que o desejo tenha voltado a encapsular-se, gente. O desejo continua Anti-Amor e, devo acrescentar ainda, ele não poderia ser guardado como o amor (o amor no baú não é desejo, e nem verdadeiramente o amor é guardado — apenas uso isso como uma forma de suspender a tirania pseudo-orgânica do "funcione como o resto!).
    É tudo um monte de palavras e suspeito que não tenho sido compreendida. De qualquer forma aqui estou eu, chateando, percebendo e "guardando no baú". Pobres vetores. 

    Koshka, agora sei o (escrevi seio...) que viste a experimentar. É justamente esse "guardado" do meu "baú", que na verdade não existe. Ou seja, já estou destruindo novamente o (novo) Grande Coração e posicionando-o como uma fantasia na qual, na verdade, não acredito.
    Koshka, agora sei o que vieste experimentar. Foi o resíduo da cristalização mais tirana que pude fazer do meu desejo, foi o resultado de uma falsa submissão do desejo às palavras (amor, depois Amor, depois Idîn — pausa para cuspir). Toda essa produção constante de entulho neurótico que obstruiu as linhas de fuga do desejo, a linha de produção nômade, e passou a produzir apenas estrofes de mesmo. 

    Feito moscas iguais e foscas feito foscas iguais e moscas no jornalário.

    E quem me tornei, ali, então? Quem me torno pra falar com a Koshka?

    Enterremos nossos mortos de uma vez!
    Não nos importamos em matá-los de novo,
    e de novo,
    e de novo,
    sempre por um novo motivo,
    e de novo,
    e de novo,
    e sempre com mais porquês.

    Abraços integradores da pequena Lilá <3

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