domingo, 6 de abril de 2014

Sono e Sonho

    "Sonar" podia perfeitamente ser um verbo. Equivalente a dormir.
    Eu sono, eu sonho. Isso é bem verdade pra mim, gente.

    Sonar e sonhar com as velhas coisas pode ser fatal. Pode ser que sonhemos com o velho abraço. X Gatx do abraço mais desejado está ali e nos ama e nos quer. E nos abraça.
    Se andarmos no caminho (tão deprimente!) da psicanálise, diremos que o sonho nos conta sobre o nosso desejo mais profundo, o mais importante. E lá está elx. Censurado apenas muito menos do que de costume. Abertx: pernas abertas, braços abertos, seja o que for.
     
    Mas nós estamos mais inclinados, hoje, a dizer que o desejo é sempre produtivo. E nós não estamos dispostos a abrir mão de uma de nossas produções mais intensas, que nos dobrou de forma mais irritante e desorientada. Odiamos a forma como ela nos fez caminhar para a morte, mas não podemos abrir mão das belezas que ela produziu pelo caminho. O zumbido da flecha cujo alvo não nos importa saber.

    Por isso é que guardamos no baú, com carinho, essas belezas. Guardamos para que possam produzir mais e mais no futuro, mas NÃO OUSAMOS dizer o que devem produzir!! Guardamos numa pastinha especial do arquivo: uma pastinha do coração. Pastinha do compartilhamento do inominável. Que seja. Eu guardo porque não sei como lidar com isso agora.

    Sonho com o teu velho abraço, é tipo ÓBVIO que não vou saber lidar...
    (mas pelo menos eu consigo não lidar!)

    O Lobo sabe lidar. Ele tem seu jeitinho (é jeitinho do foda-se). Claro que não dá pra descrever, mas acho que é como se ele pegasse o inominável pelo que ele carrega do próprio processo... precisamente pelo sensível mais primitivo. E acho que funciona, se um dia eu deixar, mas não é um objetivo. Chamemos de possibilidade, por enquanto.
    Mas eu quero pensar mais um pouco... tenho colocado o inominável no campo do improdutivo e portanto forçado ele à lógica meramente distributiva. Além disso, forço-o a ser distribuído pelo simbólico ou sensível simbolizado (oh, sim, porque nosso canino ficou com o sensível primitivo e radical).
    De qualquer forma, ainda parece uma organização... fazer do Corpo sem Órgãos o a pausa improdutiva (necessária ao processo de produção) é, de fato, uma prática industrial.
    O recreio ajuda a aprender.
    O intervalo ajuda a trabalhar.
    A aposentadoria ajuda a incluir jovens no mercado de trabalho.

    com abraços. <3 da Lilá

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