terça-feira, 28 de junho de 2016

Epitáfio de um calendário;

    Volto às nossas músicas e tudo é a óbvia solidão que só me resta elaborar. Apesar de tudo, fico feliz por ter recebido alguma notícia, porque um gelo não combinaria nada com este frio - doeria ainda mais do que a saudade. Espero do fundo mais profundo do coração que fique tudo bem, e que a distância seja realmente reparadora...

     Sepulto em algumas lágrimas o calendário desta semana.
     É preciso evitar o drama neste texto que, entretanto, é um desabafo. Não sei se posso.

     Neste dia de olhares tão profundos, de desejos... de planos... não consigo deixar de sentir que fui desatento, que eu deveria ter percebido o que estava acontecendo, que meus abraços deveriam ter sido mais apertados, que isso que perturba poderia, talvez, ter sido dissolvido em mais carinhos... Mas não posso me culpar, nem desejo isso. E sobretudo, imagino que ninguém deseje isso.

     As tarefas de amanhã ficaram subitamente tão pesadas que não quero pensar nelas, embora talvez precise. Eu estava dobrando sem perceber? Todo em direção a esse desejo, exceto naquilo que o calendário (mal) impedia? Não entendo muita coisa, mas vai ficar tudo bem, é o que creio.

    Muitos, muitos abraços e beijos, pra que tudo fique bem mesmo.

    Ps.: aquela bandeira que vimos não é a da Inglaterra mesmo, é a da Islândia. O nome desse país em inglês é Iceland, que é como se fosse "terra do gelo" (então as pessoas do clipe não deviam mesmo estar fingindo o frio). Descobri que Sigur Ros é traduzido como "Victory Rose", o que pode querer dizer "a vitória levantou-se" ou "rosa da vitória".

sábado, 18 de junho de 2016

O pesadelo sob a pele.

    De fato, encontrar-me tem seus momentos de dar de cara com um pesadelo. É o que eu sinto ao me encontrar, é o que imagino que todos sentirão, em algum momento. A exclusão do desejo do Outro, de fato, é a exclusão de vosso desejo em algum momento. Confirma-se um conhecimento sobre aquilo que endereço ao desconhecido --- justamente, esse falo que recuso-me insistentemente a ser, esse falo inexplicado que parece que eu deveria presumir, conhecer, esse enigma do que tu queres, que reaparece e que conjugo politicamente, mas que por fim recai em minha própria inabilidade de reconhecer a minúcia do teu desejo. Algo tão simples como "otods luseeparr lauganm ocsia ed mu sabbath-notchi". Difícil de digerir que eu tenha sido tão desatento, insensível... que eu não tenha compreendido a extensão dos significantes que vieram.
     Mas acho que posso ser perdoado. Creio mesmo que minha tristeza seja uma tempestade em copo d'água, que não devo presumir coisas que não me foram ditas, e que seria injusto não confiar na sinceridade que me dedicam.
      Assim estou mais calmo, porque confio nessas palavras.
      Peço desculpas pelo desabafo fora de hora e cheio de desrazões de toda ordem.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Hoje e esta noite.

    Hoje alguém me disse que estava "transbordando" alguma coisa. Como essa expressão agora me apaixona... então eu comentei: "ai, essa palavra é linda", e todos ao redor sorriram. Mas ninguém sabia como é estar com ela, ela transbordando. "Transbordando de novo",  tom de voz doce, ar impressionado. Eu estava impressionado.
    Este texto não dará conta da saudade, coisa triste... nem imagino como farei para chegar à ocupa. Nem imagino como farei para dormir com essa saudade. Nem amanhã, para atender com saudade.
    Eu queria que ela mandasse um "oi" virtual e dissesse como está... já não há tempo para tanto.
    Tá difícil.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Nota número quatro.

    Esta noite será especialmente fria. Espero que o teu cheiro no travesseiro dê conta de trazer-te aos meus sonhos.
    Pensei em toda a saudade, no amor que me tens dedicado. Pensei no que sinto, nos desafios da reciprocidade, em toda a saudade que me deixaste. Lembrei da foto enviada por tua anarco-colega de quarto.

    Chorei.
    Boa noite, pessoa linda.

sábado, 11 de junho de 2016

Uma anotação neste dia de apaixonamento.

    Eis portanto o dia que decretamos ser o dos apaixonados, não sem receio, substituindo o que não somos pelo que sentimos. À música da Tulipa Ruiz que ouvimos juntas, devo responder com seu próprio título ("Só sei dançar com você") --- as outras músicas desse álbum agora pareciam ecoar e ocupar precisamente a parte do pensamento que eu precisava livre para concentrar-me.
    Mas agora senti que do vazio por elas deixado não surgiu o que eu queria escrever. Fiquei pensando "o que seria...?"
    Posso escrever minha vontade de encher de carinhos a minha querida companheira de cafés, neste momento tão frio da madrugada... e eis o não-sono, que sentimos tantas vezes, e que só pude abandonar em nome de minhas Outras tarefas. O sono, disse meu professor Manoel, é um momento de parar de gozar --- o que, apesar de nada surpreendente, é importante do ponto de vista simbólico: dormir é mesmo deixar o corpo descansar dos seus afazeres; não passivamente, como um tanque enche-se de gasolina, mas sim pelo aval visceral que é necessário para que um corpo humano deixe-se descansar. Para dormir, é preciso, de alguma forma, dizer: "eu não quero mais gozar" --- ou, até mesmo, "eu posso não gozar".
    Chegamos em casa após o absurdo de gozos que foi o show da banda Surra (e outras bandas). Sobre isso devo parabenizar a todos os envolvidos e as envolvidas, e talvez principalmente a quem arremessava-se com tanta convicção sobre os corpos, imergindo desde o palco. Mas o que quero dizer é que, como em nossas noites de não-dormir, chego agora ao embate entre o descanso e a vontade de seguir acariciando-lhe as costas, enchendo cada centímetro de sua pele dos meus melhores mimos, e falando o que quer que seja desta vontade, baixinho, em seus ouvidos; ou, de cabeça vazia, olhar em seus olhos, só conseguindo sorrir em silêncio...
      Beijocas em você, querida companheira de café, caso leias este texto, pois deixá-las aqui guardadas é meu requisito para poder, em seguida, deixar cair meu corpo na cama. O sono me levará --- em suas próprias imagens ou pela energia que terei amanhã --- a encontrar-te novamente, pra que realizemos alguns dos motivos que, no fim das contas, nos salvam de simplesmente nos deixar dormir, eternamente.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Uma segunda nota de apaixonamento.

    Agora é um sentimento que preciso registrar para conseguir prosseguir com as tarefas. É que saí do meu sistema habitual... não é o mesmo tipo de desejo que me tem movido. Alguma coisa dessa segunda ordem desejante me faz sentir que, finalmente, estou sendo deslocado pela via mais crua do querer. As tarefas, às quais pertencem ao sistema "de sempre", ficam em segundo plano, porque parecem decorrer de um processo de construção de sentido mais complexo, mais amplo, talvez fruto de processos primários de meta inibida... o que importa?
    De fato, pensar em processo primário é nebuloso e pouco parcimonioso. Estou, digamos, em um momento de esquemas de comportamentos predominantemente controlados por reforçadores positivos amplamente generalizados relacionados à minha querida companheira de cafés. Imaginei então que o que costuma me mover é o reforçamento negativo. . . uma compulsão negativamente reforçada pelo alívio do excesso de racionalizações autocríticas, e positivamente pelos ciclos de comportamentos compulsivos?
     Um texto nada romântico e que diz, talvez, muita burrice.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Uma primeira nota de apaixonamento:

    Às vezes algumas coisas acontecem tão inesperadamente que a gente fica impressionada. Como isso: nós dois, implicados na ida para o Encontro no qual não fomos... os papos que daí resultaram... mil cumprimentos que eu não vi, "ois" solitários, como os deixei flutuar por tanto tempo, puramente por desatenção. E algum ímpeto que ela teve - pelo qual, de fato, já lhe agradeci pessoalmente - de fazer seus ois valerem depois de tudo. Diante dos Lanceiros Negros e dos porcos, uma oficina de assovio e meu desempenho nada apaixonante. Uma conversa pode ser iniciada com: "e aí, assoviando muito?"

   Um convite para um café no seu quarto; esse é o convite mais fofo do mundo, não susteeeento.