domingo, 23 de dezembro de 2012

Culpa? Vish! Desculpa, Sociedade...

Oi, queridos irmãozinhos.
Venho hoje desconstruir um conceito que me atrapalha muito no dia a dia, de uma vez por todas, porque não aguento mais essa kal me enchendo os yarblos. Eis o quê: Culpa. Algo construído em nossa cultura que nos faz sentir arrependimento, que nos faz fixar no passado e sentir muitíssima dor por ele, ou que nos faz condenar odiosamente uma parte específica de uma escala racional, para a fixação da raiva. Mas... sem que nos enrolemos, vamos prosseguir:

Consideremos um indivíduo x, que vive como um bom cidadão exemplar, cristão (e ensinado a ser cristão), bom aluno e então bom trabalhador, cheio dos bons e velhos conceitos conservadores tapadores de glazes. Ele videia o mundo ao seu redor, feito de agonia para alguns e de abundância neurótica para outros, um mundo de tristeza onde poucos buscam conhecer o real significado da felicidade e o real sentido de sua vontade. Ele conhece os meios de acesso à informação disponíveis na sociedade atual e não busca conhecimento porque seu intelecto se organiza de uma forma pela qual não sente vontade de fazê-lo.

Poder-se-ia considerar, usualmente, que:
a) O indivíduo é culpado pela própria desgraça. Ele poderia alterar sua situação, mas não faz tal coisa, por falta de vontade, por "preguiça".;
b) A sociedade é culpada por transmitir ao indivíduo todos os valores que o transformaram no que ele é;
c) Seus pais, por deixarem a sociedade exercer os efeitos do item anterior e por terem, em parte ou totalmente, também transmitido-os, são também culpados por tal coisa;
d) O governo da sociedade do item b é também culpado e, comumente, é considerado como o centro de toda a culpa pelo estado atual da sociedade, que transforma os indivíduos no que são para que elejam governos como o de que tratamos.

Do exposto acima, que se encontrou em praticamente todas as discussões políticas das quais já participou "vosso humilde narrador", podemos deduzir algumas coisas. Primeiro, que todas as etapas de um ciclo são culpáveis sobre o mesmo. Se interrompêssemos qualquer das etapas do ciclo e a substituíssemos por atitudes que visassem o bem geral ou o do indivíduo em questão, teríamos o fim, ao menos parcial, do ciclo vicioso. Segundo, que a culpa costuma ser equivalente ao poder das instituições de cada etapa. A culpa do Estado é videada como maior por ser este a instituição mais poderosa do ciclo, segundo o videar comum. Terceiro, e mais importante, é que a culpa parece fluir de fase a fase do ciclo humano, em todas as situações vitais, em todos os âmbitos humanos (aos quais o conceito de "culpa" é considerado como aplicável), como se não estivesse fixa em nenhum deles, mas sempre através do poder.

Consideremos uma outra situação, do desenvolvimento de um trauma infantil qualquer, em uma criança de poucos anos de idade. Aquilo que tem mais poder sobre a criação da criança são seus pais e, evidentemente, neles videaríamos a maior parte da "culpa" pelo trauma. Em segundo lugar, veríamos talvez o resto da família, depois o Estado, por não educar corretamente os indivíduos à paternidade, ou a sociedade, por exercer má influência sobre os indivíduos específicos. A criança, despida de poder (de consciência sobre a formação do próprio caráter), "não tem culpa" pelo próprio trauma.

Mais uma vez, a sequência de deduções feita da primeira consideração torna-se verdadeira. A culpa reside, no ciclo humano, onde quer que haja poder. Sempre que houver poder, numa relação de causa e consequência que não condiz com o desejo moral, aquilo que se considera como certo. Ora, nenhum dos efeitos esperados seria reversível a menos que um dos componentes do ciclo fosse alterado, ou seja, não mudaria a sociedade a menos que mudasse o indivíduo, não mudaria o indivíduo a menos que mudasse a sociedade, e não mudaria a sociedade a menos que mudasse o Estado, tudo isso, evidentemente, sofrendo efeito de muitíssimos outros fatores, mas nenhum deles sendo capaz de mudança sem causa("autogerada"), ou fugindo a relação de causa/consequência que estabelecemos.

Ora, se tudo tem uma causa, de que nos adianta culpar algum fator x ou y, por um fato ou outro? Cada individuo é responsável por si mesmo, evidente, e é capaz de gerar mudança através de sua liberdade (que também tem causa, mas que ainda não está determinada). Esse conceito, que a mim é bastante complexo de compreender, é estudado por pensadores com Jean-Paul Sartre, e vos recomendo a leitura dos mesmos, meus lindinhos.

Em princípio, temos que:

  • A culpa é uma projeção humana da raiva sobre um fator de uma relação de causa/consequência moralmente indesejável.
  • A única "culpa" concebível, reside na responsabilização do indivíduo pelo projeto de seu devir, através de sua liberdade. Não há culpa, exceto a do indivíduo, pela sua própria existência, pois sem que o mesmo se responsabilize por si, ele tende à estagnação, dando a si mesmo como já determinado e pronto, sem que esteja-o de fato.
Grande abraço a vocês, meus caros druguis.
Amo-vos muito. Espero poder contar com comentários de dúvidas, questionamentos e críticas sobre o tema, ainda que o mesmo seja bastante filosófico... o que costumais considerar não muito horrorshow, se não me engano.
Abraços infinitos, queridos, beijos e muito sexo genital, se pudéreis suportar.

<3 Romeu

Ps.: (24/01/2013): Encontrei o seguinte, druguis, sugiro que deis uma videada. O primeiro rapaz concebe algum tipo mérito, ao que parece, mas ele desfaz vários nozinhos chatos e parece ser um amor de pessoa <3 - Heh. O segundo loveque defende o capitalismo com conceitos bem meritocráticos  Videar um após o outro deve ser no mínimo positivo à reflexão. Aliás, dize-me, não parece que o rapaz do capitalismo vos quer devorar?

Ps.2: (21/07/2013): Ver também o novo texto "Plusnovo Toltchoque à Meritocracia".



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Pais e Filhos

Olá, lindos.
Creio que o que hei de falar hoje seja um toltchoque para muitas líudes por aí. Jamais me importei em dar uns toltchoques progressistas, entretanto, então sugiro que essas líudes já comecem a se preparar para me dar seu perdão.

Bem... o que está a me preocupar é que videio muita gente com potencial plusteen ao meu redor sucumbir à força que a sociedade kal dá aos papais e mamães e se tornar starre por isso. O superpoder parental representa uma arma dada ao conservadorismo voni. É uma forma de manter o que é velho e impedir a eclosão do que é novo, mas também de tornar os nadsats submissos e impotentes diante de qualquer "olhar (ou videar) de repreensão". Esse videar de repreensão pode ser tomado tanto literal quanto simbolicamente: está representado nos gestos que denotam desamor, como um olhar de reprovação vindo dos pais ou de quem quer que seja, mas também na repressão e no preconceito de uma sociedade inteira, quando a mesma, enferrujada e cheia de dobras desnecessárias, desaprova qualquer coisa. Somos ensinados a temer o verbo que nos contradiga, a associar à dor um simples tom da galoz de nossos pais, professores, patrões, governantes e/ou líderes religiosos. Quais as bases dessa associação?
a) A expectativa do Castigo Físico: para a grande maioria das pessoas, a desaprovação paterna (e materna) foi demonstrada verbalmente ou simbolicamente em primeira instância, porém fisicamente em segunda. Assim, a desaprovação verbal torna-se o aviso de que o castigo físico poderá/irá acontecer.
b) A negação da perspectiva de Recompensa: ainda para a grande maioria das líudes, a aprovação dos pais representa uma recompensa em forma de carinho (amor) ou de quaisquer outros benefícios. A desaprovação representa, assim, a negação dessa possibilidade.
c) A associação simbólica ao desgosto, ao desafeto: o olhar de reprovação representa o contrário do amor simbólico, da vontade de unir-se ao ser que lhe agrada.
(Creio que existam outras associações, mas os itens acima já nos dão base para prosseguir, e a maioria das outras possibilidades pode ser reduzida aos mesmos.)
Enquanto o medo da desaprovação do outro nos induz à não argumentar, a desconstrução do temor ao olhar de desaprovação (simbólico e físico) é fonte de grande liberdade: torna impotentes contra nós aqueles que usam os símbolos do ódio como arma.

Seguindo adiante (não sei se me perdendo ou me encontrando nesta exposição), quero esquezetar que a manutenção do poder parental sobre o indivíduo quando este não mais depende intelectualmente dos seus pais é algo bastante questionável. Se dependência material é o que determina a total autoridade dos pais sobre os filhos, ao ponto de que lhes é permitido castigá-los ficiamente, em que isso é diferente de um regime escravocrata? Além disso, por que motivo infeliz se considera no senso comum que a maior influência intelectual de um indivíduo tem de ser a de seus pais?

Não pretendo me prolongar muito. O ideal seria videar alguma contra-argumentação para continuar esta exposição. Há muito tempo, me sinto aqui gavoretando odinoki.

Abraço, lindos.
Amo-vos.
Romeu.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Emersão, Raiva, Amor e Pseudoempirismo Idiota.

Olá, queridos droogies. Volto a vos escrever, depois de tão longo tempo (tempo este em que estive imerso em um mundo distante, profundo e denso), para expor algumas ideias de uma forma nova e em sequência.

Sobre a Raiva:


  • A raiva, meus amigos, ou a ultraviolência, como já tratei em outra ocasião, constitui-se da agressão reprimida (mesmo que logo antes de ser colocada afora através da ação - que não necessariamente é uma violência, mas sempre é ativa).
  • A raiva "concentra-se", frustra o corpo e se torna "raiva neurótica" quando se nega (mesmo que desviando ou mascarando) a sua expressão (a agressão).
  • No caso de frustração neurótica da expressão da raiva, é necessário trabalhar a) a CAUSA do desvio neurótico da raiva - de forma a "estancar" seu acúmulo e evitar futuras repetições do problema - e b) a energia desviada/acumulada - de forma a "colocá-la afora", restabelecendo o curso normal da energia: 
ESTÍMULO -> AGRESSÃO (REAÇÃO, AINDA QUE PACÍFICA)

Sobre o Amor:


  • Considero-o como sendo a UNIÃO, seja ela Física, Psíquica ou Filosófica. Livro-o, ao mesmo tempo, de todo o caráter obsessivo/compulsivo (normalmente associado a ele conceitualmente) e de qualquer outra forma neurótica a que o status quo associa-o.
  • .Não creio que a união institucionalmente regrada faça sentido: determine a instituição a monogamia (e/ou monoandria), a duração da união, a forma da união, sua estética ou seus limites. A união deve, creio eu, ser determinada pela vontade do indivíduo e pelo objetivo que o mesmo estabeleceu para o próprio processo, apenas. Assim, guiado seja o amor pela FELICIDADE.

Sobre o pseudoempirismo Idiota:


Quero tratar deste tema há muito-muito tempo, caros druguis. Quero pois entro diariamente em contato com atos e reações baseados estritamente nisso que chamo de pseudoempirismo idiota. No que ele consiste?
  • Consiste na posição diante da discussão que afirma que tudo que, a princípio, não é óbvio, não merece ser discutido. Provém, em geral, da indisposição à discussão filosófica, à crítica da validade do próprio argumento, à discussão subjetiva.
  • Esse pseudoempirismo ignora, por exemplo, todo o defeito a que está sujeito o aparelho sensitivo humano (especialmente o neurótico). Acredita que toda a verdade que ele não pode sentir inexiste PARA SEMPRE. Nesse ponto, nega o próprio progresso pela confiança em sua própria perfeição divina: "sou perfeito, meus sentidos são perfeitos, meus argumentos são perfeitos e minha consciência está pronta e não pode evoluir".
  • Em sua construção existe, provavelmente, uma ENORME quantidade de neuroses e não pretendo discorrer sobre todas elas além do caráter geral que apontei nos tópicos acima.

Creio que isto seja suficiente para a humilde volta de vosso narrador.
Abraço e sexo genital a vós, lindos e fofos loveques e devotchkas deste cybermundo-imundíssimo.
Até logo, espero;

Romeu.

domingo, 30 de setembro de 2012

Carta de Romeu, o Autocrata - Parte II

Olá.
Eis a conclusão de minha carta à devotchka anônima que comecei em â-postagem anterior... na verdade, ela funcionará como uma segunda carta que completa a primeira; Espero que vos seja ainda produtivo, lindões.

"Olá Drugui. Sem muito me problongar, escrevo aqui a conclusão do que comecei com a primeira carta que escrevi-te.
Respondo à acusação por ti feita de que minha ação questionadora é autocrática, ainda que ela tenha vindo, ao meu videar, sem a devida argumentação e com uma imensa thelema por calar-me. Digo que: a) Minha ação diante dos indivíduos difere de todas as outras comunicações pelo conteúdo, não pelo método e b) Ela é, por isso (a), análoga a qualquer diálogo, sendo sua censura uma opressão à minha expressão. Sustento que autocrático é calar-me e não expressar-me. O medo da reação da tua própria reação ao que eu digo é a expressão de tua inconsciência do que há dentro de ti.

Não quero estender-me. Apenas espero que leias isto e que me compreendas, porque entendimento também é amor e eu plusdesejo o teu idîn.

Abraço imenso e intenso
          e beijão,


Romeu."

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Carta de Romeu, o Autocrata - Parte I

Oi oi, druguis todos. O que escrevo seguir consiste em uma carta dirigida a uma devotchka específica (que tratarei por Drugui, pois não quero revelar seu ímia real), mas que quero dividir com todos vós, messeiando que vos será produtivo.

"Olá, Drugui linda. Espero que isto aqui não te chateie, apesar de teres dito-me que o iria... meu thelema aqui luvêr, como sempre, aproximar-te de Ma'at, Ribeldá e Idîn - daquele que julgo ser o caminho mais curto a ibóg... o teu ibóg, preciosa amada.
Questionaste, em nossa última conversa, a legitimidade de minha ação ao tentar "mudar outros indivíduos" (ação supostamente arbitrária, impositora) e é ela que eu quero demonstrar, argumentar e legitimar, queridíssima Drugui.
Primeiramente, gostaria que estendêssemos o questionamento que fizestes a todas ações semelhantes à minha, ou seja, todas as expressões que buscam uma mudança nos indivíduos. Assim, messeio que chegaremos a uma conclusão geral sobre esse tipo de ação e eu, convenientemente, admito, terei minhas analogias mais perto da discussão, a partir de agora.
Esclareçamos que as mudanças desejadas pelas ações em discussão são todas as mudanças realizadas por um ser em um indivíduo, através de qualquer forma de expressão. Qualquer mudança gerada de tal forma está dentro de nosso desenvolvimento atual. Se admitirmos que qualquer absorção de informação ou questionamento interage com o intelecto de um ou mais indivíduos, então aqui questionamos a ação dos meios de comunicação massificados (tua dodîn teletela, o rádio, a internet - e, especificamente, ESTE BLOG), dos livros, dos panfletos, dos cartazes, etc., etc. Questionamos a comunicação.
Afirmar que a expressão questionadora tem sobre os indivíduos efeito autoritário não constitui verdade alguma. Qualquer pessoa incomodada com um questionamento tem sempre o direito a afastar-se, parar de ouvir, parar de "ser mudado". Além disso, supor que a mudança que realiza-se através de questionamentos é autoritária é afirmar que calar é mais democrático. Isso me soa bastante risível, inclusive. Prossigamos mesmo assim, visto que o que meu argumento é plena e racionalmente demonstrável.
Se um questionamento causa irritação a um indivíduo e incomoda-o, é porque trata-se ou de um questionamento jamais feito (e que, assim, inaugura novo caminho à razão - algo que quero admitir como positivo aos seres humanos em geral), ou de um questionamento cuja resposta incomoda o indivíduo (que nesse caso teme a própria concepção da verdade, algo que é extremamente positivo superar, convenhamos). Calar o questionamento é calar a essência da própria ciência que, a princípio, apenas torna claras ao indivíduo suas próprias concepções e incertezas. Ora, não há problema algum em ter claras as próprias concepções e muito menos em sanar as incertezas, a menos que se prefira ser cego a videar claramente o mundo-imundo - escolha aceitável e que, nesse caso, deve ser feita com surdez e cegueira do receptor frustrado e não com mudez de um locutor qualquer.
Os indivíduos têm em si concepções que perceberam e receberam de outros seres. Se é possível agir sobre o seu intelecto é porque alguém ou algo já teve o direito de fazê-lo, quando sua consciência surgiu das primeiras percepções do id ou quando o superego foi-se formando. Ora, foi a escolha "natural" de seu id perceber e dar origem às coisas "sabidas" (e portanto conscientes e pré-conscientes). Foi a ação dos objetos e seres ao seu redor que os fez entender o mundo da forma entendem, a menos que concebamos que tal coisa veio do limbo, da alma, d'O Carneiro e afins.

Concluo em minha próxima postagem, devotchka de meu S2

Vôndoifinot Ba'roç,
Romeu."

domingo, 16 de setembro de 2012

O Partido

Olá, meus druguis - e este olá é quase que incomumente importante, após tanto tempo sem que eu escreva ter passado... Muitíssimo mais do que o habitual: desde o dia 24 de agosto, lindos companheiros, não escrevo nada neste nosso pedaço do cybermundo-imundo. Volto a escrever, após todo esse tempo, para fazer algumas colocações sobre o Partido (aquilo a que todo o pessoal starre denomina Estado).

Estando, em sua maioria, acostumados a videá-lo como imutável, sólido, essencial e benéfico à sociedade, os indivíduos,  em geral, esquecem de perceber algumas coisas sobre o "Estado" (e sobre o "não-Estado" - heh). Quero mostrar as que videio mais importantes.
1) O Estado precisa existir para os seres que não conseguem amar. Um videar utópico?
Suas regras e instituições servem para livrar-nos da injustiça, garantir o bem do povo que o construiu, mas todo o indivíduo que deseja justiça  e bem para si deseja também, através do amor completo, a justiça e bem para o outro... o que quero dizer luvêr que, se vos amo, meus druguis, sou justo convosco e ajo por vosso bem por idîn, não por lei. Se preciso da lei para desejar o vosso bem, é porque o amor não foi suficiente para garantir tal coisa. Se preciso do Estado para unir-me a vós, é por que o ódio garantiu que uma barreira se formasse entre nós e, para manter-nos juntos e evitar minha fraqueza, minha solidão, preciso que uma instituição de poder faça-nos unir.
2) O Estado, portanto, não precisa existir para os seres que conseguem amar. Se todos os seres humanos conseguissem amar uns aos outros intensa e ilimitadamente, compreendendo suas necessidades, seus problemas e sua thelema, e desejando o seu ibóg (a realização do projeto que construíram para si mesmos), não haveria violência que não a orientada à neurose, não haveria injustiça que não aquela que todos desejam findar na raiz, não haveria desigualdade que não a diferença.
3) O Amor é o caminho para o bom funcionamento de uma Anarquia. A extinção do poder que obriga os indivíduos a agir de forma viável à convivência em conjunto só é substituível pelo entendimento do benefício da união, presente no amor, que os faz QUERER agir de tal forma, mas não os obriga.

É claro que isso tudo que coloquei é extremamente básico, ignorando muitas especificidades e complexidades, mas, crendo que isso introduz, de forma satisfatória, o que penso sobre a premissa principal para a necessidade do Estado, o desamor, e sobre sua desestruturação através do amor, deixo-vos por aqui.
Espero que todos aqueles que tiverem opiniões divergentes possam expressá-las para que aqui gavoretemos e busquemos a aproximação da razão.
Um vôndoifinot Baaroç. Amo-vos dupliplusmuitão.
Romeu.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Voto ou Ação Direta?


Vocês estão sendo enganados, bons eleitores, vocês estão sendo ludibriados, eles os bajulam quando dizem que vocês são a justiça, o direito, a soberania nacional, o povo-rei, homens livres. Colhem seus votos e é tudo. Vocês não são mais do que frutas… bananas.
Zo d’Axa. “Aos eleitores”. 3 de maio de 1898.


Mais um ano eleitoral chegou. E, mais uma vez, lá estão os políticos. Nas ruas, nos jornais, nos onipresentes “santinhos” ou na tela da televisão: prometem transformações, vomitam slogans ridículos, dizem que “agora vai ser diferente”. No entanto, passam as eleições e as coisas não mudam profundamente.
Escândalos de corrupção, elevados níveis de violência, precário sistema público de saúde, falência da educação, repressão aos anseios camponeses por reforma agrária, criminalização de movimentos sociais populares. Mazelas e misérias historicamente construídas pelo modo capitalista de viver e de organizar a sociedade.
Se há mudanças mínimas, liberdades duramente conquistadas e relativos alargamentos na “área da cela” na qual sobrevivemos (como diria o anarquista Noam Chomsky) elas foram fruto da pressão de movimentos organizados, do clamor das ruas. Movimentos que não se contentaram em ser guiados pela pauta das casas legislativas.
Ainda que, a partir do século XVIII, a burguesia tenha se voltado contra o absolutismo do Antigo Regime – em nome de “liberdade, igualdade e fraternidade” – a noção de soberania popular foi se relativizando (e se enfraquecendo) na medida em que o poder burguês foi consolidado. Uma vez no comando, a burguesia não hesitou em limitar a participação popular a um mínimo, utilizando-se de ferramentas tanto de repressão quanto de convencimento. E, com muito custo, foi absorvendo em seu favor alguns dos anseios das massas – sufrágio universal, participação da mulher, voto secreto, etc.
Atualmente, os elementos persuasivos são largamente utilizados por um eficiente aparato de propaganda. O slogan governamental decreta: “O destino do eleitor está em suas próprias mãos”. Assim, o discurso oficial identifica o ato de votar (ou apertar botões, em sua versão mais moderna) como o momento máximo de “cidadania”. Não se discutem evidentemente, os limites desse modelo ou as formas de aumentar a participação de todos em seus destinos, de modo efetivo. A eleição acaba sempre sendo um bom negócio paras as elites. Uma das maiores armas das oligarquias é justamente a desmobilização – que se amplifica ciclicamente no ritual das urnas. A direita só clama por mobilização popular quando se organiza com vistas ao retorno da “ordem” ou ao fascismo. Mas o fascismo torna-se necessário apenas quando as ameaças parecem transbordar as urnas, e as ameaças às estruturas do sistema só ocorrem com muita mobilização e organização popular.
A pseudodemocracia vigente adormece a possibilidade de esclarecimento, de conscientização, de organização e de ação política em seu sentido mais incisivo: o de atuar na pólis, na cidade, no bairro, no cotidiano, a partir de organismos autônomos, horizontais, assembleias, associações de bairro, conselhos de operários – ou quaisquer outras definições do que, na essência, significa democracia direta.
Os anarquistas sempre estiveram atentos frente às estratégias mistificadoras da democracia burguesa. Buscando fugir da ação política institucionalizada – como diria Jaime Cubero, essa grande “arma burguesa de retardamento” da democracia direta – a proposta anarquista caminha no sentido de estimular a autonomia, o protagonismo dos cidadãos, a política feita de forma direta; distinguem-se assim de outros setores da esquerda que apostam em vias eleitorais.
A participação nas eleições pelos partidos políticos de esquerda nos mostra a problemática de usar meios inadequados para alcançar certos fins. Há os que querem usar as eleições “apenas como propaganda”, como se fosse possível competir com o aparelho burguês por seus próprios mecanismos, sem caricaturar ou ridicularizar as propostas socialistas em rede nacional!
Outros dão ênfase apenas à questão tática da eleição, argumentando que seria perfeitamente possível aliar a luta parlamentar às estratégias de massas  – a dos movimentos sociais. No entanto, percebe-se que essa ação “inofensivamente” tática vai se tornando paulatinamente “estratégica”, fazendo que estes grupos progressivamente deformem o projeto original  que defendiam. Estes vão ajustando lentamente seus projetos aos meandros da democracia burguesa, dos gabinetes, das condições legais, muito eficazes em anular projetos radicais.
Não se trata de uma questão substancialmente “moral” ou de “traição” – ainda que a imoralidade e a mentira possam também fazer parte de todo o processo. Estamos falando de um tipo de dinâmica que é própria da ação parlamentar: a ação institucional vai solapando a ação de massas. O que era um projeto “periférico” ganha cada vez mais contornos de “centro”. Nas novas periferias geradas no processo, ficarão os movimentos sociais que esses partidos hegemonizam ou influenciam (as suas “bases de apoio”).
Os parlamentares e mandatos “combativos” destes partidos de esquerda – já encastelados como centros, ou seja, poderosos aglutinadores de recursos financeiros e políticos – impõem assim o ritmo das lutas de fora para dentro dos movimentos. O resultado é o pior possível: movimentos que ficam subordinados aos limites da legalidade burguesa ou às figuras carismáticas – a forma mais irracional  de subordinação política. A elite sabe que, se um candidato “radical” se candidata para contestar estas estruturas, é possível aplicar a mais antiga das fórmulas democrático-burguesas: caso se candidate que JAMAIS se eleja; caso se eleja garanta que não governe; e caso governe… derrube-o!

Nestas eleições, portanto, tanto faz votar nulo, no “menos pior” ou não ir votar. O voto útil “contra a direita”  e a política cínica (ou ingênua) do “melhorismo” ignoram que os exploradores já têm seus postos garantidos na estrutura de poder independente do resultado das eleições: estão representados no BNDES, nos projetos das empreiteiras, nos monopólios de comunicação, nas estruturas verticais de trabalho e de organização e no extermínio da juventude pobre e negra pela polícia.
Um governo “mais à direita” pode reprimir mais os movimentos sociais é verdade. Um “mais à esquerda”, pode ao invés de reprimi-los, comprar ou cooptar os movimentos. Contudo, os prejuízos de ambas as políticas são igualmente terríveis, se a primeira ataca mais os direitos dos trabalhadores, a segunda os desarma completamente para defendê-los. Os governos evidentemente mudam, e enquanto houver capitalismo, todos sabem que isso não é nenhuma novidade.
Deveríamos nos perguntar, não as condições que desejamos para construir nossas lutas, mas sim, como podemos impor nossas pautas – a dos movimentos sociais –, aos carniceiros, sejam eles de direita ou de esquerda? Que tática e princípios nos servimos para enfrentar a repressão ou a cooptação?
Decerto não os removeremos destes postos sem um intenso e árduo trabalho de organização popular que possua fins revolucionários. Para isso, é necessário criar, fomentar e desenvolver a autonomia da classe em seus próprios organismos; fortalecermos um movimento de movimentos; criarmos um povo forte. Um povo que não dependa de líderes, messias ou candidatos a super-heróis.
É somente pela base que construímos experiências concretas de organização popular e assentamos as experiências de poder popular. Com a massificação dos organismos populares e a generalização da democracia direta, poderemos um dia ameaçar a ordem vigente e construir, nos mecanismos que levam à sua ruptura, uma nova experiência político-social. Assim fizeram os comunnards da Comuna de Paris em 1871; os trabalhadores espanhóis em 1936; os operários e camponeses russos em 1905 e 1917. Assim fazem os zapatistas, e assim fez o povo de Oaxaca em 2006, que, com suas assembleias populares, expulsou o governo e a polícia da cidade e se autogeriu politicamente, dando vida à Comuna de Oaxaca.
Aqui vamos tentando, experimentando e caminhando; mas tendo a certeza de que os caminhos da emancipação popular definitivamente não passam pelas urnas. Se passassem – parafraseando um velho ditado libertário – as eleições seriam obviamente proibidas.

Outra Campanha: Nossas urgências não cabem nas urnas!
A Outra Campanha – inspirada no exemplo de ação autônoma dos zapatistas mexicanos – busca construir uma nova forma de fazer política, com base no protagonismo e na luta popular. E, em vez de pedir o voto, incita a organização autônoma, a formação de coletivos, a vontade de interferir no próprio destino. E, no lugar de “santinhos” e slogans, quer: “autogestão, cooperativismo, ajuda mútua, ação direta, ocupações, mobilizações, socialismo libertário, gestão não-hierárquica, democracia direta, organização em grupos locais e coletivos em federações, e reforma agrária coordenada pelos próprios camponeses”. No Brasil, a Outra Campanha está sendo organizada por vários grupos e conta com adesões nos estados do Alagoas, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, etc. Saiba mais sobre a Outra Campanha no site:
http://outracampanhabrasil.blogspot.com
Por FARJ Federação Anarquista do Rio de Janeiro – Organização Integrante da Coordenação Anarquista Brasileira


domingo, 9 de setembro de 2012

Contra o Sectarismo



O espírito anárquico é essencialmente avesso a quaisquer fanatismos. Sendo ânsia de liberdade, não pode querer dogmas, nem disciplinas, nem mandamentos humanos ou divinos e, muito menos, inquisições, santos-ofícios, índices e autos-de-fé. Pregando o trabalho livre, o pensamento livre, o amor livre, a ação livre, não aceita nenhuma limitação às faculdades intelectuais ou emotivas, nem reconhece bitolas, cremalheiras, pauta, à exteriorização de idéias ou sentimentos. Só o indivíduo tem o direito de dirigir seu raciocínio, regular sua linguagem, enfrentar seu estilo, moderar seu juízo, orientar sua ação. O anarquismo combate a todo transe o despotismo de qualquer feição, o feitorismo de toda casta, tudo quanto lembre mandonismo, chefia, canga, subserviência, dominação física, mental ou moral. Assim, repele o regime carcerário do capitalismo, condena as fábricas de doutores, padres, militares, homens vazados num molde único, manequins talhados num só modelo, manipanços cujo enchimento é a mesma palha seca. Só o indivíduo conhece os seus caminhos. Impor, ao que pende para o norte, a marcha para leste, é roubar-lhe o destino, a vida, a personalidade. Esses princípios, nós, anarquistas, aplicamo-los rigorosamente na luta pela emancipação dos homens. E, dizendo "dos homens", firo um ponto essencial do anarquismo. O anarquismo não visa apenas a emancipar os trabalhadores, pretende emancipar os homens. Seu problema é muito mais vasto que o dos políticos ou socialistas de qualquer feição.
Acima da mera emancipação econômica, está certamente a emancipação moral e mental. Além do trabalho livre, está o pensamento livre e a ação livre. Libertar os homens do patrão é muito, mas não é tudo. Cumpre arrancá-los à tutela dos guias, políticos ou religiosos; e à tirania das "morais", criações de opressores para fanatizar escravos. Destarte, não compreendemos um revolucionário cuja ação promana de uma servidão. Como instituir um regime livre se não nos desvencilhamos das algemas tradicionais? Como pretender uma vida livre, se vivemos impondo regras e ouvindo ordens? Como desejar o homem "pôr si", habituando-nos, a nós e aos outros, a disciplinas vexatórias, censuras obsoletas e punições degradantes? Mal compenetrados dessa concepção de liberdade, vários anarquistas lamentam as divergências de atuação entre anarquistas. Pior ainda, lêem-se freqüentemente acusações de anarquistas-individualistas a anarquistas-comunistas, de anarco-sindicalistas e extra-sindicalistas, etc., etc. Todos esses ataques e lamentações revelam a tendência sectarista milenarmente entranhada nos homens. Pôr mais que estudemos, aprendamos, eduquemos o espírito, a pressão tradicional é tão forte, o meio ambiente, todo dogmático, registra, engaiolante, é tão rígido, que dificilmente conseguimos nos safar dessas determinantes poderosas. Pessoalmente, ao contrário, vejo nessas várias tendências anárquicas o melhor sinal de vida do anarquismo. Todos os homens não podem ver as coisas do mesmo modo, nem resolver os problemas pelo mesmo processo. A transformação social é um problema com soluções múltiplas. Nós, anarquistas, apresentamos a nossa. Porém, não a apresentamos do mesmo modo. A beleza da nossa concepção e a superioridade do nosso método estão positivamente nessa multiplicidade de meios, todos conducentes a um mesmo fim. Seja, pois, cada tendência livre na execução do seu modo de entender a solução final. Todas as águas afluentes irão dar na mesma foz. O verdadeiro anarquista, penso eu, aquele que se libertou totalmente do preconceito sectarista, colabora em todos os grupos, atua em qualquer tendência. Mais ainda, coopera com os não-anarquistas onde quer que a ação deles incremente a oposição revolucionária. Assim, é anticlerical com os anticlericais; é democrático na defesa dos princípios liberais contra os reacionários; está com os bolchevistas, sempre que estes reivindiquem direitos, reforça a ala antimilitarista, ainda que os antimilitaristas sejam burgueses; colabora com a escola moderna racionalista, conquanto não seja senão reformista; anima os teósofos na propaganda fraternista, os vegetarianos na extirpação dos vícios, o próprio Estado Liberal na sua luta contra o imperialismo vaticanista. Não proceder assim, seria confinar-se ao sectarismo e negar, nos atos, a doutrina anarquista, essencialmente anti-sectária.
Por José Oiticica Ação Direta. Rio, 10.01.1929

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Método: Demonstração da Obviedade - Partes I e II

(Parte I)

Oi, irmãozinhos. Nesta notchi, videio-me ao lado de Deus, P5, F-F, Satã, An. N. N. e Fabiano, além dos espatantes druguis Patrão e Amarelo. A teletela exibe o conteúdo de um DVD starre do Dragon Ball. Somos "típicos nerds", diriam aqueles que fixam os glazes apenas no aparente. Como mais detalhadamente esquezetarei a seguir, essa comum fixação do videar dos indivíduos no aparente esconde, alimentada pela distorção neurótica presente num mundo-imundo como este no qual vivemos, conexões racionais simples e até mesmo dupliplusóbvias.

Conforme o previsto no texto anterior, de nome Luta Feroz Contra o Ingsoc, abordarei, neste aqui, a questão metodológica da luta que propus. Não pretendo definir que odin único meio de luta é ontologicamente superior, mas sim demonstrar alguns dos meios possíveis e sua eficiência específica, assim como expor alguns meios de ação que considero particularmente ineficientes. Nesse sentido, creio que posso discordar de muitos de meus druguis defensores da liberdade, e proponho, portanto, uma discussão saudável quanto a esse assunto.
Em prol do melhor desenvolvimento dos messeis que desenvolverei a seguir (que admito não ter plusorganizado previamente) eu separarei os meios de luta nos âmbitos Cultural, Individual, Combativo, Organizacional e Legal.

1- Âmbito Cultural  (ou contracultural, se preferíreis): concentra os meios de luta que visam a união dos indivíduos em torno de nossa causa através da manipulação premeditada da estética. Nosso célebre pedaço do cybermundo-imundo inclui-se neste âmbito (", oh meus irmãos")! Estão também aqui incluídos a distribuição de panfletos e zines, os cartazes, a arte libertária (música, artes plásticas e literatura de caráter libertador, em geral) e outras formas de expressão. Essas formas costumam agir em dois sentidos: ou cativam, ou chocam o interlocutor. Porém, sempre visam redirecioná-lo, de sua posição alienada, comum à maioria, a uma nova posição, aberta à crítica, à revisão, à mudança. Visam, na verdade, colocá-lo no controle de sua própria vida, uma vez que o sistema rouba tal controle e domina o indivíduo.
A eficácia destes métodos é determinada por sua expressividade, o que requer que sejam bem planejados, levando em consideração todos os fatores que neles interferem (entre eles, podemos citar as peculiaridades do público alvo, a situação histórica específica de sua emissão, as condições sociais da região da mesma, etc.). Clichês, mensagens meramente odiosas e destruições que não reconstruam tendem à falha.

2- Âmbito Individual: concentra as práticas individuais que desorganizam o Ingsoc e/ou o reorganizam em forma de novos sistemas de convivência , horizontais e anárquicos. Aqui, incluem-se atitudes que vão desde a adoção do vegetarianismo (quando ele visa desorganizar o "mercado pecuário") até a discussão e expressão constante dos ideais libertários. A adoção dessas atitudes deve levar em conta a relação custo-benefício: se adotar o vegetarianismo fizer com que um indivíduo "x" sinta-se fraco, talvez valha-lhe mais a pena adotar outras formas de resistência, ou se é extremamente prejudicial à união de um indivíduo "y" com os seus semelhantes o abandono do vestuário mercantilizado, pouco adianta-lhe tal ação.

Não estou em condições de concluir este texto. Publico-o assim como está, com a intenção de concluí-lo numa próxima oportunidade. Abraços e beijos, seus fofões.

Arreni,
          Romeu.

(Parte II)

Olá, gurizadinha anárquica, olá druguis velhos e novos.
Devido ao formato deste texto, creio que seja melhor concluí-lo nesta mesma postagem... Assim, sem mais delongas, ficais agora com a continuação da descrição dos âmbitos de luta que comecei na "Parte I" disto aqui, ali encima:

(ainda dentro de "Âmbito Individual): Constitui erro frequente, entre xs tcheloveques/devotchkas que lutam pelo fim do Ingsoc, a adoção de meios de vida que mais os destroem do que destroem o próprio Ingsoc. Ora, de nada adianta à liberdade que seus guerreiros se destruam, caros amigos! De nada adianta à vossa felicidade que, messeiando destruir o Ingsoc, estejais, por trás disso, alimentando sua vontade neurótica de punir a vós mesmos. Messeiai essas fomas de luta racionalmente como todas as outras, eis o que, resumidamente vos recomendo. 
As lutas deste âmbito funcionam, a princípio, como uma forma de mostrar que é possível ir contra o sistema. Pouco destrói o sistema mercantil totalitário um vegetariano, mas cada ser humano que não consome carne mostra a seus semelhantes que é possível mandar a tradição carnívora da sociedade à kal. Pouco afeta às indústrias cosmética e farmacêutica que um de nós resolva parar de ir à farmácia. Entretanto, este indivíduo é um expoente da possibilidade: ele mostra que é possível e ajuda a mobilizar a massa.

3- Âmbito Combativo: reúne as formas de corrosão do Ingsoc que utilizam-se da violência física para a destruí-lo. Tem a seu benefício uma visibilidade peculiar, graças à força psicologicamente chocante da violência nos indivíduos, e avantajado poder de mudança, visto que está pronto a combater as barreiras físicas impostas pelo sistema. Agindo através de assaltos, incêndios, explosões, ataques e outras formas de violência, o meio combativo é, na verdade, um contra-ataque à violência que agride a humanidade todos os dias. Pode simplesmente expressar nossa fúria contra a imposição ou visar desarticular o sistema de forma mais complexa, sendo igualmente válidas ambas as coisas. De qualquer forma, é preciso que se entenda que nenhum indivíduo serve ao Ingsoc por mágica: todos foram alienados e tiveram suas verdades distorcidas para servir e obedecer. Assim, recomendo apenas que não vos esqueçais do valor de Idîn ("oh, meus irmãos"), para que não acabeis agindo contra o próprio ibóg.

4- Âmbito Organizacional: agrega as ações libertárias que visam desarticular a organização do sistema e construir uma sociedade horizontal. Poder-se-ia, por exemplo, produzir e distribuir determinada "mercadoria" gratuitamente para fazer seu preço cair no mercado, seus produtores quebrarem e, em determinadas situações, acabarem por levar todo o sistema econômico consigo. Denúncias sequenciais de abusos do governo ou da polícia, abundantemente argumentadas e provadas, que os desarticulem, também são bons exemplos. Esse tipo de ação tem sua eficiência determinada pela boa organização racional. Se bem messeiada, a luta de âmbito organizacional (ou desorganizacional - heh) pode ter efeitos extremamente devastadores ao Ingsoc. Este âmbito atrai especialmente a "vosso humilde narrador", druguis, gosto dele bastante. :D

5- Âmbito Legal: nele combinadas estão os meios de lutar contra o Ingsoc que entrelaçam-se com as leis do Partido para fazê-lo. Assim, os meios que utilizam-se do voto, da manifestação, da greve, do sindicalismo,  de abaixo-assinados, etc. estão, nesta análise, concentrados aqui. O que tenho a esquezetar sobre os mesmos é que, quando bem pensados, são eficazes. O Ingsoc estimula-nos a fazê-los de forma burra e a acreditar que neles está a única solução viável. Se negarmos ambas as coisas, podemos fazer diferença com eles.
De que forma fazê-los corretamente? Isso constitui questão complexa e que exige uma pequisa um pouco mais profunda. Ainda assim, aqueles que dedicarem-se aos mesmos, e estiverem prontos para realizar, de fato, todos os estudos exigidos para seu sucesso, colaboram muitíssimo com nossa causa, druguis, e representam chances únicas de atacar duplipluseficazmente nossa sociedade vertical.

A luta contra o Ingsoc, queridos semelhantes, deve, acima de tudo, ser realizada nos moldes do amor, da união, da compreensão. Ações de ódio, que projetam idrûs em outros seres específicos, podem até mesmo prejudicar a construção de uma sociedade mais justa. Além disso, as "estéticas de ódio" já suficientemente afastaram da massa o movimento anarquista. Se queremos compreensão e amor, devemos expressar compreensão e amor. É mais fácil mostrar um novo caminho aos indivíduos ao nosso redor se os abraçarmos do que se simplesmente os chutarmos, druguis, esquezetando simbolicamente ou não.

As pessoas estarão ao nosso lado se mostrarmos a elas um caminho melhor à felicidade, queridos amigos, isso é óbvio. Que maldita fixação na aparência (rever o que introduzi na "Parte I") esconde isso que acabei de esquezetar? Trata-se, na verdade, de uma fixação num estereótipo conservador - "somos anarquistas, temos de ser punks, temos de ser violentos e expressar ódio" - que acaba por levar nossos ideais ao túmulo, druguizinhos. Eliminai a mesma.

Mil beijocas poderosas.
                           Vôndoifinot Baaroç, também.

Romeu.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Luta Feroz Contra o Ingsoc

Saudações, druguis queridos. Ah, deparo-me agora com a frivolidade, com o gelo imposto pelo sistema: na sala de meu ijóg, estão meus consanguíneos, totalmente hipnotizados pela teletela. De qualquer forma, logo irão embora, já estão a despedir-se.
Minha avó acaba de entrar em meu quarto e ver como ele é cheio de crimideias e coisas subversivas (que ela deve estar imaginando serem símbolos do anticarnei... (...). Anticarneirismo, eu dizia. Tive de parar de escrever, pois um pessoal meio starre entrou no quarto do Amarelo, onde estou a escrever...

Todos já foram agora, então posso escrever com mais paz. O que quero dizer-vos hoje... oh sim. Creio que devo introduzir um novo e importantíssimo tema em meus textos: a Luta Feroz Contra o Ingsoc. Creio que devo começar por justificá-la. Aqueles que não sabem o que quero dizer com "Ingsoc" podem retornar ao texto "Um Abraço aos Druguis", onde explico esse termo.

   Na sociedade em que vivemos, somos oprimidos de dupliplusmútiplas formas. 
Somos oprimidos ideologicamente, pois nossas ideias não são levadas em consideração como pertencentes à mesma modalidade que todas as outras ideias. Assim, alguns grupos encontram-se ideologicamente beneficiados por fatores como a detenção de status e poder (principalmente o monetário) por aqueles que os divulgam. Já os grupos ideologicamente desfavorecidos são compostos por indivíduos que, nascidos muitas vezes em ambientes que não os proporcionam a livre reflexão e submetidos ainda à mensagem alienante que predomina na sociedade, recebem todas as informações como se fossem verdades absolutas, sejam elas religiosas, políticas, filosóficas/éticas, etc.
Somos oprimidos fisicamente por vários fatores. A polícia - ou boa parte dela - é uma força opressora e que, há muitíssimo tempo, deixou de servir ao Estado (que já é corrupto) para servir a si mesma, funcionando muitas vezes como meio para a expurgação de raiva para os miliquinhas. Além disso, todas as neuroses que engolimos tendem a somatizar-se e a tornarem-se bloqueios também físicos e a mercadoria que circula não é (nem se quer que seja, acreditai), nem de longe, benéfica aos indivíduos que a consomem:   é criada para servir de lucro e é a isso que ela serve. Não é ontológico que o mercado tenha a força para implantar a ânsia por consumo nos indivíduos e de sugar sua juventude com produtos alimentícios e farmacêuticos que os destroem: tudo isso ocorre através da dominação e do poder vertical.
   As formas de luta contra a opressão que foi brevemente explicitada oferecidas pelo Estado são, obviamente, construídas pelos governantes do mesmo - eleitos pelos indivíduos que o mesmo ajudou a neurotizar, destruir e alienar. Assim, é mesmo de se esperar que tais formas de resistência não constituam um meio eficaz de destruir a opressão que é, de muitas formas, perpetuada pelo próprio Estado. Funcionam, muito mais, como uma forma de enganar os indivíduos. Os mesmos messeiam, por exemplo, que votando em governantes x e y, cumpriram TODO o seu "papel social", quando, na verdade, apenas foram personagens do teatro que alimenta o Ingsoc. Além disso, a mídia e suas teletelas, controladas pelo mercado e baseadas no mesmo, expõem a realidade de forma tão superficial e enganadora que os indivíduos raramente percebem a opressão que se coloca sobre eles.

Paro de escrever, mas não publicarei este texto em partes. Publicarei-o inteiro. Portanto, o que lêreis até aqui foi a parte deste texto escrita no dia 19 de agosto de 2012.

Retomo a escrita, após ter feito algumas alterações no texto até aqui escrito, no dia seguinte ao dia mencionado acima... portanto 20 de agosto. Então "olá novamente" (",oh meus irmãos").

   Vivendo oprimidos como até agora expus neste texto, poucos indivíduos lembram-se da real felicidade: a felicidade infantil, a alegria despreocupada, simples, plena, o prazer de cada coisa, um bem-estar próximo da totalidade. Embora encontrem-se em uma situação em que, por causa dessa amnésia da real felicidade, considerem-se, muitas vezes - e de forma cômoda aos conservadores dominantes -, felizes, o controle social e mental a que estão submetidos os brasileiros e a maior parte da população mundial não deixa de ser verdadeiro. Precisamos detê-lo (", oh meus irmãos"). Precisamos destruí-lo, derrubá-lo e construir uma sociedade onde os indivíduos sejam livres, conscientes e unidos.
   Convoco, através deste texto, todos aqueles que AMAM, que, através da felicidade do outro, são capazes de sentirem-se também felizes, todos aqueles que acreditam que é possível e viável começar a luta agora e todos aqueles que já vêm lutando (e sei que, para estes, este texto foi apenas um "baaroç ideológico" e não uma exposição plusinovadora) para unirem-se a mim e a meus druguis pelo fim da sociedade onde reina a a submissão dos indivíduos.

Vôndoifinot baaroç e beijos, queridos druguis, daquele que vos dupliplusludîn,

Romeu.

PS: O próximo texto deve abordar questões metodológicas... entretanto, os druguis mais chegados já viram alguns passos serem dados. :)

sábado, 18 de agosto de 2012

Sobre Aten, Um Contra-Ataque - Parte II

Olá, nadsats e plusteens dobógisôm plusdodîn, navegantes do cybermundo-imundo. Venho a completar o texto sobre o carneirismo que comecei um tempo atrás.

Enquanto Aten estiver infiltrado em vossos conceitos, vossas percepções e vossos videares, tendeis à falha, messeio eu, druguis amados. A crença "n'Ele" é uma neurose inserida pela cultura em vossas mentes pelos malditos escudeiros e defensores do Ingsoc: os vossos progenitores, funcionários do ministério do amor e/ou bruxos de Aten. Àqueles que puderem provar-me que estou errado quanto a isso que esquezeto, peço que o façam. Seria extremamente cômodo e bonito saber que alguém em nós messeiou o tempo todo e projetou tudo o que existe por nós... se fosse verdade.

Se já abandonáreis a vontade arbitrária de crer em Aten, queridos druguis, tenho alguns conceitos a vós:
1- Revideai o máximo possível de conceitos que formuláreis sob o ponto de vista carneiresco. Poucos deles devem ter-se baseado na busca da felicidade, visto que vossa premissa para a sua concepção fora concebida por Aten. Em sua maioria, as concepções teístas baseiam-se em "Aten existe", "Aten messeiou", "Atem quis" e "devo servir a Aten".
2- Desconstrui os conceitos que não fizerem sentido, dos conceitos revideados. Não mantenhais conceito algum por conservadorismo, visto que isso tende a afastar-vos do ibóg. A consciência é fundamental quando se quer liberdade e felicidade.
3- Construi conceitos baseados em premissas racionais e que vos levem à felicidade. Através desses conceitos, bem messeiados e sempre abertos à mudança (o progresso), tereis maior consciência do mundo que vos cerca e tendereis a ser, assim, mais felizes.
Tais conselhos servem, basicamente, a um princípio simples: que não sejais subordinados a Aten sem saber, mesmo negando sua existência, por utilizáreis conceitos d'O Carneiro que, uma vez, engolíreis sem messeiar.

Nenhum de vós será livre ou consciente apenas por afirmar que Aten não existe (", oh meus irmãos"). Antes seríeis livres se, esquezetando que Aten existe, tivésseis todos os conceitos fundamentados em Ma'at e ibóg. Entendei:: Aten não vos prejudicaria se existisse, mas sim vos prejudica por enjaular-vos em conceitos dogmáticos que vos afastam de entender e, portanto, também, amar e se libertar.

É o que eu tinha a vos esquezetar.


                                 Com muitíssimo amor
                                                        ...Romeu.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O Infante Solitário


Ninguém lembra da sua presença
Ninguém ouve sua solidão
Não importa seu destino
Nada se sente por ele
Logo ele, tão sentido...
Tão singelo, tão puro
E tão menino.
Infância é muita pretensão
Pra quem precisa se proteger da policia
Se guardar da fome
Do frio e da cobiça.
Seu sorriso desdentado se esconde
Atrás das leis da rua
Iluminada pela mais vil injustiça.

(-Ah, se ele também pudesse comprar o que é seu por direito...)

Seu grito surdo ecoa desesperado
Parte em pedaços sua esperança de um pouco de amor e pão.
Quando se cansa de correr atrás da realidade
Busca a fantasia nas baforadas
Que por covardia e cega ambição
A saudável classe média lhe ofereceu.

Seus olhos mortos buscam vida
Por um descuido seu peito respira
Filho da traição
Sombra da guerra
E por ser assim tão em vão
E tão só
Abraça a tristeza
Que afaga seu coração pequeno...

É dever do homem proteger aquele que cresce.
Honrado é aquele que ilumina os caminhos do seu semelhante
Porque todo progresso é inútil
Quando a infância está perdida...


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Sobre Aten, Um Contra-Ataque - Parte I

Olá, druguis amados a quem sempre divirto-me escrevendo. Venho, desta vez, para falar-vos sobre Aten, pai d'O Carneirismo, uma neurose da civilização que muitos nadsats conservam em si mesmos por influência do maldito Ingsoc e das coisas starres que P e M os ensinam.
Aten e sua "religião" (ela une?) afirmam coisas contraditórias em seu livro, meus caros druguis, e messeio que todos vós possuis capacidade intelectual para perceber tal coisa:
a) pregam o amor mas repelem o sexo (a união física);
b) pregam o "livre-arbítrio" mas prometem punição a quem não segui-los (o inferno carneiresco);
c) pregam a simplicidade mas mergulham na riqueza que construíram explorando os escravos do Ingsoc (sim, uma crítica à CONDUTA contraditória);
d) fundamentam-se pseudo-racionalmente com a teo-"logia" negando Ma'at em muitos aspectos;
e) condenam a magia ao mesmo tempo que, na verdade, creem que Aten pode realizá-la (afirmam, na verdade, que determinados fenômenos incompreendidos são obras de Aten);
(Esta lista pode ser incrementada de tantos itens que não vale a pena para mim, Romeu, continuar escrevendo sobre isso, Druguis. Sugiro que aqueles que tiverem dúvidas façam buscas breves no cybermundo-imundo.)
O pilar que sustenta Aten no poder em nossa sociedade é o conservadorismo neurótico: qualquer um que compreender a subjetividade terá de colocar a sua ligação com o mundo como base racional, mesmo que para a concepção posterior de fadas (voltai a "Amoroso, Verdadeiro e Livre: Conhecei o Anticristo").

A propaganda religiosa ataca-nos constantemente. É uma forma de reforçar tudo aquilo que é dito pelos progenitores neuróticos que normalmente temos. Como se não bastasse a inserção de ideias sem embasamento racional em nossa mente, ainda utiliza-se o sistema de publicidade do mercantilismo totalitário, uma força brutal de implante de informações na mente que induz os escravos do Ingsoc ao consumo, para implantar também o teísmo em nossas mentes. Sugiro-vos o seguinte, meus (druguis) lindos:

O Estado brasileiro é "laico em nome de Deus", protegendo a liberdade religiosa (que inclui a não-crença) mas invocando a proteção de Deus (privilegiando o teísmo). Sobre o Estado, na verdade, posso dizer que, basicamente, ele trata-se de uma instituição criada para manter os seres humanos unidos quando eles tendem ao ódio... para pacificá-los quando querem guerra, torná-los justos quando quiserem a exploração. Entretanto, nem à função de "neurose que protege de uma neurose pior" ele serve mais: não traz paz nem os traz justiça contra a própria vontade.

Continuarei este texto, amadinhos. 
                                             Abraços,
                                                         Romeu

Baaroç Plusteen


Sob o sol de Akhanaten
Ouço o som de homens que latem
- São cães do Ingsoc, irmãos,
    Ódio morto!

Entre idrûs do pai tirano,
Eis idîn e eis o plano:
O sistema entrega em mãos
o  Próprio aborto!

Da juventude plusteen a vida é arma,
E o decrépito sistema à morte alarma
Em nossas rukas, o fim do diplipensar...

A cada notchi dodîn em que se ama,
A criança popular revive a chama:
Em nossos seios, em nosso único lar.

                     Poesia do drugui Kalil Maihub Manara. Espero que alegre-vos, irmãos.

                                                                           Abraços, 
                                                                                    Romeu

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Amanhã




Cinza, é uma cor que dói.
Está na fumaça que engolimos.
Está na Nova Ordem, as Novas Máquinas, os Novos Negócios!
Guerra de alta tecnologia, bombas inteligentes, atos bárbaros,
Morte, dor e hipocrisia!
A merda que o Estado nos empurra goela abaixo todos os dias.
Sangue, fome, carnificina!
Vivemos numa fria e úmida cela,
E nossos anseios se escondem debaixo da covardia!

Não importa o importa o coração
Não importa a infância e seus sonhos.
Nos querem como cárceres em prontidão
Meros montes de carne e osso inúteis pra vida
Escravos para os luxos desses ignóbeis burgueses!
Nossas almas são mutiladas por estes malditos fascistas
Que nos cospem e dão meio tostão
-pra calar nossa fome e voz contidas.

Baixem as armas!Engulam seu méritos!
O dinheiro lavado com nosso sangue é horripilante,
Não queremos!
O reinado suicida deste sistema já está em putrefação!
Nossas crianças não merecem a servidão eterna!
A Revolução respira em nosso peito
E suas regras opressoras e burras não passarão!


O cinza há de ceder lugar ao céu azul!
Traremos Justiça e Igualdade
Para todo aquele que respira
E toda Terra será só uma
O Amor não será monopolizado
Não há de haver diferença, nem dor, nem pranto
O conhecimento não será pecado.
E assim será
Porque nosso espírito coletivo jamais há de ser derrotado como simples carne e ossos!
Se juntos formamos a luta de classes
Somos uma Unidade e nunca estaremos sozinhos!
E o amanhã e sua glória hão de ser nossos!

domingo, 29 de julho de 2012

Releitura da "Esgomitolência":

Um "olá" para os leitores assíduos do blog da notchi. Aqui quem vos dirige a palavra (e dirige também a todos os outros que tomarem parte dessa comunicação) é o amigo Soldado Amarelo. Sem maiores apresentações, gostaria de expor-vos uma experiencia pela qual passei junto a dois amados druguis, Bob e Romeu.
Estávamos nós a colar cartazes progressistas na podreconservadora cidade de Rgmaaod. A madrugada era de chuva intensa, e a hora era "inapropriada", ou seja, ideal para que nós, druguis, pudéssemos exercer com maior liberdade a nossa expressão, se tratando de um ambiente público e de uma cidade como a nossa.
Por um certo tempo, pudemos fazê-lo eficientemente. Quando estávamos a terminar a nossa manifestação (por meio de mensagens progressistas e amorosas, vos falo, e utilizando o simbolo da notchi para interligar as comunicações) , ao aproximarmo-nos de uma faixa para atravessar a rua, fomos abordados agressivamente por um carro de uma rede privada de segurança: indagava-nos, um homem, por qual motivo colamos aqueles "adesivos nazistas" (sim amigos, ele afirmou: nazistas) "lá".
Nosso amigo Romeu, que estava mais próximo do carro, e da rua, respondeu que não se tratavam (obviamente, e controlando-se para não ser agressivo) de manifestos nazistas, e sim de símbolos, ideias e palavras que representavam Consciência, Liberdade e União. Uma exposição pública de tudo que vem sendo tratado nesse Blog, e tudo que defendemos, druguis, em favor da felicidade.
Após o curto período em que se desenvolveu a conversa, tendo nosso irmão Romeu dito que, à vontade, poderiam eles retirar o material, se a eles fosse incômodo, o segurança, acompanhado em seu carro por uma velha nojenta a própria cara irônica de medo, se retirou, também agressivamente.
Pergunto-lhes, druguis, o que acham que pensamos, nós, ao confrontar tamanha mentira, tamanho engano, tamanha confusão insistente e que proporcionou-nos minutos insegurança e de raiva. Perguntamo-nos, amigos, que tipo de ignorância poderia levar a confundir o nosso símbolo, com o pássaro nazista. Respondo-lhes, tendo pouco refletido, que se trata de um ignorante extremamente comum.
A liberdade que assumimos parece ser incômoda à maior parte da "esgomitolência" (haha) que cerca todos nós, Plusteens.  Mas digo-vos, amigos e leitores, que faremos isso de novo, e que nenhum medo ou opressão nos impedirá. Nada será maior do que nossa vontade.

Abraços e beijos do Amarelo Soldado.







segunda-feira, 23 de julho de 2012

Umas Denominações e Um Recado aos Nadsats.

Olá, caros Druguis. Sem demorar-me muito, quero estabelecer algumas denominações que eu creio que hão de ajudar-nos em nossos messeamentos neste pedaço um pouco menos voni do cybermundo-imundo.

Começo com uma nova definição para Nadsat. Sugiro passemos a chamar de nadsats os jovens de nosso mundo que agem indiscriminadamente de forma starre. Isso significa não ligar para tornar-se starre, Druguis. Significa não dar a mínima para conservadorismo, ser igual a P e M, dar o cu para O Carneiro, ENVELHECER - envelhecer por dentro ou por fora, na mente e no espírito ou no corpo. Sugiro-o justamente por causa da próxima proposição.
Chamemos a nós mesmos - nós, que presamos a juventude, que não queremos nos manter iguais sempre (conservar), mas sim ser melhores a cada dia (progredir) e que portanto queremos ser jovens em essência - de plusteens, (", oh meus irmãos"). Assim fazendo, estaremos mostrando mais claramente o que somos: não somos apenas jovens por felicidade cronológica, mas porque assim queremos ser. Queremos ser jovens, muito jovens, vivos, aptos à mudança, ao aprimoramento, à melhora e a enfrentar aquilo que nos impede de ser exatamente o que queremos. Isso é plushorrorshow e acredito que mereçamos ser chamados de plusteens. É claro que essa denominação não precisa ser exclusiva dos jovens também cronológicos... messeio que possa estender-se a todos os jovens progressistas de espírito, mesmo que cronologicamente "starres"... a juventude psíquica deve garantir-lhes, no mínimo, uma pequena e relativa juventude somática, de qualquer forma.

Quero agora dirigir-me a todos os Nadsats que messeiam que precisam esconder-se sob um padrão cultural e odiar os restantes, Druguis. Quero esquezetar: "não precisais disso", "ódio é inútil" e "messeai novamente aqueles princípios que vos levam a crer que um padrão cultural é superior ao outro". Sois mais parecidos com vossa essência quando não estais mascarados, tenho certeza. Além disso, os vossos reais druguis raramente irão expurgar-vos se não tivéreis aparência completamente tendenciosa (numa tendência grupal, como vestidos de punks, góticos, metaleiros, etc.), mas as demais pessoas (que provavelmente não são tão aptas ao amor e tão abertas quanto vossos druguis) estarão mais abertas a vós se vos mostráreis mais "normais" (ou seja, dentro da norma, mais dentro da maioria, mais alinhados ao sistema em aparência). Abraçar aquele que precisa ser revolucionado funciona melhor do que enchê-lo de toltchoques, caros druguis. Falo isso após ter tentado ambas as estratégias.
Especificamente sobre a superioridade de um padrão cultural sobre outro, creio que o erro consiste, em geral, em supervalorizar a complexidade, como se ela fosse essencial à felicidade, ignorar circunstâncias e tomar inconscientemente o idrûs como ontológico. Se a arte consiste numa expressão do ser, aqueles que adotam um padrão cultural têm afinidade com a expressão do artista, e expressam, ao aderirem ao mesmo, tanto a parte do seu ser que une-se à expressão do autor(coincidindo com a mesma) quanto a própria união a ela. Por que razão uma união haveria de ser pior do que a outra? A qualidade da cultura deve ser análoga à expressividade da mesma? E se tal expressão varia conforme o interlocutor (o que não quer dizer nada para mim pode querer dizer muito a ti, certo-certo, caro drugui?) como podeis dizer que VÓS determinais essa qualidade? A mensagem cultural pode sim ser de progresso ou de conservadorismo para a maioria das pessoas, mas isso não a torna ontologicamente ruim: PROGRESSISTA MESMO É CONSEGUIRMOS OBTER COISAS BOAS, ATRAVÉS DO AMOR, DE TODOS OS SERES QUE NOS CERCAM, INCLUSIVE AS EXPRESSÕES CULTURAIS.

Amo todos vós, queridos e lindos druguis, nadsats, starres e plusteens.
Grande abraço,
                          Romeu.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Seu canudo, seu carro e sua Cruz.


Arte em nanquin sobre papel digitalizada.Releitura de "Carleton, 1987", fotografia original de Robert Mapplethorpe.
                                                                                                                                                                            -Cabeça de Passarinho.

Queer! Desconstrua o Gênero!

Você é homem ou mulher? O que é ser homem ou mulher?
Pois bem, vamos lá, animais. A sociedade demarca os gêneros estabelecendo códigos de vestimenta e conduta. Argh, isso inclui a MORAL.
Chicos: cabelos curtos,roupas menos elaboradas, de preferencia mais largas, se não for um heteroboy da academia. (hm!)
Chicas: Cabelos longos e alisados, argolas, laços, roupas justas que valorizem seus dotes físicos pra agradar um possível parceiro.
Essa é a hétero normatividade, que preserva rótulos, de acordo com valores morais cristãos ditados pelo Carneiro e a mídia.
parêntese:
(E as meninas que nascem com pÊnis e só ganham uma vaginna depois "da cirurgia"? Algumas desistem  da cirurgia e exercem sua sexualidade ainda assim. -Alguns meninos, vice-versa. Oh Lord, mas são transexuais?? )
 Definição pra esse povo: 
Intersex é um termo de origem médica que foi incorporado pelos ativismos para designar as pessoas que nascem com corpos que não se encaixam naquilo que entendemos por corpos masculinos ou femininos.

E a conduta?
 Homem+muitas gathas=garanhão
 Mulher+muitos gathos=VADIA

SE ser gay é ser homem que gosta de outro homem, mas nenhum gay é homem de verdade, afinal de contas não gostam de mulher...como assim são gays? -Eles são lésbicos??!!
SER mulher é gostar de homem? Ah, de homem que nascem com pênis, sem penis ou os que ganham penis depois da cirurgia? E se gostar dele antes da cirurgia..é lésbica? É mulher? Vai depender do cabelo, do decote e do salto alto?
Let's take it easy.
A teoria Queer surgiu pra estudar e compreender o rompimento das regras sociais que delimitam os GÊNEROS, justificando o amor e a sexualidade livre de qualquer amarra, seja a conduta, moral, etc, que são cobrados aos indivíduos. Há quem diga que ela ajuda a entender a revolução sexual e comportamental do século 21 que se parece estar sufocada, mas prestes a explodir(!). Ou que seja uma b@#$%"porque simplifica tudo e mistura no mesmo bolo grupos que talvez precisem de uma análise mais específica. Rótulos de novo.
gênero é COMPORTAMENTO?                                                          gênero é CONDUTA?
gênero é SEXUALIDADE?                                                                  gênero é GENITÁLIA?                                                                                     todxs tem que ter gênero? 
Se eu não me enquadro em nenhum gênero, eu ainda sou gente? Eu não sou gente, então, quem é?! Ter, gênero, é o que? Isso faz que real e direta importância pra minha condição plural de ser humano?

Eis questões bonitas de serem pensadas, que encaixam pros pré adolescentes e pros marmanjos 'donos' de familia. Todo corpo tem fricção! Nossos orgasmos valem mais que aparência e status que nos forçam a adotar. Todxs querem amar livremente! Não precisamos seguir o que ditadores de estética, igreja e estado nos coagem. Chega de Liberdade abstrata.
Desconstrua o gênero e seja feliz!


                                                                                                                     -Cabeça de Passarinho.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Dîn - Parte III: Humanos

Olá, druguis do cybermundo-imundo. Venho escrever o último e malenque pedaço do que, agora, é uma trilogia de textos tratando sobre Idîn. Espero que isto torne os primeiros dois textos, que estão bem confusos, um pouco mais inteligíveis e claros. O que segue com certeza esclarecerá algumas de minhas posições e seus fundamentos, mas também abrirá espaço a muitas críticas e discussões. Isso não intimida-me nem de longe, entretanto, pois não estou aqui, por meio deste ou de qualquer outro de meus textos, apontando a verdade absoluta e única, mas sim buscando construir uma visão abrangente da verdade convosco, que ajude-nos a concretizar nossos objetivos.
Tomando por legítima a definição de Idîn estabelecida no texto anterior (", oh meus irmãos,") - que recomendo que leiais antes deste, para que haja entendimento e base argumentativa - de que o mesmo trata-se do "impulso de união a outros seres, associado ao desejo saudável pelo seu ibóg", creio que é vantajoso demonstrar como isso acontece, dentro da sociedade, e que distorções teriam tornado o amor neurótico, monogâmico e de muitas outras formas restrito.

As crianças e os nadsats - especificamente (e por limitação cultural de "vosso humilde narrador") os ocidentais, haha - desenvolvem-se consumindo uma cultura que incita à monogamia, ao chamado "amor cortês", aos ciúmes e à repressão sexual proveniente disso tudo. Em geral, tomam por amor grande parte daquilo que estabelecemos na "Parte II" como "concepção dada pelo senso comum" e as neuroses nele presentes são legitimadas basicamente por influência dos Escudeiros do Conservadorismo e d'O Carneiro:
a) O carneirismo toma a monogamia como indispensável e a poligamia como pecado imperdoável (além de reprimir o sexo por prazer como se o mesmo também o fosse), o amor cortês é tomado como o verdadeiro amor, em que há repressão sexual (carneirismo novamente), compulsão pelo ser amado e dependência do mesmo.
b) Numa sociedade de dominação, parece-me bem útil que o amor estabeleça dependência, submissão e medo - tanto que temer ao Carneiro é, em sua doutrina, tomado como tão legítimo quanto amá-lo. Não creio que precise aprofundar-me nisso... basta que aceiteis minha suposição de que o carneirismo tenha sido usado para dominar e adaptado seus conceitos para esse fim e vereis o quanto isso faz sentido (entretanto, estou aberto a críticas e argumentações, como sempre).
c) Os ciúmes são a consequência da monogamia (que leva à questão da unicidade do parceiro e torna socialmente aceito e "útil" o sentimento de traição) e da própria projeção da unicidade em outros seres (fruto do sentimento de "não ser único por si mesmo"). Quanto a proveniência desse sentimento de não unicidade... videemos... bom. Preciso investigá-lo melhor, amados druguis e companheiros. Mas parece-me o tipo de neurose psíquica infantil ligada às relações parentais.


Assim, num relacionamento comum de "namoro" entre nadsats, o que acontece, exceto - e nem sempre - o sexo (genital e não genital), é praticamente fruto de neuroses. Unindo-se por amor, os jovens videiam-se inseridos em uma relação que, invariavelmente, tende ao fim violento (uma ruptura baseada no expurgar da raiva produzida pelo complexo neurótico todo) ou ao fim passivo (um casamento, um relacionamento morto e mal resolvido, sexualmente falho, com poucas ações e onde o amor morre aos poucos).


Não estou mais a fim de gavoretar sobre isso, Druguis. Se quiséreis falar algo ou desenvolver em algum sentido, comentai.


 Ludîn êo! Romeu.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Liberdade de Expressão


Liberdade de Expressão


Hoje vivemos em um mundo evoluído, a favor da paz e contra qualquer preconceito presente na sociedade conservadora, ou pelo menos, é assim que deveria ser..
Todos os dias me encontro com situações que me deixam realmente perplexas.. como podem ainda existir pessoas que acham que existem coisas que não devem ser discutidas?
Essa história de que “religião e política” não devem ser discutidas para mim é uma grande bosta, todos tem o direito de discutirem sobre o que quiserem, pois é disso que a liberdade de expressão se trata, dizer o que se pensa e defender os teus pensamentos sem ter medo das consequencias..
Falo tudo isso por que hoje me encontrei numa situação em que nunca pensei que estaria:
Fui reprimida pelo P e M  com seus argumentos pouco convincentes sobre “como era prejudiciável a mim postar coisas que expunham minha opinião” segundo eles, essas “coisas” não deveriam ser discutidas, deveriam ser guardadas só para mim, é realmente incrível como os jovens são constantemente reprimidos pelos mais velhos ‘oh meus irmãos’  , suas opiniões velhas e quadradas parecem nunca mudar, “o céu é azul, a grama é verde” e é assim que aprenderam com seus pais e é isso que querem que acreditemos, sempre pensei  ter pais libertos de neuroses tão atrasadas e sem sentido,  mas agora noto como eles são conservadores e fechados para o mundo atual.
Tudo isso começou apenas por um post que retirei de uma pagina atea do facebook e publiquei  no meu mural, para eles isso seria motivo para criar a 3 guerra mundial, como se ser ateu fosse algo ruim, algo insano, e que as pessoas não compreenderiam.. MEU DEUS (com toda ironia da frase) como ainda pode existir preconceitos a algo que já se tornou tão comum nas redes socias e em diversos lugares do mundo?  TODOS, repito, TODOS, tem direito de pensar como quiserem e expressar isso de forma que não seja ofensiva as outras religiões..
Não há motivo no mundo para se reprimir e deixar de acreditar no que se quiser, se fossemos todos iguais não existiria evolução social, apenas seguiriamos o que os outros querem que pensemos, o que (para não mentir) é a realidade de muitos nesse país. Cada vez mais vejo as igrejas espelhando rumores de que a comunidade atea é satanista (nada contra aos satanistas, cada um pensa como quiser) e que quer destruir as outras religiões, isso tudo eh uma grande mentira criada para manipular as pessoas, e molda-las para que pensem somente deste jeito, como já é feito por muitos anos na história da humanidade.
Vou ser breve porque o texto já esta bastante extenso, libertem-se druguis da opressão de P e M, pensem como quiserem, usem sem medo o seu direito a liberdade de expressão, pois isso ninguem nunca podera tirar de nós,

Furiosamente e precisando de um pouco da boa e velha ultra-violência, Drugui.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Dîn - Parte II: "Ciência no Pote"

Olá (", oh meus irmãos"). Eis que volto a escrever para me aproximar, no mínimo, de terminar o que comecei na notchi do dia 26 de junho - estive sem dirigir-me a vós neste pedaço do cybermundo-imundo por um bom tempo, Druguis. Talvez, porém, a "Parte II" de dîn - isto aqui - seja a sua última.
Primeiro, apesar do dito acima, farei uma desambiguização: Idîn, a coisa, é aquilo de que este texto trata. Idîn, a pessoa, por sua vez, luvêr uma amadíssima drugui. Tão plusdoidîn que recebeu - por atribuição de "vosso humilde narrador" - o ímia do próprio idîn, como videáreis.

De volta ao conceito de Idîn, meus druguis, exponho o seguinte:
-> Buscamos aqui, a construção do conceito puro e claro de Idîn, como algo ibóg, que diferencie-o de outros sentimentos (alegria, tristeza, afeição, carinho, etc.) e de neuroses obsessivas, compulsivas, etc.

-> Partido da concepção dada pelo senso comum, creio que Amor pode ser definido, de forma plusabrangente, como um sentimento de afeição extrema a outro ser, associado ou não à genitalidade, que geralmente envolve um impulso à constituição de um relacionamento entre os humanos, aberto ou fechado, seja de amizade, de aliança perante O Carneiro, ou de qualquer outra denominação; pode ser aquilo que impulsiona um ser a desejar o ibóg de outro (às vezes, tanto quanto deseja o próprio ibóg ou ainda mais); pode ainda ser um sentimento de dependência do ente amado que aparenta, muitas vezes, a própria infindabilidade, ou uma ânsia em unir-se a tal ente amado, um impulso que pode ser considerado incontrolável por tal união. Idîn pode também envolver o desejo intenso de proteger e conservar algo ou alguém.

-> Agora, "filtrarmos" o conceito comum - o do item anterior - retirando dele, argumentadamente, tudo o que for fruto de distorções do ingsoc ou de outras mentiras neuróticas em geral.

a) Quanto ao fato de amor ser um sentimento de afeição extrema a outro ser, digo que, se "afeição" significar "vontade de união", podemos mantê-lo sem destruí-lo, considerando que a união torna cada ser mais forte. É mais difícil lutar contra dois leões do que contra um. É mais sobreviver estando entre cinquenta zebras do que sendo-se uma única zebra isolada. É mais fácil construir uma sociedade com quatro pessoas do que com duas. A união é, ainda, necessária à nossa reprodução (biológica), característica a todos os seres vivos e que creio, por isso, poder ser tomada como legítima. Se, entretanto, essa afeição significar "dependência" ou "compulsão"(uma vontade inescapável), constitui um bloqueio à nossa liberdade: não o queremos para nós. Além disso, creio não é necessária a dependência da união para a concretização plena da mesma: animais, em geral, reproduzem-se, unem-se sem depender um do outro e confio que possamos superar, ainda, o nível intelectual e de liberdade dos não-humanos.

b) Quanto à associação a genitalidade, Druguis, digo-vos que, na maioria dos casos, o que leva dois seres de sexos opostos, ou até os de mesmo sexo, a suprimirem de sua relação genital, é o bloqueio neurótico: O Carneiro não permite tal união. Seja através da imposição da monogamia, da "pureza" - e sinto vontade de cuspir, agora, ao ver como insinuam que mentir seja puro - ou de qualquer outro dogma voni.
Exemplificando: se quero fazer o velho entra-e-sai-entra-e-sai, consciente ou inconscientemente, com outro ser (por impulsos sexuais e não patológicos), por que devo eu conter tal impulso? Ele sabidamente nos trará prazer, nos libertará e fortificará! Não há motivo algum, a não ser mentiras starres, repetidas por P e M ou por homens inseguros de vestido que rejeitam a homossexualidade!

c) Relacionamentos fechados, agora. Se queremos a independência do ser, por que precisamos prendê-lo a uma convenção social? Não precisamos e, a menos que digamos que só é possível sentir o impulso de união (que mantemos do item "a") por um ser (e disso discordo por experiência, Druguis), não há razão que justifique a monogamia. Mesmo que o número uniões sexuais simultâneas entre seres seja limitado, o número de uniões sexuais cronologicamente distintas tem limite desprezível (se é que tem qualquer limite). Os Druguis já habituados à destruição de ideias neuróticas aceitarão mais facilmente este argumento. Para os demais, resta a objeção racional. Ficai a vontade para comentar o que quiséreis.

d) Questionemos agora se Idîn é, de fato, um impulso à união que nos leva a desejar o ibóg dos seres amados. Admitindo que Idîn engloba a união "física" (sexo, mesmo que não-genital), psíquica (através o sentimento de união) e filosófica (aproximação do ser, sob suas diversas formas), podemos sim, psicologicamente, associar o ibóg dos outros seres ao nosso, para compartilhar da mesma. Ainda podemos desejar que o outro ser seja feliz para que una-se melhor a nós, para que se expresse melhor, e assim sejamos mais felizes perto dele. Portanto, independente da origem da vontade de ver os outros seres felizes, a mesma trata-se de algo dobóg associado ao conceito comum e que, portanto, segundo nosso método de definição atual, pode ser incluída no nosso conceito de Idîn.
Todavia, no caso de tal impulso ao ibóg alheio tornar a construção de nosso próprio ibóg mais difícil, meus druguis, nosso último argumento perde seu sentido. Todos os seres buscam "ser a si mesmos", ou a realização própria, mesmo que em conjunto com outros seres ou através da projeção amorosa. Agir por querer a felicidade de outro ser não deixa de ser agir por si mesmo: seguimos nosso objetivo de trazer ibóg ao outro ser pois isso faz bem a âo. Assim, admitimos que projetar a felicidade de terceiros  acima da nossa constitui uma distorção neurótica.

e) Os demais impulsos associados a Idîn também são neuróticos: dependência do ente amado, "infindável" ou não, assim como impulso incontrolável qualquer, constituem bloqueios à nossa liberdade, uma vez que pelos mesmos sentimo-nos obrigados a agir de determinada forma ou a estar com determinado ser. Enquanto o impulso de união for verdadeiro, não haverá necessidade de qualquer sentimento de obrigação. Isso parece, para "vosso humilde narrador", bastante óbvio.

f) Quanto à vontade de proteger o ser amado, podemos utilizar dos mesmos princípios presentes no item "d". Se a proteção tal ser significar a proteção do caminho mais válido, por nós definido, até nosso ibóg, então é legítima. Mas, se constituir um medo, uma compulsão ou obsessão, que afasta-nos de nosso ibóg ou põe nossa vida em risco, trata-se de um problema filosófico/psíquico a ser resolvido, visivelmente.

-> Assim, do conceito proveniente do senso comum de Idîn que estabelecemos anteriormente, restou apenas o impulso de união a outros seres, associado ao desejo saudável pelo seu ibóg.

Nossa chegada a esta conclusão parece-me legítima, Druguis, mesmo que, ao meu videar, pareça agora repetitiva. Avaliai a mesma com a mente aberta e senti-vos livres para criticá-la, pois sereis respondidos com Idîn.

Grande abraço a todos vós,
                                             Romeu.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Dîn - Parte I: Shakespeare Morto, Romeu Vivo

Devo agradecer à drugui An. N^.N^. pela "inspiração" para escrever isto aqui, num gesto de apenas Idîn de minha parte (compreendereis em breve), uma vez que, sobre o que escrevo nesta notchi, eu e î já gavoretamos à tarde. Na verdade, minha intenção aqui é falar sobre o próprio Idîn.
Enquanto o mundo criado pela Ovelhinha Maldita ensina-nos a amar à sua maneira - dando o iama para quem se ama, submetendo-se, idealizando, ignorando Ma'at (e portanto a razão e, em consequência, a verdade) e tornando-nos dependentes - eu viteio defender um videar diferente sobre isso (", oh meus irmãos").
Enquanto esquezetam-nos que "amor é quando uma líude está em nossa mente e não podemos parar de messeiar nela", "união é um sentimento de estar em família, um sentimento de obrigação de proteger, de defender, de dar a vida pelo que se ama" ou "quando amamos, não conseguimos ser felizes sem o ser amado", estão transmitindo a nós, subliminarmente, metáforas do ingsoc dominador e voni. A mensagem do dito poderia ser "traduzida" por: "união é dependência - se amais vosso P e vossa M, submetei-vos a eles, se amais O Carneiro, obedecei Suas leis, se amais vosso país, submetei-vos ao Partido".
Assim, se algum escudeiro do conservadorismo ou drugui d'O Carneiro quisesse controlar-nos e fazer-nos submeter, não seria de admirar se utilizasse concepções como as citadas no parágrafo anterior para embasar-se ideologicamente e pôr tais planos em prática. Além disso, é de ciência de vós, druguis, que nossa honrada e sábia civilização parece possuir tendências psicológicas a acarneirar um ser para submeter-se a ele, projetando o próprio ibóg no mesmo. Messeio que tal tendência provém do predomínio do ingsoc em meio a tal sociedade.

Finalizando este pequeno texto, quero adiantar-vos que não pretendo afirmar, contradizendo tudo o que já fiz em âo-pedaço do cybermundo-imundo, que união não exista ou que ela seja uma mera ferramenta do ingsoc. Pretendo, sim, torná-la nagói aos vossos olhos, mostrar o Idîn e apenas ele, sem distorções neuróticas da sociedade do "sofrimento carneiresco pelo outro". Farei pública no mínimo mais uma parte deste texto. Romeu.