terça-feira, 17 de julho de 2012

Dîn - Parte III: Humanos

Olá, druguis do cybermundo-imundo. Venho escrever o último e malenque pedaço do que, agora, é uma trilogia de textos tratando sobre Idîn. Espero que isto torne os primeiros dois textos, que estão bem confusos, um pouco mais inteligíveis e claros. O que segue com certeza esclarecerá algumas de minhas posições e seus fundamentos, mas também abrirá espaço a muitas críticas e discussões. Isso não intimida-me nem de longe, entretanto, pois não estou aqui, por meio deste ou de qualquer outro de meus textos, apontando a verdade absoluta e única, mas sim buscando construir uma visão abrangente da verdade convosco, que ajude-nos a concretizar nossos objetivos.
Tomando por legítima a definição de Idîn estabelecida no texto anterior (", oh meus irmãos,") - que recomendo que leiais antes deste, para que haja entendimento e base argumentativa - de que o mesmo trata-se do "impulso de união a outros seres, associado ao desejo saudável pelo seu ibóg", creio que é vantajoso demonstrar como isso acontece, dentro da sociedade, e que distorções teriam tornado o amor neurótico, monogâmico e de muitas outras formas restrito.

As crianças e os nadsats - especificamente (e por limitação cultural de "vosso humilde narrador") os ocidentais, haha - desenvolvem-se consumindo uma cultura que incita à monogamia, ao chamado "amor cortês", aos ciúmes e à repressão sexual proveniente disso tudo. Em geral, tomam por amor grande parte daquilo que estabelecemos na "Parte II" como "concepção dada pelo senso comum" e as neuroses nele presentes são legitimadas basicamente por influência dos Escudeiros do Conservadorismo e d'O Carneiro:
a) O carneirismo toma a monogamia como indispensável e a poligamia como pecado imperdoável (além de reprimir o sexo por prazer como se o mesmo também o fosse), o amor cortês é tomado como o verdadeiro amor, em que há repressão sexual (carneirismo novamente), compulsão pelo ser amado e dependência do mesmo.
b) Numa sociedade de dominação, parece-me bem útil que o amor estabeleça dependência, submissão e medo - tanto que temer ao Carneiro é, em sua doutrina, tomado como tão legítimo quanto amá-lo. Não creio que precise aprofundar-me nisso... basta que aceiteis minha suposição de que o carneirismo tenha sido usado para dominar e adaptado seus conceitos para esse fim e vereis o quanto isso faz sentido (entretanto, estou aberto a críticas e argumentações, como sempre).
c) Os ciúmes são a consequência da monogamia (que leva à questão da unicidade do parceiro e torna socialmente aceito e "útil" o sentimento de traição) e da própria projeção da unicidade em outros seres (fruto do sentimento de "não ser único por si mesmo"). Quanto a proveniência desse sentimento de não unicidade... videemos... bom. Preciso investigá-lo melhor, amados druguis e companheiros. Mas parece-me o tipo de neurose psíquica infantil ligada às relações parentais.


Assim, num relacionamento comum de "namoro" entre nadsats, o que acontece, exceto - e nem sempre - o sexo (genital e não genital), é praticamente fruto de neuroses. Unindo-se por amor, os jovens videiam-se inseridos em uma relação que, invariavelmente, tende ao fim violento (uma ruptura baseada no expurgar da raiva produzida pelo complexo neurótico todo) ou ao fim passivo (um casamento, um relacionamento morto e mal resolvido, sexualmente falho, com poucas ações e onde o amor morre aos poucos).


Não estou mais a fim de gavoretar sobre isso, Druguis. Se quiséreis falar algo ou desenvolver em algum sentido, comentai.


 Ludîn êo! Romeu.

2 comentários:

  1. Ótimo texto, como eu esperava de ti, Romeu.

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  2. Em seu vislumbrar, a fidelidade é uma neurose? Se sim, considera-a "ruim"? Se não, seria a fidelidade uma forma de amor?

    Responda, se lhe aprouver.
    Abraços.

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