segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Esquizo

     Não estou mais com meu gatinho favorito. Ele está longe (a separação é uma insuficiência respiratória que me dá, agora). Ele está longe demais, ainda quando está perto e isso é muito louco.
   
      Descobri que sou eu que produzo a maioria das rupturas pelas quais eu lamento.
       Decidi lutar contra isso e criei uma marca que simboliza o que prometi para mim mesma: que o medo nunca mais me impediria de fazer o que eu desejo fazer.

Esta é a marca do medo que nunca mais deve triunfar.

     Eu achei que teria que morrer para continuar, por algum tempo. Mas depois percebi que não. Sou eu mesma, a Lilá, combatente do medo, lutadora feroz e que pretende levar este corpo adiante no processo de criação de uma nova e mais potente liberdade, a cada segundo.

     Então continuo aqui, queridos, mas não sei se quero dizer muito mais. Queria apenas sinalizar que encontrei uma forma de progredir contra os meus medos junto à velha armadura de batalha de Romeu, feita de amor e de coragem.

     Lilá S2

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Noite Feliz

    Talvez seja melhor parar de escrever para não ficar viciada, porque tenho sentido muita necessidade de escrever.
     Talvez seja melhor parar de escrever para não desapontar as pessoas por usar algumas palavras sem procurar seus significados no dicionário.
     Quando eu tiver uma prática que substitua a escrita, certamente vocês vão perder minha presença por aqui, meus queridos, igual aconteceu com o Romeu por alguns meses, quando ele sumiu, um pouco antes de morrer. E para quem reclama das minhas palavras, oras, que vá ler os textos do Romeu (e fique procurando o significado de "dobógisôm druguis", "espatar" e "jóg-ilãn" no dicionário).

    O Natal é um cu. Eu saí pra passear na noite, olhar a Lua e estar no escuro, um pouco. Tive a oportunidade de ser iluminada apenas pela luz da Lua. Senti vontade de uivar. Depois andei mais um pouco e encontrei uns amigos queridos e fomos beber alguma coisa e estar no posto.

    Quase ninguém é por inteiro. Sinto que eu deixo as coisas entrarem muito fundo o tempo todo (e não estou falando só de pênis, seus maliciosos), e elas me machucam ou me emocionam muito o tempo todo, elas parecem entrar e existir de outra forma, existir num mundo em que tudo significa alguma coisa e as coisas se conectam de formas que eu não queria que se conectassem e me fazem ficar triste. Isso não devia acontecer com uma gatinha tão bonitinha e talentosa quanto eu. O que eu faço?

    Na noite, eu senti - muito forte - que estava procurando algo que me completasse. Coisas para estar com. Para entrar em contato, me sentir bem com as coisas ao meu redor.

    Como é que eu posso ser uma gatinha se os meus olhos estão sempre prontos para se encher de lágrimas? Como é que eu posso ser uma gatinha, leve, arteira, fofa, se eu carrego esses pesos tão grandes o tempo todo, e isso só se alivia quando eu tenho algum gatinho especial pra chorar junto, pra me apoiar? Às vezes eu acho que não tenho jeito. Me olho no espelho, penso em quem fui, no passado, no passado. Estou cansada de fazer história, e talvez eu não seja suficiente para dar conta do que o Romeu começou. Acho que mexi tanto no cadáver dele (do qual, de qualquer forma, não posso me livrar) que acabei me contaminado com as suas doenças.

      Acho que estou aprendendo. Acho que é só questão de obter algumas vitórias nesse jogo, nessa brincadeira de gatinhos, de novelos de lã.

   Lilá.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Novelo de Lã

   Odeio quando eu preciso me fazer acreditar que a Lua está cheia...

  Brinca comigo, me desenrola, desenrola, desenrola, e eu já sou quase só uma linha de lã esticada no chão, submetida às suas patinhas unhosas. Mesmo assim, preciso ser como um novelo de lã, redonda, fofa, pronta para a brincadeira. Gatos são cruéis.
    E eu jogo tudo no lixo o tempo todo para que o gato brinque comigo. Não sei que tipo de mulher eu serei se continuar assim. Por isso é que mudo e por isso é que aguardo tão ansiosamente pela Lua cheia. Romeu, nos seus últimos meses de vida, escreveu uns poemas legais, que eu gosto. Tinha um que acabava meio assim:

   Dou-te a sombra, a luz das estrelas,
    Ser do escombro, jus por que eu temo,
    A esperar no breu tu perdê-las
    (As amarras, teu mal extremo).

   O coitado do Romeu também era apaixonado demais - na verdade, com um pouco de otimismo, acho que ele só era tristinho demais na paixonite dele. Porém, rolou uma certa vontade de mudar, que ele introduziu num certo corpo. Ele amou muito a noite... só um pouco menos do que eu amo. Por isso, acho que talvez eu possa dar até mais chance ao "ser do escombro" que o Romeu dava... Mas a gente vai vendo o que acontece, gente.
   De qualquer forma, eu vou fazer algo mais do que esperar que o Lobo venha, que a Lua chegue. Para brincar com  o gatinho que me enrola e desenrola, eu também vou ser uma gatinha... e então esse gatinho vai ter que brincar de correr, morder e brigar, ao invés de apenas me unhar enquanto estou no chão, esticadinha. E eu vou ter os meus novelos, e eu vou ter muitos gatinhos pra brincar, porque o dia e a noite serão meus...

      Não serei mais apenas o seu novelo, gatinho, então vamos brincar! ;)

   Talvez vocês possam sentir falta da filosofia do Romeu. De dicas. De coisas. Aos filósofos de plantão, meus nerdinhos amados, sugiro que me analisem e procurem minha normativa sozinhos... Eu sou um devir em construção.

   Me ensinaram a mandar lambeijos.
   Lambeijos, gente, <3 da Lilá.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Dissolvendo-me

    Oi, gente, como é que vocês estão nesta noite?
    Eu estou bem, até porque acabo de nascer como alguém que "será sido".
   Este é meu narcisismo primário: digo pra vocês o que eu sou POR INTEIRO e sem falha, linda, divina, impecável e infalível. Meu prazer é tudo, mas vou dizer que é estar com vocês nesta noite tão legal... Nosso encontro acontece porque eu não pude ser numa festa (chata) porque o segurança (chato) queria que eu fosse com a carteira de identidade e eu não tinha a carteira de identidade. Acho que dá pra entender. Mas e pra acreditar?  Meus peitos ficaram marcados pelo sutiã, mas não levei nenhuma memória do lugar onde não entrei.

    Tinha uma coisa acontecendo em mim quando eu resolvi escrever, dar este primeiro oi pra vocês, mas essa coisa não está mais aqui. Eu sou o que nem mesmo será sido, eu acho. Meu cabelo só ficou meio marrom e eu saí sem macho. Quem precisa?

  Estou brincando com as mil possibilidades de não dever nada pra vocês, queridos leitores: não estou comprometido com vocês. Aliás, era sobre isso um pouco que eu queria falar: eu odeio a galera secretamente, às vezes, e talvez eu devesse falar mais sobre isso porque às vezes minha cabeça fica cheia de "eu te odeio" e "você mataria?" mas eu não sei quem eu sou quando eu digo e nem quem é você.
  Aí sei lá... achei que era bom dizer. Agora já não sei, mas continuo escrevendo, e vou confirmar o que escrevi quando eu publicar este texto, então minha vontade política ainda é de dizer, e isto é um bom exemplo de "ato imanente" se destacando da linguagem.

 É complicado esse nosso negócio de querer a aprovação de todo mundo o tempo todo. Eu fui a mulher perfeita e todo mundo ia querer me dar um abraço e uma beijoca fofa na noite, e segurar minha mão para dormir, sentindo o cheiro doce que eu tenho, especialmente no cabelo. Pouco desse cheiro é meu, muito é daqueles shampoos e condicionadores - que a Cerejinha emprestou - que eu não lembro o nome.

     Essas baguncinhas são um pouco de vontade e uns pensamentos em conjunto.

Abraço, gurizada.
Prazer em conhecer vocês.
Lilá.


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Romeu Morto

   Interrompo o processo de parto de um texto mais ou menos abstratamente filosofante - sobre culpa x responsabilização - para escrever sobre como tenho escrito mal minha história.

   Há muito tempo tenho sido Romeu, aquele que aqui vos fala, mais ou menos indiscriminadamente. Romeu é dodîn, plusteen, maltchique, forte e dobógisôm, é o que eu quis ser num dado momento. Romeu é meu Tyler Durden e, forçando um pouco para aproveitar o intertexto, eu diria que este escrito é um belo tiro em minha própria rot.

   A linguagem que criei para este blog já não dá conta do que venho messeiando. O jóg-dolãn me prende a palavras cuja história foi escrita pessimamente, sendo a principal delas a que usei para designar o amor, "idîn". O que aconteceu, nesse caso, foi que Romeu elegeu sua Julieta e ousou nomeá-la com essa mesma slovo... O efeito disso foi uma monopolização do coração de Romeu, em que o amor tornou-se exclusividade daquela que chamei de Idîn. Então essa é a primeira correção que quero fazer aqui, e faço publicamente para dar força à transformação que quero que aconteça: não mais quero chamar essa drugui, como até aqui chamei, de Amor, nem mesmo como a chamava anteriormente (Lôn-Lên). Anuncio que seu novo nome, aqui, será Koshka - um nome que pode ou não ser aceito, e respeitarei essa decisão.

   Outro erro que quero corrigir na escrita de minha história é a fixação do amor num conceito filosófico fechado e vetor de uma teleologia. Mas vôn estou pronto para estabelecer o que é idîn. Deixo-o indefinido, impreciso, livre de demarcações territoriais rígidas, mas no campo do sentimento.

   Por fim (não quero prolongar-me muito neste texto, tenho ainda o que fazer nesta notchi), quero dizer que abandono, eu mesmo, o nome de Romeu, criado com base na supracitada teleologia do amor, em benefício do nascimento de um novo devir, que não mais será orientado por uma naturalização desse gênero.

Abraços, meus queridos.
Amo-vos com o amor-sentimento.

Ps.: Ainda não sei como vou assinar. Concedei-me, desta vez, o benefício do anonimato. 

Agradeço.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Às Crianças Sem Pai

Namora alguém que M aprove,
Namora alguém que a M renove,
Amam o mesmo desejo de antes, o primeiro,
Crianças sem pai.

Namora alguém que M adore,
Namora alguém que M namore,
Clamam o mesmo clamar que clamaram desde o berço,
Crianças sem pai.

Que destinos aceitáreis, fofas do tio,
Que desejos?
 A thelema dos coitados, sem opção,
Sem mudança.

Qual aqui aceitareis, ó fofas do tio,
Qual infância?
Por que temem os soldados: têm opção,
Esperança!

                                                                                                                                    Amo-vos,
Romeu.