terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Noite Feliz

    Talvez seja melhor parar de escrever para não ficar viciada, porque tenho sentido muita necessidade de escrever.
     Talvez seja melhor parar de escrever para não desapontar as pessoas por usar algumas palavras sem procurar seus significados no dicionário.
     Quando eu tiver uma prática que substitua a escrita, certamente vocês vão perder minha presença por aqui, meus queridos, igual aconteceu com o Romeu por alguns meses, quando ele sumiu, um pouco antes de morrer. E para quem reclama das minhas palavras, oras, que vá ler os textos do Romeu (e fique procurando o significado de "dobógisôm druguis", "espatar" e "jóg-ilãn" no dicionário).

    O Natal é um cu. Eu saí pra passear na noite, olhar a Lua e estar no escuro, um pouco. Tive a oportunidade de ser iluminada apenas pela luz da Lua. Senti vontade de uivar. Depois andei mais um pouco e encontrei uns amigos queridos e fomos beber alguma coisa e estar no posto.

    Quase ninguém é por inteiro. Sinto que eu deixo as coisas entrarem muito fundo o tempo todo (e não estou falando só de pênis, seus maliciosos), e elas me machucam ou me emocionam muito o tempo todo, elas parecem entrar e existir de outra forma, existir num mundo em que tudo significa alguma coisa e as coisas se conectam de formas que eu não queria que se conectassem e me fazem ficar triste. Isso não devia acontecer com uma gatinha tão bonitinha e talentosa quanto eu. O que eu faço?

    Na noite, eu senti - muito forte - que estava procurando algo que me completasse. Coisas para estar com. Para entrar em contato, me sentir bem com as coisas ao meu redor.

    Como é que eu posso ser uma gatinha se os meus olhos estão sempre prontos para se encher de lágrimas? Como é que eu posso ser uma gatinha, leve, arteira, fofa, se eu carrego esses pesos tão grandes o tempo todo, e isso só se alivia quando eu tenho algum gatinho especial pra chorar junto, pra me apoiar? Às vezes eu acho que não tenho jeito. Me olho no espelho, penso em quem fui, no passado, no passado. Estou cansada de fazer história, e talvez eu não seja suficiente para dar conta do que o Romeu começou. Acho que mexi tanto no cadáver dele (do qual, de qualquer forma, não posso me livrar) que acabei me contaminado com as suas doenças.

      Acho que estou aprendendo. Acho que é só questão de obter algumas vitórias nesse jogo, nessa brincadeira de gatinhos, de novelos de lã.

   Lilá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário