domingo, 23 de dezembro de 2012

Culpa? Vish! Desculpa, Sociedade...

Oi, queridos irmãozinhos.
Venho hoje desconstruir um conceito que me atrapalha muito no dia a dia, de uma vez por todas, porque não aguento mais essa kal me enchendo os yarblos. Eis o quê: Culpa. Algo construído em nossa cultura que nos faz sentir arrependimento, que nos faz fixar no passado e sentir muitíssima dor por ele, ou que nos faz condenar odiosamente uma parte específica de uma escala racional, para a fixação da raiva. Mas... sem que nos enrolemos, vamos prosseguir:

Consideremos um indivíduo x, que vive como um bom cidadão exemplar, cristão (e ensinado a ser cristão), bom aluno e então bom trabalhador, cheio dos bons e velhos conceitos conservadores tapadores de glazes. Ele videia o mundo ao seu redor, feito de agonia para alguns e de abundância neurótica para outros, um mundo de tristeza onde poucos buscam conhecer o real significado da felicidade e o real sentido de sua vontade. Ele conhece os meios de acesso à informação disponíveis na sociedade atual e não busca conhecimento porque seu intelecto se organiza de uma forma pela qual não sente vontade de fazê-lo.

Poder-se-ia considerar, usualmente, que:
a) O indivíduo é culpado pela própria desgraça. Ele poderia alterar sua situação, mas não faz tal coisa, por falta de vontade, por "preguiça".;
b) A sociedade é culpada por transmitir ao indivíduo todos os valores que o transformaram no que ele é;
c) Seus pais, por deixarem a sociedade exercer os efeitos do item anterior e por terem, em parte ou totalmente, também transmitido-os, são também culpados por tal coisa;
d) O governo da sociedade do item b é também culpado e, comumente, é considerado como o centro de toda a culpa pelo estado atual da sociedade, que transforma os indivíduos no que são para que elejam governos como o de que tratamos.

Do exposto acima, que se encontrou em praticamente todas as discussões políticas das quais já participou "vosso humilde narrador", podemos deduzir algumas coisas. Primeiro, que todas as etapas de um ciclo são culpáveis sobre o mesmo. Se interrompêssemos qualquer das etapas do ciclo e a substituíssemos por atitudes que visassem o bem geral ou o do indivíduo em questão, teríamos o fim, ao menos parcial, do ciclo vicioso. Segundo, que a culpa costuma ser equivalente ao poder das instituições de cada etapa. A culpa do Estado é videada como maior por ser este a instituição mais poderosa do ciclo, segundo o videar comum. Terceiro, e mais importante, é que a culpa parece fluir de fase a fase do ciclo humano, em todas as situações vitais, em todos os âmbitos humanos (aos quais o conceito de "culpa" é considerado como aplicável), como se não estivesse fixa em nenhum deles, mas sempre através do poder.

Consideremos uma outra situação, do desenvolvimento de um trauma infantil qualquer, em uma criança de poucos anos de idade. Aquilo que tem mais poder sobre a criação da criança são seus pais e, evidentemente, neles videaríamos a maior parte da "culpa" pelo trauma. Em segundo lugar, veríamos talvez o resto da família, depois o Estado, por não educar corretamente os indivíduos à paternidade, ou a sociedade, por exercer má influência sobre os indivíduos específicos. A criança, despida de poder (de consciência sobre a formação do próprio caráter), "não tem culpa" pelo próprio trauma.

Mais uma vez, a sequência de deduções feita da primeira consideração torna-se verdadeira. A culpa reside, no ciclo humano, onde quer que haja poder. Sempre que houver poder, numa relação de causa e consequência que não condiz com o desejo moral, aquilo que se considera como certo. Ora, nenhum dos efeitos esperados seria reversível a menos que um dos componentes do ciclo fosse alterado, ou seja, não mudaria a sociedade a menos que mudasse o indivíduo, não mudaria o indivíduo a menos que mudasse a sociedade, e não mudaria a sociedade a menos que mudasse o Estado, tudo isso, evidentemente, sofrendo efeito de muitíssimos outros fatores, mas nenhum deles sendo capaz de mudança sem causa("autogerada"), ou fugindo a relação de causa/consequência que estabelecemos.

Ora, se tudo tem uma causa, de que nos adianta culpar algum fator x ou y, por um fato ou outro? Cada individuo é responsável por si mesmo, evidente, e é capaz de gerar mudança através de sua liberdade (que também tem causa, mas que ainda não está determinada). Esse conceito, que a mim é bastante complexo de compreender, é estudado por pensadores com Jean-Paul Sartre, e vos recomendo a leitura dos mesmos, meus lindinhos.

Em princípio, temos que:

  • A culpa é uma projeção humana da raiva sobre um fator de uma relação de causa/consequência moralmente indesejável.
  • A única "culpa" concebível, reside na responsabilização do indivíduo pelo projeto de seu devir, através de sua liberdade. Não há culpa, exceto a do indivíduo, pela sua própria existência, pois sem que o mesmo se responsabilize por si, ele tende à estagnação, dando a si mesmo como já determinado e pronto, sem que esteja-o de fato.
Grande abraço a vocês, meus caros druguis.
Amo-vos muito. Espero poder contar com comentários de dúvidas, questionamentos e críticas sobre o tema, ainda que o mesmo seja bastante filosófico... o que costumais considerar não muito horrorshow, se não me engano.
Abraços infinitos, queridos, beijos e muito sexo genital, se pudéreis suportar.

<3 Romeu

Ps.: (24/01/2013): Encontrei o seguinte, druguis, sugiro que deis uma videada. O primeiro rapaz concebe algum tipo mérito, ao que parece, mas ele desfaz vários nozinhos chatos e parece ser um amor de pessoa <3 - Heh. O segundo loveque defende o capitalismo com conceitos bem meritocráticos  Videar um após o outro deve ser no mínimo positivo à reflexão. Aliás, dize-me, não parece que o rapaz do capitalismo vos quer devorar?

Ps.2: (21/07/2013): Ver também o novo texto "Plusnovo Toltchoque à Meritocracia".



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Pais e Filhos

Olá, lindos.
Creio que o que hei de falar hoje seja um toltchoque para muitas líudes por aí. Jamais me importei em dar uns toltchoques progressistas, entretanto, então sugiro que essas líudes já comecem a se preparar para me dar seu perdão.

Bem... o que está a me preocupar é que videio muita gente com potencial plusteen ao meu redor sucumbir à força que a sociedade kal dá aos papais e mamães e se tornar starre por isso. O superpoder parental representa uma arma dada ao conservadorismo voni. É uma forma de manter o que é velho e impedir a eclosão do que é novo, mas também de tornar os nadsats submissos e impotentes diante de qualquer "olhar (ou videar) de repreensão". Esse videar de repreensão pode ser tomado tanto literal quanto simbolicamente: está representado nos gestos que denotam desamor, como um olhar de reprovação vindo dos pais ou de quem quer que seja, mas também na repressão e no preconceito de uma sociedade inteira, quando a mesma, enferrujada e cheia de dobras desnecessárias, desaprova qualquer coisa. Somos ensinados a temer o verbo que nos contradiga, a associar à dor um simples tom da galoz de nossos pais, professores, patrões, governantes e/ou líderes religiosos. Quais as bases dessa associação?
a) A expectativa do Castigo Físico: para a grande maioria das pessoas, a desaprovação paterna (e materna) foi demonstrada verbalmente ou simbolicamente em primeira instância, porém fisicamente em segunda. Assim, a desaprovação verbal torna-se o aviso de que o castigo físico poderá/irá acontecer.
b) A negação da perspectiva de Recompensa: ainda para a grande maioria das líudes, a aprovação dos pais representa uma recompensa em forma de carinho (amor) ou de quaisquer outros benefícios. A desaprovação representa, assim, a negação dessa possibilidade.
c) A associação simbólica ao desgosto, ao desafeto: o olhar de reprovação representa o contrário do amor simbólico, da vontade de unir-se ao ser que lhe agrada.
(Creio que existam outras associações, mas os itens acima já nos dão base para prosseguir, e a maioria das outras possibilidades pode ser reduzida aos mesmos.)
Enquanto o medo da desaprovação do outro nos induz à não argumentar, a desconstrução do temor ao olhar de desaprovação (simbólico e físico) é fonte de grande liberdade: torna impotentes contra nós aqueles que usam os símbolos do ódio como arma.

Seguindo adiante (não sei se me perdendo ou me encontrando nesta exposição), quero esquezetar que a manutenção do poder parental sobre o indivíduo quando este não mais depende intelectualmente dos seus pais é algo bastante questionável. Se dependência material é o que determina a total autoridade dos pais sobre os filhos, ao ponto de que lhes é permitido castigá-los ficiamente, em que isso é diferente de um regime escravocrata? Além disso, por que motivo infeliz se considera no senso comum que a maior influência intelectual de um indivíduo tem de ser a de seus pais?

Não pretendo me prolongar muito. O ideal seria videar alguma contra-argumentação para continuar esta exposição. Há muito tempo, me sinto aqui gavoretando odinoki.

Abraço, lindos.
Amo-vos.
Romeu.