terça-feira, 3 de junho de 2014

Capitalismo melancólico e vitória da autoprodução

    Culpar a si mesmo é consequência de ter que responsabilizar a si mesmo para atribuir valor a si mesmo em forma de mérito. O corpo organizado, inserido na linha produtiva capitalística, precisa ter na etiqueta: ingredientes, informação nutricional, ingestão diária recomendada, SAC, fabricante, preço...

    O eu ideal está eclipsado pelo ideal do eu. O ideal do eu está hipotecado à propaganda. Seja Robert Pattinson, seja a Angelina Jolie, seja Cauã Reimond ou qualquer um da Globo ou de qualquer TV. Seja o Sheldon Cooper, o desastre de vida absolutamente captado e capitalizado. Seja o Kurt Cobain ou Che Guevara. Seja Tylen Durden.

    O desejo é produzido pela oferta e a oferta é oferta do mercado. A angiotensina circula no nosso cérebro nos caminhões vermelhos da coca-cola.

    O funcionamento perfeito é: maníaco no trabalho, depressivo em casa.
    E pelo amor de Deus, que não sobre mania para
    Movimentos Sociais
    Pensamento
    Sexo

    Alguém pergunta "como desorganizar o corpo".
    Você sai de noite e produz desorganização, mas não deixa de ter órgãos.
    A vibe da produção está enraizada e nós sabemos produzir muito bem.
    Não sabemos é distribuir.

    Se deixarem que haja um ensinamento da TCC, pode ser que seja: parta do que você tem.
    Então você sai na noite e é uma máquina esquizofrênica de autoprodução constante. Use alguns elementos que você tiver. O tema pode ser "interação social". Copie e cole. Mexa um pouco. É assim que a produção intelectual funciona hoje em dia. Use o cérebro para as grandes sacadas, as grandes construções, cheias de afetos, cheias de impulsos, de saberes não-racionais. Deixe a parte de copiar para o computador.
     Alguém vai estranhar os seus novos gestos, seus novos gostos, suas novas palavras. Você copiou e colou... o sujeito Lacaniano não está mais na fala. Ele é quem produz a colagem... uma colagem virtual de parágrafos. CTRL C CTRL V.
    Isso pode ser uma potência ou um tiro no pé. Pode ser uma máquina de guerra ou o fim de qualquer possibilidade de política. Só depende da colagem que você faz e dos pontos precisos de insight, de distribuição, que você topa escrever no meio do pré-fabricado, das citações ao vivo, no social-in-vitro.

     Este é o ensinamento da Lilá.
     Fazei isso em memória de mim.

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