sábado, 31 de maio de 2014

Lidando com o Artigo 1 do AI Édipo.

    Neste dia eu quero dizer xô-xô para esses sentimentos endireitados à moda capitalística.

    Dar nosso desejo a um objeto identificado é mais ou menos como um tiro no pé. Os animais (exceto esses.. cachorros...) não têm os problemas da gente porque eles não ficam dizendo: "amo papai-mamãe-irmão, que são pessoas assim e assado, que gostam que eu faça coisas assim e assado, e portanto é ASSIM que vou me produzir". A heteroprodução identificada acaba, nos bichinhos, logo-logo, o que os livra de cair na miséria de se autoproduzir em função de um objeto integrado e fixado-identificado.

    Apaixonar-se é adentrar no mecanismo sabotador do desejo do capital. Infelizmente é. Por isso que essa é, obviamente, uma das maiores (talvez a maior) tarefas de vida da classe média. Consumir família normativa. Constituir família normatizada/ normativa. E que norma é essa?

    "Art. 1: Faça seu desejo caber num objeto definível e consumível, porém falso o suficiente pra manter a engrenagem girando infinitamente no 'em busca de (....)'."

    Mas isso tudo na verdade já foi dito!
    Eu só estou dizendo de novo pra me defender, é claro, porque o gatinho me apaixonou. Eles me apaixonam e eu ajo com paixão e eu não quero compaixão.

    Então... temos que ser propositivas.
    Se nosso desejo foi captado através de Édipo, que é uma hipótese que a galera da psicanálise aceita (de certa forma), o fim disso deve vir do fim de Édipo. Isso implica um pouco em vivências que fujam dos fantasmas familiares... que fujam dessa forma de organizar o desejo.
    Eu penso, às vezes, em pesquisar cosmovisões. Pesquisar experiências de subjetividade que excedam esse nosso lixo neurótico. Talvez dê pra encontrar alguma coisa...

   Algumas coisas que também não sejam 'isso que falta'.

   Não muito pra hoje.
   Abraços da Lilá.

2 comentários:

  1. Oi, Lilá.

    Tenho uma pergunta.

    Como podemos desorganizar os desejos?

    Carinho.

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  2. Heh; então é como se EUZINHA soubesse?
    Vamos lá, queridx anônimx, resgate o que você sabe.

    Hm... quando aparecer aquela pontinha de escolha entre lutar ou se jogar pra sempre num sentimento repetitivo e unitário, você puxa e segue o caminho aparentemente mais difícil.
    Tem algo de autocombate nessa missão, mesmo... tem algo de ser um terrorista da psicanálise Ser incomplacente com seu inconsciente. Ser incomplacente com as domesticações diárias. "Fight back".

    Mas a resposta é EU NÃO SEI.

    Leia O Anti-Edipo, que é o que estou tentando fazer, e depois me conte o que é que eles recomendam. Adianto algo do tipo:

    "Construa para si mesmo um corpo sem órgãos"
    "Adote a vida nômade".

    Se vocês quiser me ajudar, estou aceitando ajuda.
    Boa sorte pra nós! <3

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