À estranheza de sempre, à estranheza de existir,
Qual seja seu valor - tão mal a temos julgado,
Quero dar voz agora, voz na ágora,
Mas qual seja seu juízo - tão mal tem sido valorada,
Devo dizer...
À estranheza de existir, porém, é claro,
Não restaria existir se ganhasse etiqueta,
E bom valor, nesse mundo de valor-moeda,
Estranheza, ora, não vende não.
Dançar no deserto (com o Sol nascendo...?)
Sem ter nossas intensões roubadas,
Sim, isso envolve uma etiqueta que não nos cobre,
Uma embalagem na qual não se cabe,
Ou só o movimento rude e ineficiente à compra,
Pode ser... só...
O movimento de nossos quadris.
De meus ossos pontiagudos são os furos no papel filme
Que nos envolve para que sejamos vendidos a quilo
Uns para os outros por aburguesamento ou
Falta de identidade,
Ou por que não pertencemos mais
À classe proletária?
Tudo o que funciona ao mesmo tempo impede você de pensar,
Por isso mesmo esta estrofe é só um desabafo e risos
(Rsrs)
Dançar no deserto e acreditar nessa potência de existir
E nas poucas boas ferramentas
Ou nas ferramentas que são pincéis e tinta,
Para "criar com".
Nada de novo, enfim, além da coragem,
Olhar com alguma crença para o corpo envergado do trabalho cotidiano,
Olhar com alguma crítica para o corpo tampado para não funcionar,
Exercer função - nos eixos deve estar,
Dançando no deserto de novo,
Ainda exerce, exerce claramente,
E funcionamos desembalados justamente aí
Não exercendo, sobramos,
Comparados e descomprados,
Excedentes, defeituosos: ocupar! resistir! nas prateleiras
E brincar de amar por jamais deixá-las
Mas explodir, pois somos incendiários,
Caseiros e perigosos, enfim.
Abraços!
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