sábado, 27 de dezembro de 2014

   À estranheza de sempre, à estranheza de existir,
   Qual seja seu valor - tão mal a temos julgado,
   Quero dar voz agora, voz na ágora,
   Mas qual seja seu juízo - tão mal tem sido valorada,
   Devo dizer...

    À estranheza de existir, porém, é claro,
    Não restaria existir se ganhasse etiqueta,
    E bom valor, nesse mundo de valor-moeda,
    Estranheza, ora, não vende não.

    Dançar no deserto (com o Sol nascendo...?)
    Sem ter nossas intensões roubadas,
    Sim, isso envolve uma etiqueta que não nos cobre,
    Uma embalagem na qual não se cabe,
    Ou só o movimento rude e ineficiente à compra,
    Pode ser... só...
    O movimento de nossos quadris.

    De meus ossos pontiagudos são os furos no papel filme
    Que nos envolve para que sejamos vendidos a quilo
    Uns para os outros por aburguesamento ou
    Falta de identidade,
    Ou por que não pertencemos mais
    À classe proletária?

    Tudo o que funciona ao mesmo tempo impede você de pensar,
    Por isso mesmo esta estrofe é só um desabafo e risos
    (Rsrs)

    Dançar no deserto e acreditar nessa potência de existir
    E nas poucas boas ferramentas
    Ou nas ferramentas que são pincéis e tinta,
    Para "criar com".

    Nada de novo, enfim, além da coragem,
    Olhar com alguma crença para o corpo envergado do trabalho cotidiano,
    Olhar com alguma crítica para o corpo tampado para não funcionar,
    Exercer função - nos eixos deve estar,
    Dançando no deserto de novo,
    Ainda exerce, exerce claramente,

    E funcionamos desembalados justamente aí
    Não exercendo, sobramos,
    Comparados e descomprados,
    Excedentes, defeituosos: ocupar! resistir! nas prateleiras

    E brincar de amar por jamais deixá-las
    Mas explodir, pois somos incendiários,
    Caseiros e perigosos, enfim.

    Abraços!

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