domingo, 5 de janeiro de 2014

Brincando de Ser

    Amanheceu lá no morro e ele já não estava mais com a gente. Era só eu, a Lilá. É engraçado como, às vezes, ele não vem pela Lua, mas sim pela carne que a noite nos traz, pelos seres que, ao nosso redor, temos no escuro.
     Ele veio quando a Drugui apareceu, porque foi Romeu que o criou para aparecer nessas horas, para ser a potência dele... O próprio desejo, como uma fome. E ele me ajudou a ser gatinha, naquela noite, me ajudou a brilhar e me divertir, fez meu reinício valer a pena e honrou nossa marca.

     De qualquer forma, acho que posso dizer que agora estou mais livre. Isso depois de algumas conversas e uns carinhos com a Koshka: agora ela me puxa pra realidade, não me empurra pro pesadelo da minha própria angústia. Agora ela me resgata do lugar chatão que é a minha cabeça e do poço de dor que é o meu coraçãozinho de gata. Será que agora eu posso amar ela por me libertar?
      Não, não posso. Isso seria apenas repetir o erro do Romeu e colocar (de novo) sobre a Koshka uma responsabilidade que ela não deve carregar.
        Eu mesma me liberto, assim como eu mesma me faço, me construo.
        Essa é a brincadeira.
        O que acontece é que prefiro brincar com meus gatinhos do que sozinha.

     É tempo de ficar mais forte, de ficar mais esperta e de ficar mais louca. Quero usar minhas férias pra isso. O belo é que os meus amiguinhos vão me ajudar a fazer isso. Acho que vamos indo nessa direção.

     Abraçocas.
     Lilá.

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