quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Big-Bang

    Todas as coisas são destruídas neste momento específico em que a explosão redistribui mil potências de micro-revoluções aburguesadas e do anarquismo enquanto estilo de vida (amo essas coisas) que vocês já podem começar a criticar e posicionar numas estruturas analisantes.
    Amiguinhos.
     Todas as partículas que pertenciam a não muitos objetos bem definidos ao meu redor se transformam num pó que em breve poderá ser qualquer coisa: este é o big-bang que não existe no mundo das classes e portanto não existe. Talvez as classes tenham também explodido.

     É uma nova existência que se cria a partir de agora, porque nada daquilo poderia ser concebido na existência antiga: nem a conversa, nem tudo isso que devia permanecer não-dito mas eu NÃO DEIXO MAIS PERMANECER:
    Digo do afastamento;
    Digo da energia que investi e desperdicei, ingênua, cega e com coágulos de sangue no meu coraçãozinho de gata, coágulos do meu desejo - a reprodução do sempre-voltar, o beijo que sempre vai ao mesmo lugar e não molha mais as bochechas que quis molhar.
    O desejo que maltrata as bochechas que quis molhar.
    O desejo que arranha as bochechas que quis molhar.
    O desejo que arranca as bochechas que quis molhar.
    Às bochechas que quis molhar, que quis mulher: um pedido de desculpas pela cegueira, pelas estátuas de grandes bochechas que há muito não eram mais molhadas, pelas palavras que há muito não sabiam dizer sobre bochechas molhadas de beijo.
     A mim mesma, euzinha (porque eu acho que mereço, né gente?): pára de ser tão cega, Lilá, para de ser escrota com as bochechas queridas, para de procurar regularidades, para de pensar nas histórias que só tuzinha viu acontecer, só tu e os fantasmas que tu já matou. Deseja-produz, produz-deseja, mostra como tu pode sacudir o cabelo e ser poderosa!

    As novas brincadeiras estão chegando com as cartas de correio. Não respeitam fronteiras, não respeitam as marcas nem as dores das cidades-estados. As novas brincadeiras. Eu amo.

    Lilá.

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