domingo, 2 de fevereiro de 2014

Anti-amor, desejo.

    Desperto novamente porque preciso despertar e não aguento mais estar no forno - ser confundido com "Amor".

    "Amor" é uma fantasia religiosa, é o adestramento do meu desejo.
    "Amor" é um nome para algo que se resolve através de práticas místicas, de rituais.
    "Amor" são mil prescrições e duas mil proscrições.

    Eu, o Lobo, não sinto amor. Eu não amo ninguém.
    Eu não acho que uma tradição dá conta do meu acasalar.
    Não acho que uma palavra a que se apegam as instâncias mais conservadoras deste planeta deve dizer sobre o que eu sinto.
    NÃO, definitivamente eu NÃO SINTO AMOR.
   
    "Amor" é o que "Jesus" sente por "nós".
    Eu não sinto isso por ninguém. Não quero morrer por ninguém. Quero é viver. Quero viver pra sentir meu corpo encostar no de vocês. Quero viver pra sentir minhas unhas arrancando pedaços de pele dos meus oponentes. Quero viver pra ver o que há e não ver o que não há.
    "Amor" é o que Romeu sentiu por Julieta e Romeu fez que nem Jesus e morreu. Romeu quis morrer por Julieta e ESTÁ MORTO.

     "Amor" envolve submissões, envolve abaixar a cabeça (,os olhos e o pênis) e aceitar limites.
      Eu não sinto que devo me submeter para que os outros se submetam. Quero todos nós insubmissíveis: quero que lutemos por essa insubmissão e que da insubmissão surja o respeito instável, a dança inflamada que ilustra o pode-não-pode jamais fixo e sempre mutável.

    "Amor" envolve demarcações para permissões coletivas.
     Meu sentimento é sem permissão, é sem proibição. A proibição possível é a que flui da insubmissibilidade dos outros, de seu desejo. Não flui de minha submissão. Não coagula na proibição que todos aceitam. Não aceita ser crime, não aceita ser pecado, não aceita ser virtude.

     "Amor" não é o que eu sinto.
     O que eu sinto não aceita a palavra como jaula, não importa que palavra.
     Se eu disser "desejo", indico mas não encapsulo aquilo de "que" falo.
     Quando digo "anti-amor", desencapsulo o que havia na palavra, deixo que os ossos de Romeu nutram a terra enquanto moléculas, enquanto átomos: nem permito que nutram a história enquanto regras, nem permito que nutram meu sangue enquanto afetos.

    Viva o anti-amor,
    Viva o desejo!!!

     AAAAAAAAAAAAUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!
   

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