domingo, 23 de fevereiro de 2014

Sessenta textos, dois mortos, todos feridos.

    Depois de tanto tempo eu descobri que uma velha (e jovem) amiga ainda sabe abraçar.
    Eu sei que ela sabe porque ela me abraçou com o abraço que ainda sabe ser um só. Acho também que isso ainda cabe no desejo.
    E eu estive olhando pra umas velhas coisas que em absoluto eu quero destruir, incinerar, tornar pó. Coisas que eu quero que morram sem sepultura. Coisas que eu quero anônimas, nutrindo árvores e rizomas que ignoro.

    E eu encontrei umas coisinhas que eu quero... tipo assim, gente... guardar na minha carteirinha de pano <3
    Encontrei pequenos gestos de amor guardados em folhas de papel, dados por pessoas que não existem mais daquele jeito. Umas memórias escondidas, umas histórias que dizem coisas que eu quero ouvir. Devem ser contos de fadas que o lobinho vai querer que eu queime, também, mas... por enquanto são historinhas felizes.

   Aquela pessoa que hoje me olhou com um certo desprezo, ou... será que era medo, ou angústia?
   Bom. "Eu te amo" - escrito num pedacinho de papel e assinado.
   Aquela pessoa que hoje é recatada, é embonecada demais pra velha Lilá, "monstrinha", "esquisita", "feiosinha".
    Uma cartinha em papel rosa, do tempo em que éramos crianças amigas... cartinha do tempo do brincar de sexo. Como fomos homossexuais... Uma cartinha do tempo em que essa pessoa tinha a fera mais solta do que o meu lobinho. Da época que eu conheci o lobo.

    Essas pessoas todas encontraram suas práticas de sempre, se encheram de preguinhos. Fico feliz por continuar sendo a Arteira Lilá, sempre imprevisível, sempre nova. Fico feliz por não saber quem eu sou quando olho no espelho, por não me sentir sendo "eu mesma" simplesmente porque me produzo o tempo todo... ou por me sentir "eu mesma" quando a velha amiga disse "seja você mesma". Eu fui eu mesma e "eu mesma" morri dali a dez segundos. "Dez minutos é o máximo que se pode esperar da perfeição"... acho que foi isso que o Tyler disse. Eu digo dez segundos. Dez segundos depois, "eu mesma" já era uma repetição, e as palavras "eu" e "mesma" não cabiam mais na minha organização molecular.

    Mas as pessoas sabem abraçar daquele jeito que não tem vergonha.
    As pessoas sabem abraçar sem medo de talvez desejar.
    Sabem abraçar sem medo de sexo.
    Abraçam sem medo de beijo.
    Sem medo beijam.
    Lambem.

    <3 Lilá. <3

4 comentários:

  1. Aí descobri que o Tyler disse um minuto.
    Duas opções:
    - Escolho a essência do Tyler e digo que pra mim, apenas um segundo é o que se pode esperar da perfeição;
    - Escolho a essência da Lilá e digo que pra mim é pra mim e foda-se o que realmente o Tyler disse.

    Não escolho. :p

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  2. Escolheu não escolher.

    Bah só agora descobri que o Romeu morreu. Putz, eu gostava dele.

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  3. Aaaaai. Agora estou curiosa pra saber quem é!

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  4. "Mas as pessoas sabem abraçar daquele jeito que não tem vergonha.
    As pessoas sabem abraçar sem medo de talvez desejar.
    Sabem abraçar sem medo de sexo.
    Abraçam sem medo de beijo.
    Sem medo beijam.
    Lambem". <3

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