segunda-feira, 3 de março de 2014

O velho plusteen está manchado de esquizofrenia.

   A noite sempre acolhe quem acolhe a noite. Isso é mentira.

   A noite acolhe o Lobo porque pra ele a noite é o escuro, a Lua Cheia e as estrelas.
   A noite não acolhe os neuróticos menos (e, sob outro olhar, mais) perfeitos. Não acolhe se a gente é recatada demais pra correr o risco de ser desagradável. A noite cristã não acolhe os esquizofrênicos: rasgamos nossas certidões de "boa pessoa"... Não há como prever.

   A gente acha que tudo está errado com esse ontos-ilógico. Mas sabemos, bem lá no fundo, que na verdade é nossa ontologia que está errada.

     A noite dos lobos acolhe os esquizofrênicos: eu dancei, dancei, e fui inaceitável para uma porção de pessoas mais higiênicas, mais orgulhosas, mais normais. Elas estavam lá no fundo enquanto eu dançava e então eu era parte do espetáculo: Lilá dançando e socando o ar, Lilá pulando, suando, ressoando.
 
    "Há algo de errado."

    Eu não queria que todos pulassem, gritassem, viajassem que nem eu. Eu era sem dúvida uma produção que funcionava em conjunto com aqueles instrumentos, com aqueles alto-falantes, que dava certo porque eu era alucinada e ativa, mas não era como uma prescrição: façam o que a moça-Lilá faz. Eu era arte e qualquer reprodução seria um plágio.

    Também descobri que há um pouco de paranoia na nossa culpa.

     Estão nos olhando o tempo todo.
    Sabem o que fizemos, sabem como, sabem por quê.
    Nós somos os responsáveis pelo mundo todo.
    Carregamos o mundo todo.

     "Muito prazer, meu nome é Jesus Cristo".
     E isso não chamamos de esquizofrenia...

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