quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O RomEU e suas vicissitudes.

   Estudar, há alguns anos, é uma atividade tensa, algo melancólica. É, sobretudo, se estudar, produzir mim mesmo e projeto (atividades que posso, de fato, a partir de uma referência recente, chamar de melancólicas).

   Atribuímos ao Romeu todas as problemáticas. Pelo nome que lhe demos, carregou ele a culpa pelas ilusões a que se sujeita - ou, por correção, as condições que individualizam - todo o sócius. Há em mim esse desamparo freudiano? Se nossa referência associa essa noção à maturação, numa certa redução da ontogênese humana a um padrão monolítico, talvez eu me sinta mais seguro de pensar num desamparo que é saúde - como pensava, vejam só, o Romeu, junto com o Besta e o Farina.

   De fato, era o que procurávamos: o desamparo "freudiano" --- que para nós era reichiano. Tendo posicionado como neurose tudo aquilo que nos impedia de realizar nossos projetos (ideais), transformávamos o cuidado a nós oferecido em questionamentos do preço desse cuidado. Fizemos tudo isso, é preciso logo dizer, com inúmeras ingenuidades. Imagino algumas: um pouco, não percebíamos o pathos de nossos ideais, de nosso método, de nossa doutrina. Outro pouco, só generalizávamos nossa revolução às categorias mais convenientes (mantendo, não sem alguma hipocrisia, nossa dependência do cuidado parental em pontos muito importantes, como, por exemplo, o econômico).

   Dois poucos. Primeiro (e entretanto referente ao segundo pouco) porque, na verdade, tenho bastante certeza de que fizemos algo incrível, no sentido mesmo de inacreditável, pouco provável --- o que, quando se vive uma vida muito atravessada por marcadores de hegemonia, deve ser muito valorizado. E segundo, porque quanto ao pathos de nossos ideais, tenho a impressão de que os mesmos eram tão polivalentes, enquanto aglomerados de teorias e afetações de todos os lados, tão voltados ao tempo presente e à praxis, que não me sinto, pelo menos neste ponto de minha discussão, apto a igualá-los às formas de utopia hegemônicas. O que quer que tenhamos feito, fizemos com conceitos que foram, antes de tudo, máquinas de guerra, fizemos com uma coragem esquisita e que tenho dificuldades de precisar.

    Um terceiro pathos: eu e o Farina fomos, em demasia, subordinados ao Besta - que de fato pretendia ser nosso mestre. E, na medida em que fomos percebendo tal coisa, nossa aliança tornou-se, por isso e por outras coisas, insustentável. E retornei à cidade de Pallet.

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